Acção rápida e directa. Histórias vibrantes num passado mítico. Lugares exóticos. E claro, mulheres de formas voluptuosas à espera (conscientemente ou não) de serem salvas. Estas são algumas das características das aventuras do personagem criado por Robert Howard. Das várias adaptações para diferentes meios, saiu há um ano um mmrpg de que vou fazer a descrição e depois a critica.
Depois de instalar e registar o jogo, temos de escolher o servidor: existem servidores para diferentes línguas e para pvp ou normal: esta escolha é crucial, pois nem todos gostam de andar a ser massacrados pelos outros jogadores (e outros tem um particular prazer de andar a perseguir outros PJ).
Chega em seguida a escolha da nacionalidade. Apenas 3 estão disponíveis: stygio, Aquilónio ou cimério. A escolha é importante, pois determinados arquétipos estão vedadas a outras raças (só os stygios podem ser magos e não podem ser soldados). Vem depois a escolha do sexo e a aparência da personagem. E aqui o jogo rivaliza com os sims: além de ter vários corpos disponíveis, podemos introduzir alterações (alargar ou diminuir lábios, olhos, busto, estatura, cor da pele, etc), muito acima do que é normal nos mmrpg. Como as personagens podem estar em topless, deve ser o jogo com mais gente a jogar personagens femininas.
Temos de seguida a escolha do arquétipo (com limitações como já disse): soldado, rogue, mago, clérigo. Depois temos a escolha da classe dentro do arquétipo: dentro do mago, temos o necromante, o invocador de demónios e o arauto de Xotli (como podem ver, a magia é tratada como nos livros: é uma coisa maléfica, feita por ambiciosos, não por idosos simpáticos de longas barbas e bordão). Um aparte: não concordo que só os stygios possam ser magos, que eu saiba os seguidores de Xotli não eram stygios, e havia invocadores de demónios na Aquilónia, mesmo que ilegais). Nos clérigos, a classe sacerdote de Mitra é restrita aos aquilónios, a de sacerdote de Set aos Stygios, e os Xamãs aos Cimérios. Nada contra. Para os rogues e soldados, diversas combinações são possíveis.
Falando dos magos (que são os que conheço melhor), os 3 tipos de magia são diferentes. Os necromantes invocam mortos que usam para se proteger e provocam dano à distância. Os invocadores de demónios, tem demónios para protege-los e sacrificando a sua saúde, conseguem provocar dano acrescido, os arautos de Xotli, tem a sua divindade que encarna neles e dá-lhes parte dos seus poderes: tornam-se mais fortes e ágeis, e são combatentes corpo-a-corpo que fazem enorme quantidade de dano a quem está junto a eles (só que são muito frágeis).
Temos depois diferentes características (estas não lhes podemos mexer, são escolhidos de acordo com o nosso arquétipo, o que é uma pena): constituição, força, agilidade, stamina, saúde, etc e que vão evoluindo à medida que subimos de nível.
Temos também skills (climbing, concentration, etc), que tem pontos que vamos distribuir livremente (e vamos adquirindo mais à medida que subimos de nível).
O sistema de combate é baseado nos combos do street figther: escolhemos o combo (o golpe) e depois temos de clicar em determinadas teclas para o executar, dando golpes visualmente interessantes (por vezes consegue-se decapitar um adversário ou empalá-lo- sim, é um jogo com muita violência).
Temos um reduzido número de feitiços disponíveis e depois os feats: são traços que vão mnelhorando os nossos feitiços e combos. Temos 3 “árvores” de feats: um que melhora a nossa capacidade de combate corpo-a-corpo, outra que melhora as nossas características como ser possuído e uma terceira que é comum a todos os magos para feitiços genéricos. Cada trait dos feats tem uma escala de 1 a 5, numa linha e só podemos subir ao nível superior quando temos um determinado número de pontos no nível anterior de traits (podendo estar tudo num único trait ou vários). Podemos decidir também gastar os pontos nas 3 árvores, ou concentrar tudo numa.
Acabado isto, começamos o jogo. Temos uma pequena história de introdução e encontramo-nos numa ilha onde se desenrolarão os primeiros 20 níveis. Temos de completar uma história (que é diferente para todos os arquétipos), mas temos diferentes histórias paralelas e quests opcionais. E o grande ponto positivo: é um verdadeiro rpg. É certo que não é Baldur’s gate, mas está acima por exemplo de Icewind Dale. Quando falamos com um NPC, temos vários diálogos à escolha que tem consequência. Responder: “Sim, lutarei contra esse tirano” é diferente de “Que é que eu ganho com isso?- Pagam-me X? Ok, eu alinho” ou de “Isso não é problema meu, arranje outra pessoa”. E são diálogos falados. A história não é nenhum modelo de originalidade (derrubar um tirano sanguinário juntando-nos à resistência), mas vai-nos introduzindo ao universo do jogo, e já joguei bem pior.
O sistema de morte é pouco doloroso: quando morremos, fazemos respawn no ponto mais próximo sem outra consequência que uma penalização mínima por um certo tempo (que pode anulada, voltando ao local onde fomos mortos).
Os objectos que devem ser encontrados nas quests estão assinalados, e quando são drops, normalmente é o primeiro inimigo que matamos que o larga.
O jogo é relativamente rápido de subir. Eu não tenho muito tempo disponível, e jogando uma hora diária consegui no tempo da trial (2 semanas) chegar ao nível 20 (a título de exemplo, no Lord of The Rings Online demorei quase 2 meses a chegar ao nível 20).
Do ponto de vista visual o jogo é agradável.
O guarda-roupa em compensação é extremamente indigente (longe da abundância do LORO).
Os menus são minimalistas, com muito menos informação que outros mmorpg (mas pronto, tem a informação essencial).
A economia é muito menos desenvolvida que noutros jogos.
Só existem duas maneiras de ganhar xp’s: completar quests, e matar inimigos. Ora já existem outros jogos que oferecem outras formas de ganhar pontos de experiência. Claro que para muitos, a vantagem disto, é que uma pessoa realmente concentra-se no jogo, e não perde infinidades de tempo a tentar adquirir títulos, reputações, recolher recursos e afins como noutros jogos.
O pvp é simples: entramos numa instância e vale tudo. O problema é que torna-se muito complicado fazer quests nessas instâncias, pois há grupos de jogadores ficam junto às zonas de respawn e portas de entrada para matar os recém-chegados imediatamente. A solução é colarmo-nos a um grupo de 2 ou 3 (de preferência com um clérigo).
O que se ganha com o pvp? Skills, reputação e mais uns bónus, mas acho que é mesmo o prazer de andar a matar outros jogadores.
Defeitos: ocupa 20 gigas o que é um absurdo. Exige uma máquina extremamente potente, e embora os gráficos sejam bons, não são assim tão bons.
O meu veredicto? Gosto do jogo, mas não é o meu jogo principal. O que é curioso, pois prefiro o universo de Howard ao de Tolkien. O jogo tem coisas geniais, mas depois falha em coisas básicas; parece ter sido feito por um bando de amadores inspirados que vão aprendendo (e não estou a falar dos numerosos bugs e conteúdos ausentes pelo qual ficou famoso).