Artigo no correio da manha

Hoje, domingo dia 19, na revista do correio da manha, pagina 26, temos um artigo que é basicamente um reprint do meu outro topico que fiz hoje neste forum.

Ou seja, o correio da manha diz que os RPGs causaram o homicidio ou suicidio de 129 pessoas.

Tristeza.

Não sei quanto a vocês e apesar desses alarmismos mal-informados estarem num jornal (o que por si é suficiente para ser ignorado) e nesse em particular (que pelo que parece tem um historial de especulação pouco consubtanciada constatada pela maioria das pessoas) não me parece bem que se ande à procura de polémicas com um hobby que me agrada muito e no qual vejo muito potencial lúdico e pedagógico. Acham que se deva tomar alguma medida: e-mail a clarificar a total desinformação em que consiste o artigo e tal? :|

"Se alguma vez sou coerente, é apenas como incoerência saída da incoerência." Fernando Pessoa

Ainda por cima o "artigo" fala assassinatos falsamente associados a RPGs na América e no Brasil como meio de dar peso maléfico a um jogo on-line de crime organizado chamado "The Crims". Até metem o nome do Moita Flores pelo meio. Dêm uma vista de olhos aqui.

"Se alguma vez sou coerente, é apenas como incoerência saída da incoerência." Fernando Pessoa

Estive a lê-lo e estava à espera de bem pior.
Tem os típicos parágrafos especulativos e explicitando acusações que nunca foram devidamente fundamentadas (claramente informações baseadas num qualquer site idiota que a jornalista consultou, ou algo do género, como fonte de informação) e por ai fora, mas tem alturas onde é um pouco pertinente.

Quando fala no “The Crims” e no impacto negativo que pode ter em indivíduos demasiado jovens e impressionáveis para lidar com este tipo de “entretenimento” acho-o pertinente como forma de dar a conhecer algo que é real e cujo acesso é passível de merecer ser limitado por pais mais zelosos. Está a informar, acho bem.

Mas quando, mais ou menos a meio, parte para um domínio de generalização e especulação, perde toda a credibilidade e demonstra uma parcialidade e falta de conhecimento da matéria em questão grosseiras.

Já li coisas piores, de facto, mas esse artigo não foge à regra do “mal escrito, mal informado, má mensagem que passa”. De qualquer forma, estamos a falar do Correio da Manhã. Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência.

Infelizmente trabalho cá… Não conheço a criatura que assina a peça, provavelmente é colaboradora, mas é óbvio que não sabe nada sobre o que está a falar - mas isso acontece em 90 por cento dos casos… E comparar RPGs com aquela coisa do The Crims, enfim. Whatever, olha façam um boicote ao CM, não o comprem nem para ver os classificados (não estou a ver outro motivo para alguém com a escolaridade obrigatória comprar o CM).

Não acho q o artigo esteja assim tão mau.
Claro que depois cita generalizações patéticas e sem sentido que a jornalista, em toda estrutura do texto, se esforça por parecerem verdadeiras e coerentes à boa maneira do Correio da Manhã. Nada de novo, mas pelo menos tem o bom senso de ouvir os 2 lados.
Estas generalizações são feitas por ditos especialistas, no intuito de se arranjar explicações para crimes feitos por jovens de forma a desculpar todo o sistema violento em que as sociedades de hoje vivem. Desculpa-se assim facilmente o afastamento dos pais pela educação dos filhos, o acesso fácil a armas, à constante ineficácia judicial para inserir jovens atirados à pobreza por pais negligentes, etc, etc.
Basta ligar a televisão para se estar exposto a violência e sexo. Telenovelas, telejornais etc, programas insuspeitos que têm mais violência do que qualquer videogame ou rpg.
Este tipo de generalizações irritam-me profundamente. Tanto pode matar uma pessoa um jogador de D&D como um jogador de Xadrez ou como um adepto de futebol. Vejo muitos mais crimes associados às claques de futebol e não oiço nenhum especialista a dizer que o futebol cria criminosos.
Mas pronto, estas coisas valem o que valem.
Seja como for, o artigo criou em mim uma vontade irresistível de jogar The Crims. Aliás depois de postar a minha opinião vou-me já registar no jogo.

Li essa tangaria, concordo com o Nietzsche.

E adianto, nos dias que correm, ter mais propensão para a violância depois de jogar o que quer que seja, ou ver que filme/serie seja, é a mesma coisa que querer jogar golfe depois de ver o Tiger Woods. Ou querer ser actor de filmes porno depois de ver actrizes como Shyla Stylez ou Carmella Bing.

Não que eu saiba quem essas actizes são, ou que tenha vontade de jogar golfe, claro.

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To crush your enemies, to see them driven before you, and to hear the lamentations of their women.
-Noddy, Lord of Darkness

Eis a história juridica do tão chamado expert que o cm citou.

Missouri v. Molitor, 729 S.W.2d 551 (1987). Thomas Radecki’s “perception” of a RPG/murder connection is not qualified to be admissible as evidence. 5 pages.

Sean Richard Sellers v. State of Oklahoma, 809 P.2d 676 (1991). Multiple-murder often cited as “proof” of dangers of playing D&D. Radecki and Pulling admitted as “expert witnesses” to no avail. 14 pages. 112 S.Ct.310 (Death sentence upheld by Supreme Court.). 1 page.

State of Illinois Department of Professional Regulation v. Thomas E. Radecki, 91-6666-LEG. Consent decree suspending medical licenses for at least five years from 10 April 1992 for “immoral conduct of an unprofessional nature with a patient.” 3 pages.

Vê-se mesmo que é mesmo um “expert” que sabe do que fala.

Ou então não.

E vai o cm citar “experts” como este. Ui ui.


No moon is there, no voice, no sound
Of beating heart; a sigh profound
Once in each age as each age dies
Alone is heard. Far, far it lies
The Land of Waiting where the Dead sit,
In their thought’s shadow, by no moon lit

A pesquisa jornalística actualmente funciona assim:

Correr o Internet Explorer
Abrir o google.com
Digitar palavaras-chave
Abrir a primeira página com uma aparência mais ou menos séria (e aqui cabe ao bom sendo de cada um perceber o que é “mais ou menos sério”) que fale sobre o assunto
Debitar o que foi encontrado na referida página para corroborar aquilo que já se queria dizer

… Eu também costumo fazer o mesmo, mas eu escrevo sobre algo tão inofensivo como programação de TV. Na pior das hipóteses posso errar sobre a quantidades de Emmys ganhou a segunda temporada dos ‘Sopranos’!!!

Em defesa da minha “amada” classe: na maioria das vezes o artigo já nos é imposto (praticamente com título e tudo) por um editor/ chefe de redacção/ director (alguém se lembra do J. Jonah Jameson? Na realidade Eles são mesmo assim!). O jornalista - excepto se for da imprensa cor-de-rosa e gostar de apimentar ainda mais o artigo - limita-se a procurar a fonte que corrobore a conclusão que lhe foi pedida. Depois estas coisas são sempre para ontem e é raro haver tempo para confirmar as informações. Claro que este é o ponto de vista de um escravo da imprensa, nem todos o são, e muitos não têm direito a estas duas ressalvas que mencionei anteriormente. São apenas preguiçosos ou atrasados mentais… Não sei qual é o caso da senhora que assinou o artigo.

O lado positivo da coisa é que saiu no CM. O leitor comum do CM não só não sabe o que é um RPG, como nem sequer é capaz de pronunciar “role playing game”. Asseguram-me que 50 por cento não consegue sequer pronunciar “couve”, mas tenho as minhas dúvidas, acho que são apenas 30 por cento… Sendo assim, não temam: da próxima vez que disserem que são role players ninguém vos vai associar a serial-killers. Mas por via das dúvidas não falem sobre role play com trolhas, reformados e domésticas…

"Breathe in, breathe out"

Meus caros, não vejo razão para perdermos mais do que 2 nanosegundos com isto!

1º - Estamos a falar do Correio da Manhã, um monumento à ignorância nacional e um atentado às florestas deste planeta pela quantidade de papel que é gasto para imprimir diariamente o chorrilho de asneiras que por lá figuram...

2º - Alguém sugeriu "fazermos um boicote ao CM"... Surprised Por favor digam-me que ninguém compra aquilo... Senão eu deixo de frequentar este fórum e vou-me registar num de Pokémon ou algo assim.

3º - Não vale a pena darem-se ao trabalho de responder ao artigo ou enviar cartas de esclarecimento. Quanto mais atenção se dá a esta escória, mais projecção ela tem. Isto ignora-se e "nothing to see here, move along..."

 

O mais hilariante de tudo foi eu estar a jogar D&D com o meu grupo de role na Runadrake no preciso momento em que o Philip entra na loja com a revista. Mal vimos a capa com uma faca ensanguentada a associar o pessoal de D&D a psicopatas levantámo-nos e fomos ao café do outro lado da rua, onde entrámos com um sorriso de orelha-a-orelha e a dizer: "Cuidado, somos criminosos!".

 

Logo tinha isto que aparecer na altura em que eu estou com um monge lawful neutral... Cry

 

"A minha pátria é a língua Portuguesa!" - F.P.

Querido CM,

Já joguei The Crims e nao tive vontade de matar ng, traficar droga ou entrar no mundo do proxenetismo. Sou DM de D&D há vários anos e nunca fiz rituais satanicos, sacrifiquei jogadores ou fui tentado a matá-los ao invés do personagem deles…

Serei normal?

O boicote era uma piada, bem entendido!

Querido CM,

Já joguei D&D e nunca tive vontade de matar ninguém; nunca joguei The Crims mas acho espantoso como ainda se relacionem jogos com criminalidade.

No entanto, depois de ler o vosso artigo, tenho vontade de matar o jornalista.

Curiosamente e segundo várias pessoas, este é um sentimento que se propaga a quem o artigo é mostrado.

Aliás, várias pessoas referem mesmo que o V. jornal, na sua totalidade, é propenso a este tipo de sentimento.

Gostaria de obter algum apoio nesta área.

Subscrevo-me, um vosso criado,

E. S. Croque

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To crush your enemies, to see them driven before you, and to hear the lamentations of their women.
-Noddy, Lord of Darkness

Querida Patrícia,

acabei de ler teu maravilhoso artigo o qual me despertou uma inefável vontade, quase incontrolável, de te manipular sádicamente na forma que o teu subconsciente mais receie.

Claro que poderemos abordar o assunto descontraídamente, começando talvez com um estrupo brutal consubstanciado na forma animalesca que mais te perturbe, harmonizando-se assim a experiência com o tenebroso antro em que tudo isto se passe.

Como não costumo jogar algo que me permita aliviar a tensão que o meu sádico e maléfico alter ego acumula, género D&D,

escrevo-te na esperança que me ajudes, aconselhes pessoalmente... o local e modo, que me permita finalmente passar-te a enlatado pronto a comer para animais domésticos.

Grato pela atenção, aguardo a tua inestimável e imprescindível ajuda.

Carrasco,

P.A.Drone

Napoleon(greatest military genius of last centuries, if not ever!):

«Le meilleur soldat n'est pas tant celui qui se bat que celui qui marche.»

Querido Correio:

Parabéns. Finalmente um jornal que se preocupa a perseguir a verdade - e depois a executá-la em auto de fé. Sim, porque RPGs são uma ameaça para a sociedade já que sem dúvida foram eles os responsáveis por gajos andarem a trucidar os pais\amigos\namorada\piriquito – nunca passaria pela cabeça de alguém que a culpa fosse dos próprios gajos porque eles seriam psicopatas e iam matar alguém com ou sem RPG.

Isto já me faz lembrar aquele episódio idiota do CSI com os miudos que vão atacar a esquadra porque há um jogo exactamente igual.

E que tal fazerem uma reportagem a pedir para banir os jogos de futebol? Afinal, mortes relacionadas aos RPGs são umas duzias, no máximo - e nunca nada foi provado. E quantos milhares já morreram por causa de futebol? Quantas mulheres e filhos não levaram porrada porque o clube do papá perdeu?

Espero que as cavidades intimas da autora do vosso artigo se encham de larvas de varejeira, e que o vosso editor seja sodomizado por uma mulher com atributos masculinos.

Atenciosamente.

A Amiga da Onça

A campanha para denegrir o nome de D&D está a assumir proporções inimagináveis!!! Innocent

 

Se calhar já conhecem... mas vale sempre a pena ver mais uma vez:

https://www.youtube.com/watch?v=XHdXG2gV01k

 

"A minha pátria é a língua Portuguesa!" - F.P.

O que eu me parto a rir a ver isto! :slight_smile:

Ná... vens cerca de 20 anos atrasado. Durante o infame caso do miudo que fugiu de casa\desapareceu foi quando culparam D&D mais por ser causa de problemas.

The Steam Tunnel Incident