Planalto Verde

-Fico-lhe muito agradecida pela compreensão e pelo esforço que está a fazer em nos ajudar.

Despeço-me e saio.

" Robot durante o dia, vegetal durante a noite"

O Primogénito Alpha sorri lá do canto e o guia prontamente sai da sala ficando à vossa espera depois do corredor. A verdade é que nestas galerias, quase sempre escavadas no calcário mole do planalto, nem sempre se usava uma porta para confinar um espaço. E este era o caso da sala do Primogénito que se separava da sala seguinte por um longo túnel e nenhuma porta. Claro que seria de esperar que nas laterais do túnel existissem outras salas mas, certamente, não estariam ao vosso alcance durante esta visita.

O guia esperava-vos ao fundo do túnel e, mal vocês se aproximam, começa de novo a subir a espiral de corredores que passava pelos jardins. Pouco ou nada disse durante o caminho, ainda que sempre tentasse dar um ar de simpatia. Os poucos monossílabos que lançou ao ar serviam pura e exclusivamente para se certificar que o continuavam a seguir.

Curiosamente, cruzam-se com Sebastião e Tull que conversavam num dos túneis — ainda que Tull parecesse algo estranho, como se tivesse cortado a conversa que estava a ter com Sebastião ao meio... Não conseguiram deslindar nada da conversa, se bem que Tull não conseguia esconder a tensão na sua voz:

"Bons olhos os vejam!"

E, uma vez que ficavam para trás o guia pára numa intersecção e solta outro monossílabo na vossa direcção para que o seguissem. Só que, para vosso espanto, alguém lhe aplica um golpe seco que logo o coloca inconsciente. Acto contínuo, por detrás da esquina surge um jovem empunhando um bastão, dizendo:

"Depressa, não é seguro ficarem aqui!" — e, voltando-se para Sebastião: "Teão, não é? Foi a Cayla que me enviou aqui!"

Apesar da estupefacção de Sebastião, Tull já vos impelia a seguirem o jovem:

"Depressa, vamos!"

-Calma lá! Até agora fomos bem recebidos, que história é essa? Eu não vou meter-me em sarilhos extras por um desconhecido!

" Robot durante o dia, vegetal durante a noite"

- "Tull, quem é este? O que se passa? Quanto tempo acham que duramos a fugir por aí com este tipo deitado aqui no meio do corredor?"

[Passo a relatar o que tinha planeado como continuação deste thread.]

No seguimento do encontro entre Dodoni e Katsuhiro com Tull e Sebastião há mais uma pessoa que se lhes junta: Abraão, depois de neutralizar o guia que levava os visitantes até à 4ª Primogenitura. Ao que parece, segundo Abraão, tudo isso não passava de uma forma de os atrasar enquanto o Primogénito Alpha decidia o que fazer com eles. Por outro lado, Cayla sabia onde podiam encontrar a informação de que precisavam: na cordilheira do Alto Crescente.

Obrigados a sair à pressa do Planalto Verde rapidamente atingem as primeiras colinas do Alto Crescente, altura em que reparam que estão a ser seguidos. Tull decide ficar para trás por forma a atrasar o avanço dos perseguidores, mas não sem antes terminar o que estava a tentar contar a Sebastião aquando da interrupção: a Cayla com quem Sebastião tinha falado não era a Cayla que ele conhecia. A verdadeira Cayla vivia na clandestinidade, protegida por um amigo da 7ª Primogenitura (cujo elemento era o Ar), que a deixava esconder no seu próprio corpo para que os seus inimigos a continuem a julgar morta — depois da tentativa fracassada que levaram a cabo antes da troca de identidades.

Tull despede-se, talvez pela última vez...

O resto do grupo avança então colina acima, o que a muito ajuda a experiência de Katsuhiro. O mapa que Cayla tinha dado a Abraão só os ajudava a chegar até meio do caminho. Agora, o grupo tinha que esperar por ser encontrado — segundo Cayla. E, com efeito, pouco tempo depois de chegarem ao primeiro cume são interceptados por uma matilha de deino-cães com ar de poucos amigos. Depois do primeiro susto, são surpreendidos por um som estridente saído, percebem depois, dos lábios de um velhote que se aproxima sem darem por ele. Ao que parece, chamava-se àquilo "assobiar" e só o velhote ainda se lembrava de quando isso não tinha sido proibido pelo Priorado, por razões que tinham que ver com a decência e o pudor.

Em conversa com o velhote, que aparentava não ter mais de cinquenta anos, tratava-se, nada mais nada menos, do que O primeiro Alpha. Tal, a ser verdade, dava-lhe um mínimo de cem anos de idade. Mas, quando questionado acerca da sua condição, ele apenas sorria, dizendo que O Primeiro Pai lhe tinha mostrado o caminho.

Depois da surpresa inicial, Dodoni apressa-se a colocar-lhe a questão que a trazia ao lado de cá do Alto Crescente ao que, sem demorar muito tempo, o velhote traduz como significando simplesmente as letras S e O. Conta ele que seriam as iniciais de uma expressão pré-Arca que queriria dizer Save Our Souls. No fundo, uma sigla universalmente conhecida como um pedido de ajuda.

O velhote ainda vos oferece um chá antes de seguirem caminho, pedindo-vos apenas sigilo acerca da sua presença ali — no fundo, tanto o Priorado como algumas figuras do Planalto Verde não gostariam nada de o saber ainda vivo.

Feitas as despedidas, encontravam-se já a descer a colina quando são emboscados pelos perseguidores sobreviventes que, logo no ataque surpresa, colocam Dodoni inconsciente. Sebastião, Katsuhiro e Abraão gastam as forças iniciais contra o que parecem ser um grupo de 5 neófitos. Só depois se vem a confirmar estarem a lutar contra ilusões conjuradas por faux-Cayla, escondida por detrás de uma rocha. Esta encontrava-se visivelmente magoada como resultado do seu combate com Tull e, como última jogada, ainda tenta apelar a Sebastião para que a ajude. Mas ele consegue ver através dela e termina ali as suas intenções. Eis que, derrotada, volta à sua forma natural — um homem careca de barba ruiva — e, atirando-se sobre Sebastião(que se desvia à última da hora), cai precipício abaixo.

[Continua...]

Continuando colina abaixo logo encontram Tull, rodeado pelo resto dos perseguidores, todos caídos pelo chão. Tull encontrava-se inconsciente mas talvez sobrevivesse caso recebesse ajuda dentro de pouco tempo. No entanto, não tinham como o transportar até ao Planalto Verde em segurança. Mas eis que são surpreendidos por uma rabanada de vento e, no seu seio, materializa-se um Filho de ar sereno e cabelo grisalho, ainda que aparentasse ser bastante novo. Acto contínuo, como se ocupasse o mesmo espaço que ele, dando um passo em frente surge Cayla de dentro do seu corpo que, pedindo a ajuda de Sebastião, consegue colocar Tull de pé por forma a ser "absorvido" pelo Filho de cabelo grisalho que, sem grandes palavras, de novo se converteu num remoinho de vento a caminho do Planalto Verde.

Aí Cayla, a verdadeira Cayla, volta-se primeiro para Sebastião (chamando-o por Teão) e depois para os restantes, agradecendo-lhes por este grande sucesso. Depois, caso Teão e Abraão a queiram ajudar, voltará ao Planalto para desmascarar os seus inimigos e restaurar a confiança nos Primogénitos. E, por fim, despede-se dos visitantes e, com os seus dois aliados de confiança, regressa ao Planalto Verde para lutarem juntos pelo que acreditam.

Dodoni e Katsuhiro separam-se do resto do grupo, caminhando pelo sopé até às minas de sal. Atravessam a montanha pelo elevador interior e, já do outro lado, reencontram a Dr.ª Vanessa, para seu espanto. Contrariando o planeado, a Dr.ª Vanessa tinha permanecido nas minas para acompanhar de perto o desenvolvimento de alguns estudantes que, no regresso das minas de sal, haviam sofrido um ataque violento levado a cabo por um bando de mutantes horrendos.

[Continua aqui.]