Botanik

 


Sinopse:

Beatrix Bury acaba de inventar uma geringonça capaz de produzir qualquer tipo de vegetal mecanicamente, tal invenção será a derradeira solução para resgatar o povo Katbra, aprisionado num planeta tóxico e feito de metal. É neste cenário de pré-extinção, que os jogadores, dois peritos da equipa de mecano-botanistas de Beatrix Bury, lançam as bases para criar a máquina mais eficiente na produção de legumes.

Em Botanik as fichas que irão compor a máquina de cada jogador conseguem-se a dois tempo, primeiro tem de ser colocada no tabuleiro central e só depois os jogadores terão a possibilidade de desencadear um processo para as libertar e as fazer voltar para a sua área de jogo e assim as poder integrar na sua máquina.

Como se joga:

⇒ Setup

Coloca-se o tabuleiro no centro da mesa entre os dois jogadores e ao seu lado o marcador de primeiro jogador. Cada um coloca à sua frente a ficha de máquina inicial com a face voltada para cima.

Baralham-se todas as fichas de máquina e formam-se várias pilhas ao lado do tabuleiro com a face virada para baixo. Dessas pilhas revelam-se 5 fichas com a face voltada para cima que se colocam nas 5 casas centrais do tabuleiro.

Escolhe-se quem começa e entrega-se-lhe o marcador de primeiro jogador (Meca).

Imagem Olaf Magnusson

⇒ Desenvolvimento

Botanik joga-se até todas as fichas de máquina terem sido colocadas no tabuleiro central.

O jogo desenrola-se à vez e respeitando as seguintes fases:

  1. O jogador com o Meca revela à sorte 3 fichas das pilhas de reserva com a face voltada para cima;
  2. Cada jogador, à vez e começando por aquele que tiver o Meca, colocam uma das fichas reveladas numa das casas centrais do tabuleiro;
  3. Assim que as 3 fichas tiverem sido colocadas, o marcador Meca passa para o outro jogador e repete-se novamente o processo.

Quando se coloca uma ficha no tabuleiro central podem optar por:

a) colocar a ficha do nosso lado

Neste caso é preciso que haja uma casa livre do nosso lado do tabuleiro e a ficha tem de ter uma relação direta com a ficha da casa central adjacente à casa onde pretendemos colocar essa ficha, ou seja, a casa adjacente ao local onde pretendo colocar a minha ficha tem de ter uma ficha com a mesma cor ou com o mesmo tipo de máquina.

Obviamente que se a ficha for exatamente igual à da casa central também cumpre os requisitos anteriores.

b) colocar a ficha numa das casa centrais do tabuleiro (empilhada sobre outras)

Neste caso, a ficha é colocada numa das 5 casas centrais do tabuleiro, geralmente empilhada sobre outra.

Depois de colocada a ficha verifica-se se existem fichas nessa coluna, e se houver, libertam-se as fichas que não tenham nem a mesma cor nem a mesma forma da que se acabou de colocar. Essas fichas podem ser libertadas do nosso lado, do lado do adversário ou de ambos os lados.

Se pelo menos uma das caraterísticas se mantiver, as fichas mantém-se no mesmo sítio.

Aumentar a minha máquina

Sempre que pela ação da opção b), se libertar uma ficha de máquina, os jogadores têm de a incorporar imediatamente na sua máquina obedecendo às 3 regras seguintes:

  • Tem de ser colocada adjacente a outra ficha previamente colocada na nossa máquina;
  • Um tubo só se liga a outro tubo e um lado sem tubo só se liga a outro igualmente sem tubo;
  • A ficha inicial nunca pode ser completamente cercada.
 

As fichas Meca-botânicas

Colocar uma ficha de meca-botânico nas casas centrais do tabuleiro não muda em nada a regra geral, no entanto, quando uma dela se liberta do nosso lado obriga-nos a trocá-la por outra ficha de qualquer casa central, que se colocará imediatamente na nossa máquina. Nessa troca pode dar-se o caso de a ficha de meca-botânico libertar uma segunda ficha, e nessa situação é legal colocar duas fichas na nossa máquina no mesmo turno.

No caso de uma ficha de meca-botânico ser libertada do lado do nosso adversário, primeiro terminamos o nosso turno e só depois ele procede ao efeito do meca-botânico que recuperou, executando todos os passos explicados anteriormente.

Uma ficha de meca-botânico nunca pode ser trocada por outra ficha de meca-botânico, mas uma ficha colocada na casa central e que permitiu libertar o meca-botânico pode ser a escolhida para fazer a troca explicada anteriormente.

⇒ Fim do jogo

O jogo termina assim que um dos jogadores coloque a última ficha no tabuleiro central. O jogador termina o seu turno de forma normal e depois faz-se a contagem dos pontos da seguinte forma:

a) Retiram-se todas as fichas da nossa máquina que não estejam conectadas com a nossa ficha de máquina inicial;

b) Conta-se 1 PV por cada ficha que faça parte de um grupo composto por um mínimo obrigatório de 3 fichas adjacentes da mesma cor;

c) Cada flor vale 1 PV.

Atenção às flores das fichas de planta e de legume que só podem ser contabilizadas se estiverem ligadas a uma ficha de tubagem da mesma cor!

Avaliação:

Botanik apresenta-se numa caixa retangular pequena na linha de jogos para 2 jogadores da editora Space Cowboys.

Como sempre, a produção do jogo é espetacular, os componentes, embora não sejam mais do que fichas de cartão e um marcador de jogador ativo, são feita com uma qualidade irrepreensível. O detalhe do marcador é digno de destaque para uma peça que dá gosto de observar ao detalhe. Sendo o requinte das produções da Space Cowboys uma das suas imagens de marca, este pequeno jogo não baixa a fasquia. O tabuleiro é também feito de uma cartão grosso a imitar um bloco de anotações, para nos transportar para o mundo steampunk a que o jogo nos conduz.

O tema do jogo diga-se, não me convenceu de todo, mas enfim, aqui estamos em presença sobretudo de uma boa mecânica. Simple, já vista em outros jogos, mas eficaz e eficiente no seu objetivo de nos prender ao jogo. Numa primeira abordagem ao gameplay, há uma nota comum: avançamos num campo meio sombrio, sem saber bem onde colocar as fichas no tabuleiro central e qual a melhor estratégia a adotar, mas depois de quatro ou cinco turnos, como que se dissipa a névoa e começa a verdadeira experiência deste Botanik.

Botanik é um jogo subtil e elegante, que irá interessar sobretudo a pessoas que gostam de jogar a dois e de interação direta. Vigiar o jogo adversário é por isso essencial quando os oponentes dominam a estratégia. O fator sorte está presente e por isso é preciso estar disponível para a frustração da aleatoriedade na revelação das fichas.

Em suma, podemos dizer que Botanik é rápido, estratégico, com muitas interações que nos mantém em suspenso ao longo de toda a partida, requerendo a adaptabilidade suficiente para acertar nos timings corretos para libertar fichas ou antes bloquear o adversário. Um aplauso final para a preocupação da editora com os daltónicos, ao incluir símbolos muito bem integrados na ilustração das fichas.

A Space Cowboys junta assim mais um título à sua já longa lista de excelentes jogos dedicados a dois jogadores (Jaipur, Tea for 2, Ankh’Or e o mais recente Splendor Duel).

Artigo original em JogoEu


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