Associação do hóbi

Bem, em primeiro lugar seguramente que me vês concretizar pouca coisa. Discuto uma ideia, não um projecto. Em segundo lugar contrapões à minha falta de concretização perguntas tão genéricas que só podem ser respondidas com observações genéricas e muito pouco concretizadas. Como é que uma associação cria valor (para usar a tua expressão, não necessariamente a que eu preferiria)? Basta olhar à volta para as que existem. Nem todas criam valor, é certo. Mas também as há que criam. Além de que a forma como uma associção - seja ela qual for - cria valor muda no tempo.

Um par de exemplos, porém: foi uma associação francesa que lançou o primeiro rpg de introdução gratuito para promoção do hóbi em França em tempos em que não havia internet. O objectivo não era substituir-se aos jogos comerciais, antes era colocar à disposição de todos os interessados na promoção do rpg um instrumento facilmente acessível para o fazer. Essa mesma associação resolveu lidar por antecipação com a questão dos supostos perigos sociais dos rpgs (a questão de levarem a práticas demoníacas que surgiu nos EUA décadas atrás e que, como é normal, ameaçava espalhar-se na Europa). O que ela fez foi pedir uma investigação à polícia criminal francesa. Um agente foi encarregue da investigação e chegou à conclusão de que os rpgs não eram um risco, bem pelo contrário. Nestes casos concretos a existência e actuação de uma associação acrescentaram valor. Isto é transponível para a nossa realidade? Penso que não, os tempos são outros e nós não somos franceses. Mas pode ser que haja entre nós outras formas de acrescentar valor.

No momento presente, por exemplo, uma associação do hóbi criaria valor se aumentasse a visibilidade deste, a sua identidade, a sua especificidade junto de quem o desconhece.

O que implica definir o hóbi, outro ponto em aberto. Uma associação pode ajudar à sua definição de forma pragmática e empírica, orientada para a comunicação com o grande público e não para alimentar guerras de capelinhas.

De forma clara: uma associação não é indispensável mas pode ser útil, como sempre sucede, aliás. Para ser útil há apenas duas condições indispensáveis: gente disponível e motivada. Tudo o resto que foi apontado contra a ideia de uma associação é secundário e ultrapassável. Ao que vejo é isto que falha, disponibilidade e motivação. A ser assim não há espaço para uma associção pois não há gente associável.

Sérgio Mascarenhas

Estava a ver se não metia o bedelho nesta discussão, e vou ver se o faço de raspão.

Ainda é cedo, ou então será sempre cedo para avançar para uma Associação no que diz respeito a um Hobby que é tão ou mais semelhante a coleccionar cadernetas de cromos (a analogia do extremo).

Quantos são aqueles que vêm o Boardgaming como um hobby (passatempo)? Quase todos os que conheço e com quem convivo nas sessões semanais e mensais e até no Encontros. Quantos se revêm numa instituição de boardgaming? Instituição?! Raios, o que é isso?

Não me parece que os boardgamers, sejam os portugueses ou outros, queiram assumir compromissos relativamente a uma coisa que lhes dá prazer fazer, quando, onde e na quantidade que os satisfaz. Instiitucionalizar o hobby é impor regras muito definidas: órgãos de gestão, financeiros (ui, ui, já não chega a contabilidade da casa e a catrefada de jogos económicos que existem!), papelada à esquerda, à direita, realização de eventos no dia x à hora y, etc... Lá se ía o prazer de dizer: "Eh pá, DEVO estar lá por volta de x horas com x,y,z jogos debaixo do braço...." - "DEVO" porque posso não... depende de alguns factores aleatórios, como seja a vontade de sair do sofá ou não!

A minha opinião sobre este assunto é: NÃO! Por diversas razões e factores e coiso, e tal, e coiso. Nem vale a pena enumerar. Deixem de perder tempo (para já) com este assunto e passem à acção: vão para a rua jogar, nem que seja berlinde de tabuleiro, e quando a comunidade tiver 2.000 ou 2.500 (lá estou com números, até parece coisa de instituição - quantificar associados!), então sim, nessa altura deverá ser preciso organizar as "tropas", meter ordem no "curral", criar uma ou várias Associações.

Para já, a única Associação que me comprometo fazer, é com um parceiro qualquer numa mesita do canto a dar na tola a uma dupla qualquer, numa "tichuada" ou outro jogo de elaborada destreza de manipulação de cartas, tiles, cubinhos, ou outro marcador qualquer.

Vamos a jogar mais e falar menos, não dêm razão ao ditado popular que diz: "cão que ladra, não morde". (Marum... empresta aí um pato... Duck! Incoming missile!

«Mais vale estar calado e julgarem-te um idiota, do que abrir a boca e dissipar todas as dúvidas.»

[quote=JohnnyBeGood]

Vamos a jogar mais e falar menos, ...

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Não diria melhor.

Somos ainda muito poucos para que se institucionalize este hobby. Com as jogatanas realizadas nos encontros estamos, aos poucos é certo, a atrair curiosos. Estes curiosos começam a aparecer nos encontros. Vão querem comprar alguns jogos que os atrairam. As lojas vão comercializando mais e vão-se expandindo. E esses curiosos passam a palavra. E as lojas vão vendendo mais. E o ciclo continua...

Personificando, somos como um muído de 10 anos. Estamos a crescer malta. No dia em que formos já granditos (quando atingirmos a maioridade), aí sim, acho que será a altura ideal para nos associarmos...

Até lá, "joguem mais e falem menos"!

Eduardo

Mas primeiro convém definir melhor as coisas. Quando formos 2.000 ou 2.5000... quê? Uma pessoa que comprou (ou recebeu de prenda) o Settlers of Cattan e até acha piada jogar o jogo com os amigos faz parte desses 2.000 (fiquemo-nos pelo número mais conservador), ou não? Presumo que não, que tens em vista pessoas que jogam vários jogos, que conhecem o meio, que se identificam com ele, que se consideram parte do hóbi.

O que requer a resposta a outra questão, tu falas de jogos de tabuleiro (não me leves a mal mas prefiro o velho pt ao crioulo luso-inglês), o Rick Danger (raio de nome, prefiro o velho pt ao crioulo luso-inglês) fala de rpgs. O que define o hóbi? Para mim é ainda o velhinho e já extinto sub-título da Casus Belli, Jeux de simulation (em francês no original, não se trata de crioulo luso-francês).

Sem prejuízo disto, quando houverem 2.000 pessoas neste país (mais uma vez basta-me o número mais conservador) que se identificam com o hóbi a associação já se terá tornado redundante numa das suas principais tarefas, a divulgação. Pois para mim esta é uma das tarefas mais nobres dela e tanto mais importante quanto menor for o número daqueles que se identificam como amadores de jogos de simulação.

Sérgio Mascarenhas

Mas não se trata de «institucionalizar» o hóbi, tarefa fútil e contraprodutiva. Trata-se de o promover e expandir.

Sérgio Mascarenhas

Não!

Já estivéste por dentro do nascimento de uma Associação? Já participáste activamente numa Associação (nos órgãos gerentes)?

Se Sim, força! Tens o meu apoio. Mete lá mãos-à-obra que eu aplaudo e ainda te pago o lanche quando viéres cá acima ao norte convencer o pessoal a aderir (sim, porque isso não funciona post-a-post.

Se Não, estás a gastar latim, ou crioulo luso-inglês ou como lhe queiras chamar.

Desde já estás convidado a vir participar num encontro semanal ou mensal cá no Porto, e discutimos o assunto depois da jogatana.

«Mais vale estar calado e julgarem-te um idiota, do que abrir a boca e dissipar todas as dúvidas.»

[quote=smascrns]

Trata-se de o promover e expandir.

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Isso é o que já fazemos. E não precisamos de ser uma associação para o fazermos.

Será que se pode incluir no Hobby os jogos de cartas coleccionáveis? É que se sim, temos já Magic a engrossar o número e só com isso já se deve chegar sem problemas aos 2000. Magic até é 1 dos pontos de entrada mais fortes para o hobby, visto ser o ccg mais popular do mundo, pelo qual muita gente toma conhecimento com rpg e boardgames.

Problema resolvido?

[quote=smascrns]O que requer a resposta a outra questão, tu falas de jogos de tabuleiro (não me leves a mal mas prefiro o velho pt ao crioulo luso-inglês), o Rick Danger (raio de nome, prefiro o velho pt ao crioulo luso-inglês) fala de rpgs. O que define o hóbi? Para mim é ainda o velhinho e já extinto sub-título da Casus Belli, Jeux de simulation (em francês no original, não se trata de crioulo luso-francês).[/quote]

"Hóbi" é que é crioulo-de-mau-tradutor-de-inglês... Sem ofensa para o crioulo. Há uma palavra realmente portuguesa para isso.

Aparte disso, e apesar de ter tentado manter-me o mais afastado desta discussão possível, até porque já disse o que pensava sobre o assunto noutro tópico dedicado ao mesmo, o teu tom neste tópico é mais que suficiente para se perceber que uma associação, para já, não resultaria.

Mas se realmente tens ilusões acerca disto, força. Cria lá uma associação e depois vê-se no que dá.

A divulgação está a ser feita. Acredito até que de melhor maneira do que se conseguiria com uma associação neste momento.

Dizes mais acima que não acreditas em "portugalite", mas esta permanente necessidade de ter números de contribuinte e presidente e estatutos e não sei mais que porcarias burocráticas é precisamente um dos principais sintomas de "portugalite"... Nada se faz bem neste jardinzinho sem papelinhos...

Um dia poderemos vir a precisar de ter existência jurídica e dinheiro para eventos realmente grandes. Até lá, vamos continuar a jogar, a falar a quem não conhece, a estar em locais públicos com os jogos montados e a divertir-nos. Isso vai chamando mais gente, e esses trarão outros e um dia talvez sejamos tantos que se torne difícil organizar-mo-nos sem uma associação. Nesse dia faça-se a associação. Nesse dia ficarei feliz, dar-lhe-ei o meu apoio se for bem feita e mais feliz ficarei ainda por não ter que a dirigir.

Assim terias uma associação de Magic que por acaso também tratava de board games.

Não muito depois da formação dessa associação haveriam movimentos separatistas por parte dos CCG's para terem associação própria pois não necessitam dos poucos membros dos boardgames e RPG da associação :p

[img]https://www.boardgamegeek.com/jswidget.php?username=ghosthack&numitems=10&text=none&images=small&show=recentplays&imagepos=right&inline=1&imagewidget=1[/img]

Pensando dessa maneira, um dia o pessoal dos RPGs faz a mesma coisa, não por serem a maioria mas sim a minoria na associação. E então deixava-se de ter uma associação do hobby para ter 3 associações: CCGs, RPGs e BGs.

De qualquer das maneiras concordo com os que dizem que ainda não é a hora. Realmente ainda não há gente suficiente para por tudo a andar e para a associação aparecer naturalmente. Haverá um dia em que isso será possível, muito provavelmente quando se tentar fazer uma convenção portuguesa a sério. Sim, já houve várias feiras e torneios grandiosos, mas nada como se vê lá fora, pois não? Ainda não atingimos essa massa crítica por cá, e enquanto não atingirmos não vale a pena tarmos com megalomanias.