A primeira personagem

Vou aqui recuperar uma pergunta que uma vez vi colocada nos fóruns da RPG.net e à qual achei piada. Chegam-se a ouvir algumas histórias engraçadas.

Qual foi a vossa primeira personagem de RPG, em que jogo e o que lhe aconteceu?

No meu caso teria de falar da Sharon Graves, de Call of Cthulhu, e cujo nome foi de certo modo profético porque os maiores sustos que apanhou e as maiores perdas de Sanidade que teve foram em cemitérios e/ou mausoléus.

Ah, a saudosa Sharon ainda é mencionada muito de vez em quando entre o pessoal que jogou aquela campanha. Nunca percebi porque é que toda a gente esperava que ela pagasse os bilhetes de avião/gasolina/whatever. Lá porque ela vinha de boas famílias e conduzia um Mercedes descapotável não queria dizer que fosse a Cáritas lá do sítio!

E quem poderia esquecer aquela vez em que, depois de perder Sanidade aos bochechos ao longo de uma dada sessão, ainda tive de lançar um d20 mesmo no fim da aventura para uma última perda de Sanidade e rolo… 20! Era impossível perder mais!! Gah!

Bom, a coitadinha depois disso nunca mais foi a mesma. Ainda acompanhou a expedição (“visita de estudo”, foi a desculpa dada à direcção da Miskatonic University) à Roménia, mas depois de uma noite mais atribulada perdeu o resto dos parafusos e desapareceu misteriosamente nas florestas Romenas.

De vez em quando faz ainda a sua aparição ocasional pela mão do Mestre de Jogo para assustar os outros PCs.

E vocês? Qual é a vossa história?

Sinceramente acho que o mais importante não é a primeira personagem, uma vez que como não conhecemos muito de rpg quando a fazemos, quase nunca sai lá grandes coisas... assim como tudo na vida a primeira vez quase nunca é lá muito bem feita.

O melhor é quando já temos uma boa experiência do que resulta e do que não resulta e criamos um personagem exactamente da forma como desejamos... e melhor ainda quando o mestre é melhor do que o normal e nos possibilita criar e não só nos inserirmos num conceito pré definido.

Eu tive um personagem muito interessante, foi o primeiro bom personagem que tive, que se chamava Thorgal. Ele era um fighter com força 18/00 que havia desistido de ser um clérico da Deusa da Paz pois estava consumido de ódio por um grupo que matou sueus pais.

Foi interessante pois além do personagem ser um verdadeiro rinoceronte em força bruta, eu quase sempre tirava 20 nos dados o que era acerto crítico em AD&D. Por isso o mestre começou a dizer que eu era abençoado por Thera, que era a deusa da paz e que ao mesmo tempo ela estava zangada comigo por eu ser tão violento.

Com o tempo meu personagem abandonou a vida como fighter e tornou-se clérigo mais uma vez para salvar meus companheiros da morte. Foi muito interessante.

Outro personagem bom que tive foi o Tarik, um Wherewolf, Silent Strider, Rragabash, com quem jogo há mais de três anos. Foi muito bom ver como o persoangem evoluiu e mudou ao longo desta muito longa campanha.

Por outro lado meu primeiro personagem de sempre foi um ladrão de D&D que mal tinha nome e muito menos um background a sério. Já lá vão mais de dezesseis anos. Nesta campanha nós só fazíamos era matar/matar/resolver puzzles idiotas.

É como eu digo... raramente a primeira vez vale lá alguma coisa... 

[quote=efernandes]Sinceramente acho que o mais importante não é a primeira personagem, uma vez que como não conhecemos muito de rpg quando a fazemos, quase nunca sai lá grandes coisas... assim como tudo na vida a primeira vez quase nunca é lá muito bem feita.[/quote]

Sem dúvida que tens muita razão. O caso da Raquel é pelos visto muito diferente do teu e do meu, que não temos muito para dizer dos nossos primeiros personagens. Mas pronto, a pergunta é sobre os nossos primeiros personagens, portanto vamos todos responder-lhe e no final com certeza que haverá histórias interessantes e padrões (ou falta deles) também interessantes de analisar.

Depois tu, ou eu, ou ela, podemos lançar aqui a pergunta a todos sobre qual foi a personagem mais interessante/memóravel que já jogaram e ver as diferenças. ;)

[quote=efernandes](...) era um fighter com força 18/00 que havia desistido de ser um clérico da Deusa da Paz pois estava consumido de ódio por um grupo que matou seus pais. (...) o mestre começou a dizer que eu era abençoado por Thera, que era a deusa da paz e que ao mesmo tempo ela estava zangada comigo por eu ser tão violento.[/quote]

Ena, se o jogo fosse PTA já tinhas um excelente "issue" para ser explorado e resolvido ao longo da campanha!

Okay, a minha primeira personagem... O jogo era D&D, caixa vermelha, e jogadores e DM (que era aqui o nosso JPN) tinham todos para aí 13-14 anos. Não sei o nome do personagem, e nem sequer sei a que classe pertencia; era quase de certeza um Guerreiro, pois não me lembro de lidar nunca com as regras de magia.

A única coisa interessante que tenho para contar foi a forma como morreu, a meio daquela primeira aventura. Numa sala da masmorra, eu tinha acabado de descobrir um pergaminho mágico capaz de abrir uma fechadura ou porta. Pouco depois, um outro jogador viu-se preso numa sala de uma forma que eu me recordo de ter sido pouco inteligente (mas que pode não ter sido nada assim). O grupo obviamente virou-se para mim para eu gastar o meu precioso pergaminho, só que eu não quis usá-lo logo. Para já era a única coisa que eu tinha ganho até agora, e depois achei que seria muito mais vantajoso guardá-lo para mais tarde, para libertar algum tesouro fabuloso, afinal a masmorra ainda agora tinha começado. Devia haver outra maneira de libertar o personagem, o pergaminho tinha acabado de aparecer com certeza não era para se gastar já, já... Resultado: um dos outros jogadores não está com paciência para mais discussões e faz o seu personagem atacar o meu, que morre ali, sem qualquer glória. Grande anti-climax!

Acho eu que foi este… Pelo menos é o primeiro de que me lembro e a acho que teve duas versões, um em D&D, a famosa caixinha vermelha que me iniciou nos RPGs e depois outra, mais sofisticada(?), em AD&D. Era um protótipo de knight in shinning armour, inspirado num personagem das Crónicas de Dragonlance, que também se chamava Brightblade, se não estou em erro. Mas também concordo que o primeiro não diz muito sobre o jogador. Se me perguntarem com qual me identifiquei mais aí a resposta terá de ser outra: Michael Ryan, ex-jornalista, desempregado, bêbedo inveterado, cínico e deprimido, um sobrevivente da implacável perseguição dos lictores de Geburah (ou então um paranóico convencido de que estava a ser perseguido pelos lictores de Geburah)…

[quote=Ricmadeira]Okay, a minha primeira personagem... O jogo era D&D, caixa vermelha, e jogadores e DM (que era aqui o nosso JPN) tinham todos para aí 13-14 anos. Não sei o nome do personagem, e nem sequer sei a que classe pertencia; era quase de certeza um Guerreiro, pois não me lembro de lidar nunca com as regras de magia.

A única coisa interessante que tenho para contar foi a forma como morreu, a meio daquela primeira aventura.

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Resultado: um dos outros jogadores não está com paciência para mais discussões e faz o seu personagem atacar o meu, que morre ali, sem qualquer glória. Grande anti-climax![/quote]

Pá, eu era o GM e tenho que te dizer que gostei - porque foi o primeiro sinal de que o grupo saiu das convenções da Fantasia pseudo-Tolkien para entrar no Gamism a sério. Primeiro, qual bando de heróis - o conflito entre personagens transformou-os de amigalhaços bonzinhos em sacanas de primeira. Segundo, qual valentia - começaram a usar o tesouro para contratar um exército privado e passaram a ficar na retaguarda. Terceiro, quais missões heróicas - rendia mais montar uma caravana de comércio e ir para um lugar distante qualquer explorar os nativos :) Quando dei por mim este grupo estava mais envolvido em tramas políticas do que em lutas do bem contra o mal. Acabaram por fundar o seu próprio reino :)

Só posso dizer que tive sorte da maior parte dos jogadores não terem lido Tolkien e eu não ter paciência para inventar plot-lines. Esta campanha teve muitos problemas de principiante, mas correu uns largos anos direccionada maioritariamente pelos jogadores e sem nenhuma mega-história por trás para se meter no caminho deles. OK, eles acabaram a acumular ouro e viverem ricos para sempre depois de derrotarem um Deus - não é propriamente narrativismo, mas para campanha de adolescentes foi muito, muito fixe :)

Infelizmente, mais tarde e jogando com malta mais versada nos RPGs tradicionais, as campanhas passaram a ter plots e bem contra o mal e não tiveram metade da piada. Quase que acredito na teoria de alguém da Forge que diz que a malta tende a ser activa nos RPGs instinto, mas por alguma razão os RPGs veicularam a ideia que o GM é que manda em tudo, e depois é uma chatice desaprender esse hábito...

JP

Essa até que é facil. :)

Era uma Jedi aprentice em Star Wars chamada Kasama que tinha garras retracteis genero spider-man 2099. Nas meia duzia de aventuras que fez, conheceu o Luke e arranjou um light saber. Pouco mais se pode dizer dela e muito sinceramente o RPG foi simplesmente descontinuado quando eu abandonei Guimaraes coisa corria entao o ano do senhor mil nove e noventa e cinco.

Mais chars lets see, Cyberpunk 2020:

Warman o super soldado que era extremamente masoquista e dotado de um humor muito negro. Tinha uma ligação muito estreita com outra personagem jogador (khajiit) que servia de alguma maneira como travão as suas tropelias. Keyphrase: Khaaajiii-iiitttt, fiz uma coisa muita má!

Mais o Pringle Paprika e o Brox Ista ambos so foram jogados em one-shots e nunca desenvolveram grande personalidade. O Pringle teve no entanto uma tirada brilhante quando descobriu que uma parede num corporate mall era tao limpa que se se esfregasse nela conseguia lavar a roupa.

 

Star Wars:

Alem da Kasama que já falei existiu o Canelas Bic que era um piloto muito a lá han solo versão XXX cuja nave "Tiger Shrimp" tinha um brig para escravos sexuais. Só jogou um one-shot mas foi revived a pouco tempo para mais duas sessões. Keyphrase: Olá, queres ver o meu nardo? Mas olha que eu tenho um ganda nardo!

 

Vampire:

Quim Jack descendente de portugueses. Malkavian que tinha a mania que era bombista. Andava sempre com um arsenal portatil especialmente uma parafrenalia de granadas. Nestas se incluiam fosforo, tinta e incendiarias mas o quim nunca sabias quais eram quais. A personagem era hilariante com coisas como fobia a morcegos que o levavam a tentar o suicidio sempre que alguem lhe dizia que um morcego lhe tinha tocado. Era um mestre nas artes de pregar partidas que nao se lhe podiam ser traced back. keyprase: Não sei de nada, ignoro de que falas.

A ultima personagem que joguei foi o Bixo Mau, Caitiff bodyguard que matava tudo a pancada. Era a coisa mais antisocial em existencia mas o que o tornava unico era o facto de ser ukra. Ninguem nas sessões se conseguia conter quando o bixo se virava para um mortal e perguntava com o sotaque apropriado: Tem familia?

Legend of the 5 rings:

Responsavel pelas mais interessantes personagens que ja joguei destacam-se o Lion Samurai com great destiny que era das melhores familias mas covarde. Keyphrase: Tenho que preencher muitos papeis, nao posso ir! Ou o ronin amaldiçoado e com nome gaijin que passava a vida a ser chateado pelo seu antepassado. Muito interessante de jogar.

Mais umas personagem em paranoia e shadowrun e call of cthulhu e vampire e a puta que pariu que nem valem a pena referir. :)

 

O que aconteceu a todas essas personagem foi o oblivion. Simplesmete a "proxima sessão" não chegou. Diverti-me no entanto imenso com personagems carregadas de desvantagens. Muito pelo roleplaying delas mas talvez mais por ver os outros jogadores confusos com as situações. :)

A primeira personagem foi para uma capanha de Cyberpunk 2020 que nunca aconteceu, o nome era Sam Sung, um fixer que tinha fobia a tecnologia, a idéia era a de que o sujeito ganhou a loteria de Night City quando fez 18 anos e colocou todos os implantes que podia, mas acabou ficando maluco. Gastou o resto da fortuna em tratamentos e cirurgias para retirar os implantes e remontar um corpo.

 Ele tinha alguns implantes que sobraram e não tinham como serem retirados e foi condicionado a acreditar que aquilo eram poderes ESP que ele possuia mas que não podia falar a ningém já que tinha medo de ser aprisionado, dissecado e estudado por seus poderes psíquicos (eram implantes auditivos, se não me engano algo que funcionava como um radar, um voice stress analyzer e algo para escutar melhor).

 Os tratamentos fizeram ele desenvolver medo de tecnologia, ele não confiava em máquinas e se especializou em conseguir equipamentos antigos e coisas assim. Nunca foi usado.

 A primeira personagem que joguei foi um guerreiro que o mestre me entregou pronto, caolho, furioso, ambidestro, todos os clichês que pode esperar, foi uma campanha interessante.