Vou tentar responder a tudo.
Como é o jogo?
O jogo é sobre o velho Oeste. Não tem exactamente nenhum objectivo, é literalmente um jogo sandbox. É passado na América mas uma América alternativa, em que o Sul empatou a Guerra Civil com o Norte e agora é um estado independente, o Texas é uma républica independente, tanto os Mormons como os Indios têm a sua própria nação e o território do Oeste ainda está a ser explorado, tal como no velho Oeste. Na prática isto não muda quase nada do ambiente do velho Oeste tradicional. O ambiente é mais do género Deadwood, a série, do que os westerns clássicos a que estamos habituados. É uma terra dura, brutal, racista e que não perdoa. É um setting amoral tal como o velho Oeste o foi.
O que é que tem de distintivo em termos de sistema de jogo?
Bem, o combate é o que salta à vista. Procura no Youtube pelo Shotclock e logo verás. Não, não é o primeiro RPG que usa tal mecanismo mas é um dos que os usa melhor. Não há iniciativa no combate, passa-se tudo em tempo real fracionado. A criação de PCs é incrivelmente crunchy mas no bom sentido, tu podes criar um PC através das regras e ficas com um PC tão completo ao ponto de poderes ter o passado delineado quase todo. Claro que podes também criar tu o teu passado mas a criação de PCs neste jogo foi feita para estimular a imaginação e criar PCs memoráveis. O jogo é muito realista, se tu entras numa batalha com armas de fogo o mais provável é morreres, e aqui as feridas são horriveis, dão-te danos permanentes do género nunca mais corres na vida e pior é que uma ferida pode infectar e grangernar, o que te mata. O sistema é um sistema de skills rollover, e o livro tem regras para tudo e mais alguma coisa que possas imaginar, mas são regras modulares, as que não precisas nem sequer lês, como por exemplo as regras para garimpar ouro. Outra coisa muito boa é que todos os atributos do teu PC são independentes um dos outros, não há modifiers na criação de PCs entre os atributos. Ou seja, podes ser um barbeiro epileptico que treme bastante as mãos quando barbeia mas que mesmo assim é excelente com uma shotgun. Podes criar um PC literalmente da maneira que tu queres e sair um PC brutal para RPing. As regras apesar de crunchy fazem sentido e acabam por ser intuitivas. O sistema em si não é um rehash de outros sistemas, usa muita coisa familiar mas dá-lhe sempre uns twists que tornam o sistema em algo único.
E em termos de apresentação?
Este RPG bate tudo, mas mesmo tudo, que há no mercado ou que houve, e aqui não estou a exagerar. Capa em couro, livro a cores e com páginas de papel glossy de alta qualidade, o livro é pesado, a organização do livro é excelente, a font é muito boa e os parágrafos estão bem organizados. O livro é fácil de ler. Melhor, usa fotos da época e pinturas de artistas famosos que viveram e retrataram essa época.
O que queres dizer com «não há restrições de nenhum tipo a criar PCs e a jogá-los»?
Tudo o que fazes com o teu PC é independente de tudo o resto. Por exemplo, a tua profissão não vai influenciar em nada o resto do teu PC, tal como o teu passado, religião ou skills, por exemplo teres o atributo Looks baixo não te impede de seres o pinga-amor com mais sucesso da tua cidade ou região. Estás livre de criares um PC à tua medida, visto que o jogo usa o sistema de atribuição e compra de pontos para moldares o PC. Agora quando digo que não há restrições digo no sentido em que os modifierss negativos por teres um Looks baixo não te impedem de seres o pinga-amor, por exemplo, mas antes ajudam-te tanto a moldar o PC como a ganhar build points. Os modifiers negativos relativos ao teu PC, em vez de penalizarem uma acção, criam antes oportunidades de RPing. É dificil de explicar mesmo para mim, só lendo o livro.
O que é para ti «tradicional» e não «tradicional»? (Nomeadamente ao ponto de poderes afirmar que tu deves «ter lido todos os sistemas tradicionais desde AD&D 1st»?)*
Bem, para dizer a verdade eu não faço distinção entre RPGs, só usei essa frase por causa das discussões entre o que é produzido na Forge e o que é produzido pelas grandes companhias, logo para mim tradicional é algo publicado pelas “grandes” companhias mas muito honestamente para mim um RPG é um RPG. Logo o meu contexto é, de RPGs criados por Mongooses e WWs e WotCs e afins, este é o melhor. Nos meus 22 anos de GMing já li todos ou quase todos os sistemas das grandes companhias de RPG, Storyteller, Basic, as várias formas de D&D, Runequest, Heroquest, Traveller, Kult, Earthdawn, Shadowrun nas várias edições, etc.
O A&8s é muito diferente do Hackmaster tanto em ambiente como em regras. A crunchiness é maior mas ao mesmo tempo é muito mais util. No A&8s não há literalmente um parágrafo com informação inutil, podes aproveitar tudo. Tal nunca tinha visto num RPG para ser sincero, os gajos da Kenzer acertaram em cheio com o A&8s nesse sentido de por tudo o que está no livro útil.
Agora claro está o teu interesse neste RPG também vai depender de gostares ou não do velho Oeste. Eu vejo o setting deste RPG como o Conan de Howard mas com armas de fogo.
Espero ter conseguido explicar as coisas mais ou menos bem.
A slumber did my spirit seal;
I had no human fears,
She seemed a thing that could not feel
The touch of earthly years.