A Amiga da Onça - Especial: Let's Go To The Mobes

DISCLAIMER: A Amiga da Onça continua tão chata e nojenta como de costume. Não vou fazer um particular esforço para me sair linguagem da pesada à moda do Porto, mas se sair enquanto escrevo, não esperem que peça desculpa por tal. Politicamente Correctos, abstenham-se. Ou abespinhem-se. Ou ambos, quero lá saber. A propósito, vou falar de um filme aqui, por isso spoilers abundam. Não se queixem depois como daqueles pessoas que à saída do Sexto Sentido comentavam em voz alta "Mas afinal quem diria que o personagem do Bruce Willis afinal estava morto?" quando vocês estavam prestes a entrar.

 

Ora bem, meus peruzinhos de Natal, aposto que estavam mesmo à espera de não ouvir falar de mim até para o ano que vem. Pois temos muita pena (ou não) mas a vossa amiga Amiga da Onça está de volta. Bom, não propriamente, que eu aqui não sou amiga de ninguém a não ser da Onça, que é uma grande curtidona.

Mas passemos a assunto de mais interesse, nomeadamente, o que me fez voltar a aparecer. Todos sabemos que esta época, mais que ser a época das filhoses, postais aos amigos, 13º mês e compras, é também a época dos filmes. Limpo uma lagrimita de saudade ao pensar no muy querido Senhor dos Anais--- digo Aneis, e como animou a época de Natal durante três anos. Mais que isso, conseguiu converter algo tão "geekish" e underground como fantasia em algo amado pelas massas. Nem Star Wars conseguiu isto (nem que seja porque a bicha loira do Senhor dos Aneis era bem mais jeitosa que a bicha loira Jedi).

Ora bem, falando de massas (sem ser as para comer, porra) e fantasia, temos aqui o novo hype, considerado o "filme" do ano e saido no Natal: Eragon. Ora bem, perguntemo-nos o que levou esta novela de dragões levar apenas uns anitos a ser adaptada enquanto Senhor dos Aneis levou várias dezenas? Primeiro, Senhor dos Aneis criou uma moda de batalhas grandiosas num setting medieval. Por causa destas e doutras é que tivemos as cenas de batalha do Alexandre que faziam a camâra andar aos saltos para mais realismo, mas em vez de realismo só me conseguiu por mais enjoada do que quando fui ver o BlairWitch Project. Assim e de repente, todas as histórias que dessem desculpas para ter grandes cenas de batalhas começaram a ser adaptadas para filme. Depois, Eragon foi escrito por um Americano. E todos sabemos como os Americanos têm egos enormes -- afinal este inglês escreveu uma triologia que foi tão popular aos 20 e poucos, mas temos aqui um americano que escreveu uma também e tinha só 15 anos!! Tem obrigatóriamente que ser melhor!!

Ora aqui a Amiga, que é matreira quando lhe dá para isso, chamou uns contactos, fez umas maroscas e conseguiu os convites para a ante-estreia no Porto, quarta feira passada. Arrastou o pobre Rick Danger porque a) precisava de boleia e b) precisava de alguém para culpar e infernizar no caso do filme ser mau.

O filme abre ao estilo estabelecido de Senhor dos Aneis: Voz off a narrar os acontecimentos anteriores à acção do filme, durante uma (obrigatória) batalha grandiosa. Depois começa o filme em si.... e ficamos a perguntar-nos quem foi o sacana que pregou uma partida aos actores e lhes passou para as mãos um guião do Star Wars Episódio 4 em vez do guião do Eragon?

A história começa com uma princesa que acabou de roubar uma coisa muito preciosa (leia-se, calhau azul) ao rei mau que traiu os seus compatriotas dragon knights e os exterminou a quase todos. Quando está preste a ser capturada, a princesa faz o calhau chegar às mãos do whiny blond farmboy jedi--- digo dragonrider to be.

Fastforward e entra em cena o considerado louco, recluso e cheio de segredos mentor figure Obi-wa... digo Brom. Depois de muito engonhar, já toda a gente menos o Whiny Farmboy percebeu que o gajo foi um dragonrider também. Depois dos stormtroo-- digos os Uruk--- digo os servos do feiticeiro mau matarem o tio dele (que foi a pessoa que o educou porque a mãe o deixou com ele e o pai não se sabe quem é -- quem quer apostar que o pai é o rei?) o mentor quer levá-lo para segurança junto da Rebelião, e depois de uma perseguição por criaturas todas de negro, com vermes a percorrê-las que deve ter deixado todos os fãs de Nazguls a espumar e babar-se de raiva. Pelo meio, o protagonista consegue aprender e dominar magia e truques que a "qualquer outro demoraria anos a controlar." Chosen One - morde-te de inveja. O whiny farmboy decide armar-se em gringo e assim à ultima da hora quer salvar a princesa quando já estão quase na fortaleza da rebelião. Vai a voar com o seu dragão, segue-se uma grande luta onte ele enfrenta o evil sorceror que é imortal, e temível e indestrutivel..... a não ser que lhe trespassem o coração. O facto que esta informação é atirada assim de repente para o meio da festa torna a figura temivel do feiticeiro do rei num palhaço que toda a gente já sabe que vai morrer. Quem morre mesmo é o pobre do Jeremy Irons, digo Brom, que bem aliviado deve ter ficado por sair de cena. Juro que pensei que por um momento ele ia dizer: "Strike me down and you'll make me more powerful than you'll ever imagine."

Salva a princesa, fogem para a base --- digo castelo rebelde, rapaz e rapariga babam-se um bocado um para o outro e segue-se uma batalha a tentar (pobremente) imitar a de Helm's Deep.

Este é o resumo bondoso. Porque omiti os detalhes interessantes como o caso do "Vai ali comprar pão e não fales com ninguém" em que o rapaz vai e entra no que poderia chamar-se uma padaria esotérica em que lhe lêem a sina. Depois à a corrida para salvar a princesa em que o protagonista age exactamente como é: um fedelho mimado com a mania que é bom, depois do mentor lhe dizer "Estamos tão perto da base rebelde e a gaja está prisoneira na direcção oposta." O puto ignora o mentor, faz birra e voa na sua dragoa para lá, e espera até a noite para entrar. No entanto, e de alguma forma o mentor chega MESMO a tempo para morrer para salvar a vida do fedelho, se bem que toda a gente passa o filme a dizer "se pudesss voar ias mais depressa que nunca" ou "nenhum animal consegue viajar tão depressa como um dragão". Se a base inimiga ficava tão perto que conseguiam chegar lá até ao anoitecer, então o drama todo era excusado. Entre uma multitude de outros detalhes que me fizeram quase arrancar os olhos...

Esqueçam as analises das personagens e da capacidade de interpretação, não é para isso que aqui estou.

Estou é aqui para dizer, como disse um fã no IMDB, Eragon é um livro escrito por um puto de 15 anos - que obviamente cresceu a ver Star Wars. Volto a sublinhar. Um puto de 15 anos escreveu isto. Um puto AMERICANO. Se estão à espera de algo genial, esqueçam -- se a adaptação a filme de livros os martiriza, imaginem então como é que não sai a adaptação de um livro que FOI ESCRITO POR UM PUTO DE 15 ANOS. E NOTA-SE!

Digo-vos, diverti-me mais a ver o filme do Dungeons and Dragons 1 do que a ver Eragon.

No meio disto tudo, a coisa que me lixou mais foi o facto que como não paguei pelo bilhete, não podia ir à bilheira fazer um escândalo e exigir o meu dinheiro de volta.

Se têm amor ao dinheiro, evitem isto.

Fico-me por aqui, porque começo a relembrar-me do filme e a sentir uns arranques, que ou vomito ou começo a morder em alguém.

E lembrem-se: always watch gud mobes.

Pareceu-me normal: actores excelentes sub-aproveitados (Jeremy Irons, John Malkovitch, Djimon Hounsou, sem falar na Rachel Weisz a fazer a voz da dragoa), efeitos especiais já vistos desde há 5 anos, grandes batalhas que também já tinha visto noutros filmes mas feitas melhor, e também me pareceu que era o Star Wars IV versão fantasia; a Inês ao meu lado dizia que faltavam lá carradas de coisas, os putos à volta gritavam “GRANDE ATERRAGEM!!!11ONZE!”, e eu pensava: Star Wars.

Não saí de lá a pensar que era o grande filme do Natal, mas também não dei por mal empregue o guito, porque as piocas eram boas.

–~~–

Alguém muito sábio disse uma vez: “So, Trebek, we meet again! The game’s afoot!”

Ei, este já é o Amigo da Onça especial de Natal, ahah? Tá tão suave (embora os especialistas acabarão provavelmente por provar que continua a causar cancro do pulmão à mesma), que parece embebido no espírito da época, LOL. :slight_smile:

Ora carago, tu és é um porco capitalista que pode dar 5 mocas para ir ver um filme mau e que não sai chorar o dinheiro porque acha que as pipocas valeram esse dinheiro. O dinheiro, ao contrário das pipocas, não cresce nas árvores.

Não foram 5 mocas porque tenho desconto com o cartão do Benfica, mas sim, sou um porco capitalista.

–~~–

Alguém muito sábio disse uma vez: “So, Trebek, we meet again! The game’s afoot!”

Também vi o filme e o meu comentário é; Chamo a isto um filme a correr… para quem leu o livro parece que tinham pressa em acabar o filme rapidamente…

Acho que teria gasto melhor o dinheiro a comprar uns dados…

Evil never dies, it just waits to be reborn…

Também fiquei satisfeito por não ter pago dinheiro para ver o filme. Tal como a nossa amiga, quanto mais via o filme, mais me lembrava de como Lord of the Rings foi bom e me apetecia vê-lo outra vez.

Não fui surpreendido com a má qualidade do filme, mas - tal como diz o Nazgul - não estava a contar que o editing fosse tão mau. Nunca vi um filme que tivesse sido tão massacrado na sala de montagem. Só por causa disto, tenho a certeza que o livro - que nunca li - é melhor.

Pelo que ouvi dizer, o filme é tão mau, tão mau, que só um puto americano com 15 anos o aguenta!