Afinal o que é preciso para publicar um BoardGame em Portugal?

E não me venham com a treta que a resposta é apenas "dinheiro".

Este tópico serve para fazer uma introspecção aos motivos pelos quais não publicamos mais boardGames nacionais. Se já existe um tópico com esta temática, os senhores moderadores que façam favor de apagar este!

Se não, venham e mandem os vossos bitaites...

Na lista de requirements temos até agora:

  • Talento e ideias (check)
  • Possíveis Compradores...

 

Capital pra afundar num projecto sem garantias de retorno do investimento.

Manuel Pombeiro
a.k.a.Firepigeon
LUDO ERGO SUM

Independentemente da resposta óbvia (dinheiro), que está logo excluída no topico inicial, penso que o que falta é, sobretudo, organização.

É evidente que o "dinheiro" pemitiria ultrapassar a falta de organização.

Mas, talvez, a organização pudesse ultrapassar também a falta de "dinheiro".

De que é que estou a falar? Bem, antes de tudo, para que seja possível publicar um jogo, no sentido de produzir um numero considerável de unidades de forma não artesanal, é necessário algo que se possa chamar um "mercado".

Depois, para além disso, é necessário algo que se possa minimamente chamar um canal de distribuição, que faça chegar o produto (jogo), até ao mercado.

Sem isto, nada feito (parece-me). E para ter isto, pelo menos num contexto como o do nosso país, é preciso... organização.

Organização para:

a) Agregar os jogadores que existem e fomentar o aparecimento de novos jogadores; e

b) Motivar, divulgar e apoiar eventuais canais de distribuição.

Quando ao primeiro dos aspectos referidos, penso que temos um bom exemplo de como a coisa deve funcionar, onde um grupo formado à volta de 2 ou 3 pessoas, ao longo de um ano se multiplicou várias vezes, graças à persistência, simpatia e dedicação dos seus membros.

Quanto ao segundo ponto, no meu limitado conhecimento, não vejo nada que se possa apontar como exemplo, à excepção talvez das recentes demonstrações de Wings of War nas FNAC's.

Lojas como essas e, por exemplo, o "El Corte Ingles", tem já há algum tempo boardgames nas suas prateleiras. Para além disso, como toda a gente sabe, têm canais de distribuição próprios nas maiores cidades de do país (sobretudo a FNAC).

Ora, penso que um bom caminho seria o dos grupos de jogadores existentes se apresentarem de maneira minimamente organizada junto dessas (e outras que se mostrem apropriadas) oferecendo conselho (quanto, por exemplo, aos melhores jogos para terem disponíveis) e apoio pessoal (a nível de demonstrações), esperando em troca divulgação das suas organizações (encontros semanais, mensais e outros) e, com um bocadinho de sorte até alguma espécie de patrocinio.

Só (pelo menos) quando isto estiver minimamente implementado é que, com ou sem dinheiro, faz sentindo editar jogos portugueses, porque só aí é que há um "mercado" (ainda que minúsculo) para eles e um meio de os fazer chegar a esse mercado.

Quanto ao dinheiro em si, se bem que é sempre uma solução, não me parece essencial. O meu raciocínio é este: mesmo que de algum modo sedimentado, nunca o mercado português será um mercado significativo. Daí que, por um lado, nunca será capaz de gerar muito dinheiro e que, por outro, nunca se precisará de muito para se lá chegar.

Pensando de uma forma abstracta, podemos partir do principio que o preço medio de um boardgame será de, por exemplo, 40 euros. Desses 40, o seu custo de produção não deverá ser superior a mais ou menos 5. Outros 5 serão para o seu autor, 10 para o editora e os restantes 20 para os distribuidores e retalhistas. Um desses jogos, produzido em pequena quantidade(100 exemplares) poderá custar, por exemplo, 10 euros (o dobro do que produzido em grandes quantidades). A partir daqui seria uma questão de compromissos. Compromisso do autor em, pelo menos numa fase inicial, se contentar com a satisfação moral de ver o seu jogo publicado. Compromisso dos distribuidores que se arranjassem em reduzir a sua margem de lucro. E compromisso dos jogadores em apoiarem as iniciativas, comprando o jogo.

Deste modo, creio ser possivel produzir um jogo a preço de custo de cerca de 10 euros por exemplar, que fosse posto à venda por um preço de cerca de 20 euros, com a qualidade lúdica (que não de produção, em principio) dos jogos estrangeiros de 40 euros. E para produzir 100 exemplares a 10 euros cada um, não seriam precisos mais de 1000e. E 100 jogos vendidos no mercado nacional seria já um grande feito, parece-me!

É evidente que isto não gerava lucros para ninguém, mas, pelo menos serviria para lançar jogos portugueses e, caso obtivessem algum sucesso entre portas, para pensar em lança-lo internacionalmente onde, aí sim, já poderia haver algum potencial comercial.

É claro que pode haver outros caminhos, como sejam tentar juntar os mercados português e brasileiro (que se calhar acaba por ser juntar o mercado português ao brasileiro), mas o que apontei acima parece-me o mais viável e racional.

Em todo o caso, aqui ficam os meus €0,02.

ROTFLMAO

Manuel Pombeiro
a.k.a.Firepigeon
LUDO ERGO SUM