Pois uns fazem resumos das suas aventuras "hobísticas" (não existia o termo, passa a existir), outros um balanço dos jogos que mais lhes agradaram ou apenas um resumo listado e opinante daquilo que jogaram.
Eu vou fazer algo diferente!
Sentado no meu Viper e olhando o infinito da escuridão inter-estelar, enquanto me dirijo ao encontro do desconhecido, olho pelo retrovisor e mergulho em memórias que não se vão apagar de forma alguma.
Por mais experiências que tenha passado no ano que passou, e por mais variadas que estas tenham sido, não se comparam à parafernália de emoções, discussões, triunfos e derrotas, proporcionadas pela epopeia chamada: "Battlestar Galactica".
Para uns não se trata de um jogo, para outros o Jogo do Ano. Para mim foi a experência lúdica, social e cultural do ano.
A grande vantagem do BSG é poder ter 6 ou 7 participantes e acima de tudo ser um jogo de confianças e atitudes, mais meta-jogo do que jogo.
As pessoas menos extrovertidas terão alguma dificuldade em participar e aqueles que levam as coisas mais seriamente serão altamente penalizadas, pois podem encontrar alguém suficientemente sádico para fazer de tudo para os irritar e desconcentrar.
Pessoalmente, quando participo numa aventura de BSG, sou sádico, assumo, mas sou o mais humano possível dentro do jogo.
Curiosamente este jogo foi controverso desde o 1º dia que parou numa mesa no grupo do Porto, para depois ser um dos preferidos. A bem dizer foi o jogo que mais novatos recrutou e mantém um fiel grupo de seguidores.
O que mais me fascina é o potencial intemporal das aventuras, pois estas não terminam ou pausam nos intervalos para um cigarrito. Muitas vezes o efeito perdura de uma aventura para outra ou mesmo para os jogos seguintes.
Alguns desses momentos intemporais são a primeira experiência do Dugy, as ídas prematuras para a Brig do Baltar, o Baltar passar um jogo inteiro na Brig, desde o 1º turno, as execuções dramáticas do Mike através de Air lock e o famigerado jogo que durou 40 minutos (incluindo montagem, jogar e guardar o jogo).
Definitivamente o Battlestar Galactica foi o jogo que mais tempo me levou a estar sentado à volta da mesa com os amigos em 2009 e também o que mais gozo me deu.
Outro jogo que me levou a muitas jogatanas foi o Dominion. Este na sua versão on-line no BrettSpielWelt. Se quisésse jogar ao vivo tantas vezes como on-line, levaria alguns anos e não conheceria outros jogos. Talvez já o tenha jogado mais de 5.000 vezes (o que até nem é barbaro no BSW), mas comparando com a viabilidade de jogar ao vivo, é uma barbaridade.
Não é jogo que conste da minha coleccção, nem irá constar por não gostar do tempo que demora nem pela necessidade do constante baralhar, mas é um dos meus preferidos para jogar no BSW.
Uma vantagem de o jogar on-line, é que o posso fazer com os mais improváveis dos adversários, como o Pombeiro, Daciano, Dugy e tantos outros que nem conheço e são de terras mais bem distantes.
2009 não foi um ano de abundância de jogos interessantes (no que me toca), mas foi um ano com meia dúzia de coisas boas.
Foi o ano em que joguei Roads & Boats, Tales of the Arabian Nights, Brass, Steam, o protótipo do Vital - Vinícola, Vasco da Gama e Hansa Teotónica, todos eles me fascinam numa medida ou outra.
Não falo das coisas menos boas pois essas, tal como as ervilhas, arrumam-se para um canto.
Assim sendo, e malograda a escassez, 2009 foi um ano agradável, quer pelas jogatanas, quer pelas novas amizades e novos parceiros de jogatana, como também pelos encontros a que fui. Infelizmente no que toca aos encontros, não deu para ir a todos, mas aqueles a que fui valeram a pena, e desses destaco Bragança, não pela afluência, mas pelo empenho da organização e pela hospitalidade.
Agora que se vislumbram silhuetas no horizonte escuro, deixo o retrovisor do meu Viper e concentro-me nos novos desafios que se avizinham, mas sempre sentado no meu Viper.
O destino, esse quem sabe se o alcançamos, mas continuarei a tentar uma e outra vez enquanto existirem resistentes com quem contar.
"So say we all"