Bem, aqui vai o mais sucinto possível:
A função das associações é ajudarem ao desenvolvimento das actividades a que respeitam. Há milhares de associações nos mais variados campos de vida que o fazem de forma perfeitamente adequada. É absurdo olhar para o associativismo nos termos propostos por Grantrithor e Asur. Além de que eles esquecem o simples facto de que as associações são voluntárias. Quem não quer participar é livre de o fazer. Mesmo que depois venha a beneficiar das actividades da associação - como a experiência demonstra em tantos campos.
Quanto ao comentário de The Watcher, eu não tinha em vista uma associação dedicada apenas aos rpgs. O hóbi é já suficientemente pequeno para se criarem divisões destas. A minha ideia era uma associação que apoiasse jogos de tabuleiro, rpgs, wargames, mesmo jogos de cartas.
A Épica é interessante mas não é uma associação do hóbi, embora o seu fóco de interesse esteja próxima deste e com ele viva em «ecossistema». Naturalmente, há todo o interesse numa colaboração.
Tem toda a pertinência discutir o âmbito geográfico de uma associação. Provavelmente é esta ter um âmbito restrito em vez de se abalançar a ter âmbito nacional logo à partida. Por exemplo, ser uma associação de Lisboa. Ou do Porto. Ou de onde houver iniciativa e capacidade de organização. Até podem aparecer várias associações em paralelo com âmbitos geográficos diferentes. Não é caso novo, já vi acontecer isto acontecer noutros domínios. Depois de as diferentes associações regionais estarem consolidadas, podem avançar para uma federação nacional. Cada caso é um caso e determina soluções diferentes.
A carga de trabalho é um problema real mas resulta frequentemente de expectativas excessivas, objectivos demasiado ambiciosos, falta de pragmatismo e até de experiência de gestão. Tudo isso é ultrapassável.
Quanto à portugalite, às discórdias e aos conflitos de ego, no comments. São coisas que me passam completamente ao lado. Eu não acredito na portugalite, para começar. Quando falo de associação estou a pressupor que os associados são gente crescida, madura, que sabe o que está a fazer, pragmática e com capacidade de execução. Não há gente assim no hóbi? Nenhum de vocês que escreveu neste fórum ou que o leu é assim?
Quanto às vantagens relativamente ao informal e ao que fazem as empresas, é simples, olhem para associações de outros hóbis e grupos de interesse. Porque é que eles entendem que têm vantagens em terem associações? Será que são de um planeta diferente do planeta do nosso hóbi? Creio que não. O informal tem as vantagens e as desvantagens de o ser. É mais flexível mas mais limitado. As empresas têm os seus interesses, sem dúvida importantes, mas não necessariamente coincidentes com os dos consumidores, mesmo que todos sejam complementares.
Quanto às vantagens, não há aqui nada a inventar e algumas já foram referidas:
Como disse o Tiago, credibilidade. Isso é mais importante do que se pensa. Facilita imensa coisa como a organização de eventos. É sempre mais fácil realizar um evento com alguma dimensão quando se tem uma organização por trás, sobretudo quando essa organização implica apoios institucionais, patrocínios, etc.
Promoção, publicidade e relações públicas. É mais fácil chegar à tv, por exemplo, com uma associação. Ou a um jornal regional. Ou a um programa de rádio.
Capacidade de organização. É para isso que existem as associações, para organizarem.
Difusão de informação entre os interessados no hóbi. As organizações tendem a ter boletins, sites, mailings, etc. e tal.
Pressão. Uma associção é um parceiro legítimo para, por exemplo, negociar uma revisão da incidência fiscal sobre os jogos - baixar o IVA. Um grupo de jogadores não o é.
Parcerias e relações institucionais. Uma associação está melhor posicionada para sensibilizar uma câmara para criar ludotecas nas bibliotecas municipais, para abrir as escolas aos jogos, para difundir na comunidade informação crítica (estudos sobre o valor pedagógico dos jogos de tabuleiro... se existirem), para colaborar com associações congéneres noutros países, etc. e tal.
Há imensa coisa que uma associação pode fazer. Desde que haja imaginação. Como em tudo na vida.
Sérgio Mascarenhas
PS E para que não hajam equívocos, o que uma associação não faz: Não se substitui à iniciativa informal dos fans do hóbi como o Abre o Jogo, os Encontros, o simples prazer de jogar com amigos. Não se substitui aos comerciantes como a Runadrake ou o Homem Azul. Não soluciona os conflitos de interesses, pessoais, comerciais instalados no pequeno meio em que vivemos.