2011 em revista - Agosto

40 partidas, 27 jogos diferentes, 11 novidades

Agosto foi um mês muito especial.
Por um lado pela realização da RuralCon, o encontro Ludo-Gastronómico de Bragança, on de mais uma vez tive o prazer de estar presente e ser extremamente bem recebido.
Por outro lado foi neste mês que acabei por pôr no papel e efectivamente fazer alguns playetests de um protótipo de jogo.
Não é nada extraordinário mas foi a primeira de várias ideias que tenho tido ao longo dos anos que acabou por chegar a uma forma minimamente apelável de jogo.

Foi mais um mês profícuo em novidades, algumas das quais resultantes de compras recentes, outras de finalmente experimentar jogos que já se tornaram clássicos do hobby mas que por uma razão ou outra não tinha ainda experimentado.
Vejamos:

Tricoda - Um jogo de dedução interessante que andava há algum tempo a ver ser jogado. Resulta bem e é rapidinho mesmo quando se fazem algumas confusões com as regras, como foi o caso nas primeiras partidas que joguei.

18AL - Mais um clássico a que demorei a chegar. Não é um jogo para que tipicamente me sinta inclinado mas tendo a oportunidade de o experimentar, não hesitei. Na RuralCon pude demonstrar a minha inata incapacidade para lidar bem com mercados especulativos de tal forma que acabei por ganhar o jogo. Curiosamente, ganhei optando por tentar ser o mais nocivo para as empresas que me via a controlar, raramente lhes dando retorno sobre as suas actividades e optando por distribuir esse retorno pelos accionistas, especialmente se calhava ser maioritário. Logo depois, vender e desvalorizar as acções da empresa. Isto foi de tal modo ruinoso que acabou por trazer um final abrupto ao jogo... Ainda dizem que a crise é difícil de explicar!

Piece o' Cake - Um filler curioso em que se vão dividindo bolos e recolhendo fatias... Tem um aspecto delicioso e deu-me alguma forma, apesar das opíparas refeições que tinha feito durante o dia.

Legend of the Five Rings, War of Honor - Este jogo é uma espécie de híbrido entre o jogo de cartas coleccionáveis e o jogo de tabuleiro autónomo. A minha experiência foi algo difícil pois o jogo será claramente mais interessante para aqueles que já conheçam o universo do jogo de cartas. Talvez acabe por ser um pouco longo demais para mim.

Trench - Ainda que tivesse tomado conhecimento deste jogo na RiaCon, foi aqui na RuralCon que consegui, efectivamente, jogar uma partida completa. Este título será certamente mais apelativo a quem goste de Xadrez e procure algo semelhante mas ainda assim original e com uma expectativa de duração um pouco mais curta.

JAB: Realtime Boxing - Eu gosto de boxe e sempre achei que fazia falta ao universo dos jogos de tabuleiro algum que se pudesse aproximar de uma espécie de simulação do combate. Este JAB: Realtime Boxing apostou numa mecânica de alto risco, a do jogo em tempo real ou jogo simultâneo entre os jogadores, mas creio que a aposta foi ganha. Jogar em tempo real enquanto se presta atenção a várias coisas ao mesmo tempo, ataque, defesa, combinações, oportunidades de contra-golpes, etc. acaba por, digo eu que nunca fiz um combate de boxe a sério, simular um pouco a potencial sobrecarga de estímulos que um pugilista deverá sentir. Pelo menos numa coisa está realista, sendo esse também o seu maior problema, um jogador experiente, com melhor conhecimento do jogo e maior à vontade com o ter de controlar os vários aspectos do jogo está em clara vantagem, tal como um pugilista experiente estará em vantagem sobre um rookie recém-chegado aos ringues. Eu gosto e aconselho que dêem uma oportunidade a este jogo, preferencialmente com alguém que o (des)conheça tanto quanto vós.

Mahjong - Mais um clássico, este mesmo antigo, que consegui experimentar. É um jogo interessante de combinações. Não joguei com mais que as regras base e as combinações mais simples mas, mesmo assim, foi interessante ver como é.

Hanabi & Ikebana - São dois jogos, na realidade. Um cooperativo e um competitivo. Gosto de ambos. O competitivo terá, talvez, um peso grande demais da sorte. O cooperativo resulta mas tem que ser jogado com o espírito correcto e exige grande controlo por parte dos jogadores para resistirem à tentação de "fazer batota"... ainda que provavelmente não ganhem a máxima pontuação, mesmo dando pistas um pouco mais explícitas do que deveriam.

Ascending Empires - Um dos jogos mais inovadores que joguei em 2011. Aliar a mecânica baseada na destreza a um jogo de exploração espacial, progressão tecnológica e um pouco de combate foi um momento de inspiração brilhante. O jogo resulta muito bem e tem a duração ideal para não deixar que se torne maçador. Uma excelente estreia.

The Boss - Este pequeno jogo é realmente uma surpresa. É essencialmente um jogo de controlo de área mas que, além de resultar bem a dois, inclui um certo aspecto de bluff. Depois de ter visto uma crítica em vídeo no BGG, fiquei com bastante curiosidade e agora não me arrependo nada de o ter comprado.

Manobras de Dados - Esta foi a ideia que tive, repentinamente, uma manhã durante aquele período morrinhento entre o acordar e o sair da cama. A morrinha passou bem depressa quando a ideia me apareceu, vinda não sei de onde, quase como o jogo completo. Ao contrário do que já aconteceu algumas outras vezes, desta tomei logo nota dos princípios básicos e depois fui-os trabalhando nas horas seguintes. Pouco tempo depois estava a escrever um primeiro ensaio de regras e a fazer alguns testes a solo. Acabei por achar que realmente tinha ali uma base suficiente para submeter no BGG e é assim que agora o meu avatar tem por cima uma pomposa barrinha a dizer "Game Designer". Não me sinto, efectivamente, um designer mas confesso que me dá alguma satisfação ter algo a que se pode chamar um jogo criado por mim. No fundo é quase só uma mecânica de usar mais faces de um dado que aquela que fica para cima depois de o rolar. Enfim, o meu modesto contributo... Se ficaram curiosos, podem ver a página do jogo aqui:

https://boardgamegeek.com/boardgame/104385/manobras-de-dados

Na secção de ficheiros estão as regras e um pequeno tabuleiro que podem imprimir. Além disso só precisam de 16 dados.
Se vos não parecer uma seca e o experimentarem, agradeço qualquer tipo de informação.

E pronto, Agosto foi assim.

Setembro estará aí em breve...

O 18AL não é um "clássico". Isso é o 1830, por exemplo. :)

Sim, é praí o Keltis dos 18xx. Com tudo o que isso implica.