Algumas revisões: Sistema, Identity, Cipher, Edge, Complication

Texto:

Isto é directamente retirado de um hack meu não-publicado de um jogo Victoriano chamado Shadows in the Fog. Lá identificam-se duas características, Mask e Abyss, que definem o personagem. Mask é a às máscara que ele apresenta à sociedade victoriana (educação, história, perícias), Abyss é quem ele é na realidade (vicios e motivações). O jogador ganha pontos num ou noutro tomando um ou outro tipo de decisão que enforcem a sua Máscara ou o seu Abismo. Algo assim pode ser facilmente transposto para o 101.

O Sistema continua o mesmo, mas o mínimo de Pericia/Aspecto para um Agente é 3. Os mortais comuns podem ter menos, mas assume-se que os Agentes são sempre melhores que um humano normal, daí este mínimo. O Número Alvo continua a ser igual ao da Perícia, e o resultado do lançamento do dado tem que ser inferior ao da Perícia/Aspecto, contando-se os passos como grau de sucesso (quantos mais passos, maior o sucesso).

Existe agora um Eixo entre Identidade (o lado humano do Agente) e Cifra (o lado ultra-humano do Agente):

Identidade <- 3 2 1 0 1 2 3 -> Cifra

Durante o jogo este valor será fluctuante, dependendo das acções do jogador.

Se a acção que tomar for uma acção humana (seguir as emoções, fazendo valer os seus principios contra todos os perigos, salvando pessoas), o Eixo inclina-se para a Identidade; a partir de agora, os Testes de Perícia serão mais fáceis, tendo um bónus igual ao do número no Eixo, e os Testes de Aspectos são agora mais dificeis, pelo mesmo valor.

Se a acção que tomar for uma acção ultra-humana (seguir a missão à risca, usar os Aspectos), o Eixo inclina-se para a Cifra; a partir de agora, os Testes de Aspecto serão mais fáceis, tendo um bónus igual ao número no Eixo, e os Testes de Perícia serão também mais dificeis.

O Edge continua igual, dá mais dados e soma-se o valor.

Exemplo:

Um Agente com Perícia a 4 e Identidade 1 lança o dado e obtém 5; ele conseguiu, mas obteve apenas um sucesso marginal. Se em vez de Identidade 1 tivesse Cifra 1, teria falhado o teste de Perícia.

Complicações

De cada vez que houver um lançamento falhado, o jogador deve aceitar para o seu personagem Complicações iguais em severidade à diferença entre a sua Perícia ou Aspecto e o lançamento do dado. Ele pode fazer isto ou usar Edge para ter mais dados e tentar ser bem sucedido, mas se falhar este novo lançamento, o GM deve definir as Complicações. Uma Complicação é algo que atrasa o Agente: um tiro numa perna, alguém que lhe barra o caminho, uma pista errada, o vilão que se escapa.

Exemplo:

Um Agente com Perícia a 4 e Cifra 1 lança o dado e obtém 5, falhando o Teste por 2 [(4-1 = 3)-5 = -2]. O jogador decide não usar nenhum Ponto do seu Edge (talvez não tenha nenhum em reserva!), e toma por isso uma Complicação.

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Notas:

Esta proposta visa duas coisas:

1- Retomar o desenho do jogo, parado há meses a mais

2- Implementar regras simples e intuitivas, que façam o jogador escolher sempre o caminho que quer para o seu personagem, se quer que ele seja sempre o mais humano possível, conseguindo mais facilmente os testes das Perícias e da bagagem que já trazia consigo, ou torná-lo o melhor agente possível, conseguindo mais facilmente os testes dos Aspectos que lhe foram implementados pelo 101.

Qualquer comentário é bem vindo. :-)


É sempre complicado comentar, pois o autor do jogo percebe sempre mais do que escreveu e do que tem em mente do que quem o lê é capaz de interpretar.

Talvez não pareça ao ler tudo de uma vez, mas suponho que o sistema é, de facto, simples. Vejo quanto é que tenho a Perícia ou Aspecto, dou-lhe o bónus ou penalidade do Eixo e lanço o dado a tentar rolar por baixo. Depois de rolar, posso sempre gastar Edge para aumentar o stat que se testou. O nível de sucesso/insucesso é determinado pela diferença entre o que saiu no dado e o stat, certo?

Deixa-me cá pensar nas consequências. Uma penalidade de -3 pode reduzir um stat a zero? Portanto falha automaticamente a menos que gaste Edge? Por outro lado, um bónus em cima de uma stat alta, fá-la disparar para seis ou mais, sendo sucesso garantido, certo? Ter sete ou oito ou nove faz diferença para ter um nível de sucesso maior.

A influência do Eixo parece-me interessante e gostava de saber as reacções no playtesting.

É ou não preocupante o range reduzido dos stats? Anda sempre entre 3 ou 6 ou podem rebentar a escala? É feita uma evolução com os habituais pontos de experiência sobre a personagem?

O sistema é de facto o que apontas, sem tirar nem por, como discutido por mim e por Mestre Mariano.

Uma penalidade de -3 pode reduzir um stat a zero, mas tens que pensar que um gajo que vai assim tão longe nas suas decisões, das duas uma: ou não está interessado em pertencer ao 101 (tem a Identidade ao max), ou não está interessado na sua humanidade e nas pessoas que o rodeiam (tem a Cifra ao max). Mas, o sistema é como apontas, sim, o que torna a coisa, na minha opinião nada humilde, muito fixe, pois se tiveres um stat a -3, tens o outro stat a +3 o que é sempre bom, e para compensares o negativo, tens que usar o teu Edge, e para recuperares o teu Edge, tens que debitar descrições fixes. Sem esquecer que interessa por quanto consegues o teu roll (como já apontas), por isso ter um stat que chega a 8, consegues sempre, sim, mas é aí que começam a sair as descrições de andar pelas paredes e ter, na generalidade, comentários como: “No lieutenant, your men are already dead.”

Evolução e XP, a chegar. :slight_smile:

Obrigado pelos comentários!

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To crush your enemies, to see them driven before you, and to hear the lamentations of their women.
-Noddy, Lord of Darkness

Esta é daquelas coisas que só nos lembramos mais tarde, quando se tenta ver se dá para "quebrar" o jogo. A única coisa que me lembrei é que é uma ideia tentar ir sempre para os extremos do Eixo, desde que a party se mantenha coesa. Eu forço o meu roleplay para o bónus de +3 a Aspectos, o meu colega força o +3 a Perícia e somos sempre muito amigos, vamos juntos para todo o lado e resolvemos os problemas uns dos outros. A única questão será justificar como é que nos damos tão bem. A exploração deste party mode é um problema ou aceita-se perfeitamente?

Outro comentário é mais uma interrogação sobre como será o combate. O sistema parece simples, mas talvez se complique ligeiramente na parte de determinar o nível de sucesso. Se houverem muitos contested rolls, as coisas podem complicar-se mais um bocado, pois tenho que determinar constantemente níveis de sucesso para poder compará-los.

Entretanto, está previsto haver uma escala em termos de dificuldade? Acções mais difíceis dão valores negativos ao stat ou exigem níveis de sucesso maiores? Ou não há necessidade de estabelecer graus de dificuldade?

Hey, partir o sistema é fixe! Principalmente quando gera perguntas que nunca me lembraria (ou ao Marion).

A tua 1ª questão é parecida com a de ter um Chaotic Evil e um Lawful Good no mesmo grupo; parecida, mas diferente. :slight_smile:

Parecida, porque se prende com questões de roleplay do jogador e da party, diferente porque há questões mecânicas em jogo: enquanto que Perícias toda a gente tem, por muito alto que seja o seu valor, em jogo são apenas Perícias - o melhor atleta do mundo pode agora ser ainda melhor; os Aspectos são as coisas que o 101 mete no Agente para o tornar ultra-humano, vulgo “poderes”. Além disso, para um estás a tentar continuar “humano”, no outro cagas de bem alto para isso e queres é ter poder poder poder. O Mariano consegue explicar isto melhor que eu. :smiley:

A tua 2ª questão é resolvida comparando o grau de sucesso: quem tiver o sucesso mais alto ganha, o outro ou usa Edge ou ganha Complicações - e uma Complicação pode ser desde o tiro na perna, até à parede que lhe cai em cima, etc. Nota que isto é escolhido pelo jogador (ou pelo GM, se for caso disso) que perde. Algo que me lembrei agora, mesmo que se ganhe, pode decidir-se ter uma Complicação, para recuperar Edge ou outra coisa qualquer. A ver e analisar. Achas que te respondo?

Eu não tinha previsto nenhuma dificuldade; o que eu tinha previsto era “descrições fixes podem ser mais fáceis, porque ganhas Edge que podes gastar imediatamente para ter mais dados”. Não gosto quando a realidade e/ou a fisica decide intervir nas minhas descrições. O Mariano pode ter uma opinião diferente, que é como quem diz: ainda não foi discutido. :slight_smile:

Faltam listas de Aspectos e Perícias.

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-Noddy, Lord of Darkness