Como muitos já sabem, eu sou uma viciada dos RPGs. Joguei muito, com muita gente, e vi de tudo.
No entanto, há uma coisa que nunca me entrou na cabeça. Deixo as teorias para os meninos que sabem muito disso (Ricmadeira, Rick Danger, etc.) porque confesso que nunca prestei muita atenção a esses artigos, já que nunca precisei deles para saber como gosto de jogar. Aquilo que me intriga são os jogadores que deixam de lado o que eu (e provavelmente muita gente) considera como grande parte da diversão de jogar um RPG:
A criação de personagem.
Uma personagem é um elemento chave da acção. É quem vais encarnar durante meses, anos com sorte, alguém cuja intimidade é um livro aberto para ti. Conheces os seus pensamentos mais intimos, os medos e desejos. Não há nada que possa esconder de ti, e mais que saberes tudo sobre ela, ela és tu.
Então o que é que leva jogadores a simplesmente ignorarem a importância de uma boa construção de PC? Porque é que há jogares que parecem apresentar conceitos de personagem como apenas "Conjuntos de números num papel", cujas histórias, em vez de serem uma descrição do seu passado (que suspostamente molda o seu futuro e presente como uma entidade), são a "cola" que liga vários atributos? ("Olha, quero ter Firearms a 5 e Stealth a 3... portanto, ele treinou no exército. E explosives? Ah, vai ser Irlandês, logo, ex-membro do IRA.")
Não quero proclamar que a minha forma de fazer PCs é a correcta, tendo em conta que se baseia numa mistura de desenho, biografia, e por vezes um ou dois Merits ou Flaws. Mas a verdade é que me dá pena (e me irrita quando sou GM) quando vejo os jogadores a desrespeitar os PCs, os futuros heróis da história.
Não têm que ser os melhores do mundo, não têm que ser os mais interessantes -- mas têm que ser reais (ou pelo menos crediveis) para poderem ser os heróis.
... daí a minha fúria contra quem faz personagens sem sequer pensar se elas fazem sentido. Podem chamar-me "exigente", "nazi", e achar que levo isto muito a sério, mas tenho limites. Não há nada que me irrite mais que notar que os jogadores parecem ignorar as indicações dadas pelos GMs, como querer jogar a toda a força um Tzimisce num jogo de Camarilla, ou um personagem de anime num jogo de terror como Vampire ou Call of Cthulhuh. É assim tão dificil ouvir os GMs? Afinal, isto não é o "Um contra Todos". Não é uma questão de derrotar o GM. É uma questão de cooperação entre todos para produzir um jogo que seja divertido.
Acho que o minimo que se pode dar como pagamento a um GM é gostar da personagem que fazemos, e fazê-la com cuidado e (ousarei dizê-lo?) amor, o que inclui tentar prestar atenção ás instruções do GM.
Bem sei que a grande parte das personagens se desenvolve com o passar da história, e que funciona mal tentar começar um jogo com uma personagem com uma história mais desenvolvida que a do jogo que se vai começar. Mas um minimo de cuidado é requerido.
Afinal, um Elder vampiro pode ter muitos "Dark Secrets", mas nunca terá medo que os seus companheiros vampiros descubram que (em vida) ele foi o assassino do presidente Lincoln (mais quando todos os Elders são europeus). Nem nunca veriamos um agente secreto a morrer de medo do IRS.
O que quero dizer é...(depois deste grande Rant).. os PCs são os salvadores do mundo, ou pelo menos alguém que (num nivel mais ou menos épico) fazem uma diferença.
Tratem-nos com o respeito que merecem.