A MENSAGEM QUE SE SEGUE É INAPROPRIADA PARA TODAS AS AUDIÊNCIAS DEVIDO A ELEVADOS TEORES DE SARCASMO.
Tenho a certeza que isto já vos aconteceu, meus queriduchos, andarem a salivar por uma sessão de roleplay com o "Mestre Dos Mestres", sabem, aquele GM que toda a gente elogia e fala e diz que ele é um génio. Os outros GMs reverenciam-no e falam dele em murmurios sussurados estilo velhas beatas na igreja a comentar o penteado pindérico da Dona Clotilde. Os jogadores tecem elogios e falam de como ele é TÃO espetacular e fixe e tem ideias bestiais -- elogiam tanto que só falta dizerem que gostavam de ficar prenhes do bendito homem e de fazer de incubadora do semen do homem durante nove meses só para que o mundo pudesse disfrutar de mais criaturas divinas como ele.
Sabem, aquele gajo que é tão maravilhoso mas tão maravilhoso que até inimigos fidagais concordam que ele é bestial. Imagine-se que o homem deve ser o filho de deus, ou se não filho, pelo menos enteado favorito.
Portanto, por milagre ou cunha conseguem permissão para jogar no jogo dele, para alaparem o vosso rabinho á mesma mesa que a encarnação do deus Gygax. Passam horas a preparar a personagem, para que cada detalhe esteja perfeito, os nervos de primeiro dia de escola nova a voltarem, aquela necessidade imperativa de fazerem boa figura em frente ao icone vivo de GMdade.
E o jogo começa.
Vem a primeira sessão. E a segunda. E a terceira. E lá pelo meio começa uma vozinha interior a falar-vos: "Oh pá, tu deves ser uma granda besta." "Realmente, deves ser um toni de todo o tamanho. Afinal tás a jogar no jogo do DEUS e estás a apanhar mais seca que daquela vez que deixaste a noob mestrar Vampire e ela meteu dois lobisomens a darem uma fodinha rápida dentro da piscina do teu PC... só porque sim."
Sim, porque só uma BESTA do calibre da Lili Caneças conseguia sentar-se à mesa do "Grande GM" e pensar que preferia estar numa sessão no dentista (que é meu tio, cheio de massa, e geralmente sempre que lá lhe caio no consultório, em vez de ser eu a pagar a consulta, é ele que me dá uma notita para os meus "alfinetes").
Porque o plot parece coisa colada às três pancadas e resume-se em 4 linhas de texto. Porque a história se centra TODA à volta de uma PC (amiguinha pessoal e graxista do deus) e o resto dos pobres PCs só lá estão para ver a banda passar. Aliás, minto... o resto dos PCs estão lá para servir de amas para defender a PC ou para serem alvos e distribuir porrada enquanto a menina está doente por ter sido envenenada.
Porque tirando as cenas de porrada (e as cenas de romance que se desenvolveram entre dois PCs sidekicks por necessidade imperativa: ou seja, ou faziam aquilo ou os jogadores caiam em coma) os outros jogadores todos não estavam ali a fazer nada.
Porque quando um jogador faltava e o GM fazia-lhe o PC como NPC, o PC fazia exactamente o mesmo que se o jogador estivesse ali - ou seja, ser um espantalho para servir de "defesas" para a Miss Protagonista.
Porque quando a primeira série acaba e a segunda começa, a Miss Protagonista faz uma nova PC, desta feita uma feiticeira\cortesã, que é nobre e superior em importância a todos os outros PCs. E pode fazer a personagem com MUITO mais pontos que qualquer personagem inicial (porque os outros tb levaram XPs) mas em resultado enquanto que a minha PC continua no mesmo nivel (n é que me queixe, ela dá porrada) e a dela começa 1 nivel acima da minha.
E porque está-se mesmo a ver que a história vai ser sobre magia e coisas do outro mundo e os PCs não Miss Protagonista são TODOS guerreiros e vão ficar ali á espera que caia uma ameaça fisica do céu para eles se entreterem.
E PORQUE DURANTE UMA SESSÃO DE 7 HORAS O RESUMO (ALARGADO) DO QUE ACONTECEU FOI:
- Um esteve a dormir; Outra estar sentada a uma mesa esperando que a senhora "Super Feiticeira Cortesã" se decidisse ir dormir também; Outro estava a tentar meter conversa com uma sentada a uma mesa e a querer ir dormir; E a SFC (super feiticeira cortesã) a falar com NPCs, a fazer conversa de chacha (contra isso nada, mas dentro da medida, n?)
- Vão dormir.
- Acordam.
- Entram num barco.
- Um rapaz pesca uma coisa esquisita do mar que o capitão manda atirar de volta, e que ficamos sem saber se era plot twist, preview, foreshadowing, excertos do proximos capitulos, ou só tentativa do GM ganhar tempo ou encher chouriças.
- Vem uma tempestade.
- A SFC acalma a tempestade.
- Toda a gente faz lançamentos para não ser atirada borda fora.
- A SFC desmaia com o esforço.
Ora, como diria o sacana do meu irmão: "Maluco posso ser, mas pregos não como". Não, desculpem, o que eu queria dizer era: "Mas que MERDA vem a ser esta, PORRA?"
7 HORAS perdidas da minha VIDA! Porque me fio na fama de um gajo. Já joguei para cima de 20 sessões, sempre com esperanças, sempre a pensar que o mal era meu, que era uma obtusa e que a fina arte do Deus GM era desperdiçada em mim.
Depois o nosso querido Aramoro juntou-se à festa (inteligente trocadilho com "Party", vá, riam-se).
E chegou à mesma conclusão que eu.
Sabem o que vos digo? Pregos não como, mas maluca devo ser porque continuo a jogar com o GM mais secante que já vi.
Alguém chame o 112, 115, tinóni ou que raio queiram chamar, porque estou a sentir uns arranques e acho que ou vou começar a vomitar ou a morder em toda a gente.