Blue Rose RPG: Cantares d'Amiga - Review pl'Amiga da Onça

Disclaimer: A angustia, o horror, o medo! A Amiga escapou da sua jaula no bloque da Lady e agora anda à solta no AoJ!!! Nada está salvo!!!



O comentário da Lady Entropy:

Ora bem, normalmente, eu faria um review normal (GBU) deste RPG, mas nunca antes um jogo conseguiu atrair-me e repelir-me ao mesmo tempo como o Blue Rose. Por isso, tive que fazer disto um review especial, com participação da Amiga da Onça: daí surge o primeiro "Cantar d'Amiga" que são os reviews feitos de um ponto de vista menos... simpático. Pelo lado bom de Blue Rose, temos o facto que é um jogo muito bem trabalhado, inteligente, e que se dirige a questões e problemas que normalmente são ignorados nos típicos jogos de fantasia. Tenta quebrar alguns clichés, porque é um jogo de Romantic Fantasy e vai contra o mais que batidinho complexo de Lone Ranger. A arte é muito bonita (se bem que delicodoce) e quem a escreveu fê-lo de forma acessível e simples, fazendo um esforço para aproveita mecânicas normalmente ignoradas no D20 normal (como a questão dos alignments) tornando-as mais significativas e interessantes.

 

Chega a Amiga da Onça:

Alguns paragrafos depois da introdução, leio a definição de Romantic Fantasy -- e fico com vontade de vomitar. Romantic Fantasy é o estandarte de tudo o que é cor-de-rosa, Fofinho e Bonzinho, com Unicórnios incluidos -- Ou seja, Mary-Suelândia. Até a merda dos half-orcs (Night People) são herois que apenas lutavam do lado dos feiticeiros maus porque estes mantinham as famílias deles presas e depois se rebelaram. Isto já para não falar no facto que há animais falantes, toda a gente tem poderes mágicos (mas só usado para curar e poderes psíquicos) e só as pessoas más é que são preconceituosas e em breve serão derrotadas. Aqui luta-se para por KO, não matar e até os criminosos mais empedernidos são ou exilados ou é-lhes colocada uma coleira de pacificação para que não possam magoar-se a eles ou aos outros mais.

Tive que parar de ler por um bocado porque comecei a ter flashbacks com o "Laranja Mecânica" (o que até teria piada se os policias de BR fossem como os do filme.... querias! São todos bonzinhos). Todos podem ser nobres (só têm que passar no teste) a escola é grátis para todos, e isto é uma monarquia da tanga porque é tudo decidido à base de consílio. E o proprio governante é escolhido por um veado que sai de um vitral (don't ask).

Este foi o primeiro jogo que, após tão-só ter lido dois parágrafos da introdução, eu soube que nunca na vida iria gostar. Ao mesmo tempo soube porque é tão popular com muitas gajas e quem gosta de coisas fofi.

O livro continua com a típica história do mundo em que isto se passa, começando por um muito infeliz e cliché mito: eram uma vez 4 deuses, os primeiros, chamados primordiais. Um dos deuses, ficou com ciumes dos irmãos e ficou maluco e mau (uau, que original). Sem querer, criou sete deuses menores e maus e no processo, o mundo começou a ser arrastado para a sombra e vários demónios começaram a atacar os outros três irmãos. Uma das irmãs vá de agarrar a sua espada e lutar, mas os maus eram muitos. E que fazem os lorpas dos outros dois irmãos? Uma começa a chorar. O outro apanha as lágrimas dela num cálice. Raios me partam se eu queria deuses morcões destes...  francamente. Não lhes ocorreu.... sei lá, ajudar?

Claro que como o deus do cálice é gay (não, não estou a falar metaforicamente), não me surpreendeu nada que  em vez de pegar numa arma e lutar pelo recém-criado mundo ele se pusesse a fazer cocktails. (peço já desculpa a qualquer gays que me estejam a ler. É injusto assumir que pessoas gay sejam automaticamente idiotas, incapazes, e com falta de capacidade de perceber o conceito de prioridades).

Das lágrima saltaram os deuses menores, começando pelo "Lord of the Dance". Tive que parar de ler durante vários minutos porque só conseguia ver isto:

 

Acalmei-me, depois de muito esforço, continuei a ler.... e parágrafos abaixo leio que este deus é também o santo patrono dos homensechuales.

Não estou a gozar. O Lord of the Dance é também o santo patrono dos gays e amante do deus do cálice.

Foi tudo para as urtigas, e foi a partir deste momento que soube que nunca poderia levar este jogo a sério.

Coisas como os nomes dados aos gay (Lovers of the Dawn) e aos não-gay (Keepers of the Hearth) bem como as alcunhas pelas quais se referem no caso de serem abordados por pessoas que não vão de encontro com os seus desejos sexuais, feitiços para transexuais mudarem de sexo, e a insistência que só os maus (e os gajos que vivem no reino vizinho que são um bando de extremistas religiosos) é que são preconceituosos, e que poligamia também é aceite - tudo isto faz parte do livro (e, tendo em conta o grande numero de animais sentientes e inteligentes) estava mesmo à espera de encontrar um parágrafo falando das vantagens do bestialismo.

Li o resto do livro sem grande interesse (queria mesmo encontrar a passagem sobre o bestialismo, mas não tive sorte), e apenas consegui ficar um bocado enjoada com as imagens da nova rainha (que é eleita no inicio do livro) que aparece sempre a chorar baba e ranho (apesar de supostamente estar no trono à 8 anos) em todas as suas imagens só porque supostamente quando o Veado de Ouro a escolheu para rainha, ela desatou a chorar.

Obviamente que esta rainha é muito bonita, muito boazinha, esforçada e quer que toda a gente se dê bem, e é também muito naive.

De resto, em termos de sistema, é D20. Poderia dizer muita coisa, mas hoje não me apetece. Francamente, acho que me fico pela dark fantasy.

Agora, vou ali ao centro médico apanhar uma injeção de insulina antes que apanhe diabetes só por ter lido este livro.

Meninas (e rotos) divirtam-se.

Meninos (e meninas más como eu) mantenham-se longe -- porque o Lord of the Dance pode apanhar-vos.

Algumas dúvidas:

  • Os feiticeiros maus que mencionas a propósito dos half-orcs são mesmo maus ou tiveram apenas uma infância difícil?

  • Os concílios misturados com o monarca eleito pelo veado que sai do vitral serão as comunas anarco-sindicalistas do “Monty Python and the Holy Grail” que finalmente se submeteram à irracionalidade do grande capital?

  • Afinal a quem é que se destina este jogo? Será a gamers “rotos” (para usar a tua terminologia) para que possam assumir a sua “rotice” ludómana?

Parece-me um bom jogo para convidar miúdas ingenuas a introduzi-las nos rpg's, mostrar que não somos umas bestas insensíveis e depois levá-las ao nosso quarto… Se bem que dá demasiado trabalho, e há métodos mais simples.

.. é um bom jogo.. e num havia nexexidade :)

Suponho que a intenção é boa e, se o livrito ainda está bem escrito, dá para ler com uma certa dose de sentido de humor e ignorar as partes mais delicodoces. Quer dizer, consegue esticar o d20 até um roleplay mais envolvente e dramático?

Que tal é a aventura que vem no final?

Eu conheci este jogo quando saiu, acho que vi uma critica qualquer e curti a arte. Espreitei o site oficial e acabei por tirar a documentação de demo. O que me interessou mais no inicio foi a utilização do que viria a ser conhecido como True20, um sistema d20 ainda mais simplificado e sem HPs.

Pareceu-me tudo muito bem e bonito até começar a ver que aquilo era mesmo, como dizer, estranho. Eles apresentavam o jogo como Romantic Fantasy, e se bem que não diziam directamente, lia-se nas entrelinhas que este é um jogo principalmente para mulheres. As inspirações do RPG eram principalmente literatura de cordel, por isso pouco fica á imaginação. Ainda pensei em tentar fazer umas sessões, mas arranjar um cambada de gente que não tivesse medo de jogar algo de rotos não era tarefa fácil. Quando vi que iam editar o sistema usado em forma de manual generalista de roleplay, desisti do Blue Rose.

Sem dúvida que retive os pormenores principais, ora chocado ora surpreendido com a audácia dos autores: toda a gente é boazinha, o mundo tá todo em paz, os animais falam por telepatia e podem ser PCs, há muito amor pelo ar, homosexualidade não é mal vista, sendo até bem aceite. Esta pequena lista fez-me criar então um paradigma que até hoje retenho na cabeça: se este jogo com estas caracteristicas é destinado ás mulheres, quer dizer que elas se interessam por histórias de amor de cariz homosexual?


Light allows us to see, Darkness forces us to create...

 

Deixa-me pensar… não.

É verdade que meteram uma ou duas mecânicas que incitam mais ao roleplay, mas não é nada que faça o jogo extraordinário nem que transforme D20 em algo francamente profundo.

Ainda não li a aventura (mas suspeito que seja igualmente intragavel). Tendo em conta que metade do livro são regras, a parte do setting le-se bem, mas não me deixa interessada (tive que me obbrigar a ler para poder escrever a review).

Francamente, do meu ponto de vista, o hype foi totalmente exagerado. Do ponto de vista de uma gaja num mundo de gajos, é um bom jogo.

Ó meu amigo… mas tu em que mundo vives? A maior parte das gajas ADORA romance homensechuale! Vai ao google e procura “yaoi”. Yaoi é o mesmo que hentai mas só com gajos… e sempre dramalhões de faca e alguidar. Tipo, a minha melhor amiga 90% das vezes joga personagens masculinas só para poder ter romance de abafar a palhinha (veja-se em shinigami).

Obrigado por me tirares o sono. Da próxima vez que te vir vais levar um calduço tão grande, só para me vingar da imagem mental que acabaste de desenhar.Yell


Light allows us to see, Darkness forces us to create…

 

 

Já que vou levar um calduço de todas as formas, decidi ajudar a imagem mental e deixar-te aqui uma imagem real de yaoi. Enjoy!



Ps. Yaoi, ao contrario do que se possa pensar, não é escrito com os gays em vista. É escrito para as mulheres!

…pago-te um copo. Adorei a imagem mental. Ea outra também.

Que o Steve Kenson, o designer, é um dos mais conhecidos rotos da história dos designers. Num dos livros de GURPS até refere que vive com o seu companheiro, um mago wicca qualquer.

Daí não espantar que a imagem seja toda muito apropriada.

Foi preciso coragem da parte da Green Ronin, lançarem o Blue Rose, mas eles já tinham apostado, e com muito sucesso, no Mutants and Masterminds, também do Steve Kenson; julgo que quereriam repetir a dose com o Blue Rose, mas não tenho ideia do sucesso ter sido sequer equiparável.

–~~–

To crush your enemies, to see them driven before you, and to hear the lamentations of their women.
-Noddy, Lord of Darkness

Pois é Joaquim… em que mundo é que vives, pá? Não tens internet? :slight_smile:

Agora é melhor é falares com a tua namorada para saber que outros segredos ela e a espécie dela te andam a esconder. :wink: Se descobrires algo, partilha; a entrada da wikipedia sobre as mulheres ainda está longe de conseguir explicá-las!

Eu já tive a comentar com ela, e cheguei à triste conclusão: as mulheres são piores do que os homens. Por mais mal que nós façamos, elas conseguem fazer bem pior (se bem que em campos diferentes, mas em potência semelhante).

Mas pronto, elas têm direito de se divertir com o yaoi, enquanto que nós temos carradas e carradas de hentai! Deixem-nas gostar de romances homosexuais, nós ficamos com porn lésbico, hehehe!


Light allows us to see, Darkness forces us to create...

 

Mas será que eu ando a ser enganado há décadas? É que eu até conheço gajas e até falo com elas e algumas delas até me respondem de volta, mas nunca, nunca, nunca na vida uma mulher me disse que gostava de romance ou pornografia gay. Antes pelo contrário, a maioria diz-me sempre que são pênes a mais e tal. Será que eu conheço as gajas erradas? Ou serão as certas e tu é que conheces as erradas? Mas certas e erradas para que propósito? Estou confuso…