Arkham Horror

Este boardgame tem como universo a criação literária de H.P. Lovercraft e do seu círculo. Os jogadores representam investigadores que tem de lutar contra as criaturas do Mythos e tentar impedir o despertar de um Grande Antigo (GOO); se este despertar ainda podem tentar bani-lo embora seja bastante complicado; se falharem, adeus mundo.

Bem, a apresentação do jogo é bastante boa: um mapa da cidade com diferentes locais (casas, ruas, edifícios assombrados, etc), diversões cartões para representar as personagens, os monstros, os GOO, as localizações e acontecimentos, tudo com uma excelente arte. As regras foram relativamente fáceis de aprender (vem num livro de 20 páginas), mas tem uma série de pormenores que é necessário prestar atenção e convém sabe-las antes de se começar a jogar: não é o tipo de jogo em que se aparece e os amigos explicam em 5 minutos e está-se pronto a jogar.

Bem, cada jogador escolhe um investigador, que possui uma folha de personagem com diversos elementos: características (sanidade e estamina), skills, objectos, e uma vantagem particular da personagem. Escolhe-se também um GOO que tem características próprias (eu joguei contra o Yog-Sothoth, que tornava os cultistas imune à magia)

Escolhe-se a ordem de jogo, e depois é extraída uma carta do Mythos deck que contém diversos acontecimentos que se vão dar na cidade (aparecimento de monstros, aparecimento de pistas, abertura de um portal, aumento do doom track, etc).

Vem de seguida a fase do upkeep: o jogador pode efectuar modificações (dentro de certos limites) nas suas skills (privilegiar a rapidez para se deslocar para um ponto distante, ou usar uma maior furtividade e conseguir passar pelo inimigo sem este nos ver?).

De seguida vem a fase de movimento: o jogador desloca-se o número que tem na sua skill de movimento.

Finalmente vem a fase de encounter. O jogador apanha qualquer pista que esteja no local (explicarei para o que servem depois) e retira uma carta de acontecimento local e aplica o que lá está (diversos, teste, aparecimento de objectos, acidentes), enfrenta monstros que estejam aí.

O combate é relativamente simples: lança-se um número de dados equivalente à sua capacidade combate, mais quaisquer objectos/armas que possua; subtrai-se/soma-se determinados bónus que o monstro tenha e tenta-se obter um número pré-estabelecido. Se perder, sofre danos físicos. Determinados monstros obrigam também a lançamentos de sanidade mental. Se as coisas correrem mal, e ficar a zero numa dessas características, a personagem tem de ir a um asilo ou um hospital para recuperar, perdendo os seus objectos (se ainda tiver um ponto, pode ir a um desses lugares, para a troco de dinheiro recuperar a sanidade ou saúde). Se se vencer os monstros, pode-se trocar o troféu do monstro por dinheiro e tentar comprar objectos melhores.

Quando se obtém 5 pistas, vai-se a um local onde existe um portal, entra-se para um outro mundo (dreamlands, mundo de Yith, o que calhar), e depois de andar por lá a passear, volta-se ao nosso mundo e fecha-se o portal gastando as pistas e fazendo um teste. Fácil, não é? Infelizmente, os monstros não ajudam muito. E existe uma coisa chamada doom track (variável conforme o GOO), que quando atinge um determinado número, faz com que o GOO acorde. Cada portal que se abre ou determinada percentagem de monstros, contribuem para aumentar o doom track.

Quando joguei, cometi o erro de escolher uma personagem com baixa sanidade (mas excelentes características a outros níveis; em 22 turnos fui 3 vezes ao hospital psiquiátrico). A dificuldade é mediana, dado que depende muito das cartas que saem. Pode-se tentar planear algumas acções, mas não vale a pena muito pensar a longo prazo, pois podem surgir facilmente oportunidades inesperadas para aproveitar ou uma série de azares que destroem planos cuidadosamente elaborados.

O meu veredicto: gostei do jogo. Tem boa apresentação, as regras estão adequadas ao universo (não se fica com a sensação de que se podia usar as regras para qualquer outro tema). Só que provavelmente esse poderá ser um problema: se para fãs de Lovercraft e boardgames o jogo é obrigatório, para pessoas fora do tema, o jogo pode tornar-se maçador (ainda por cima com aquelas divindades de nomes estranhos: Cthulhu, Ithaqua, Yig) e demora umas horas, por isso não é um jogo que agrade a todos.