O meu RPG favorito. Criado pela Chaosium (a mesma empresa que criou Pendragon). As personagens tem características de 0 a vinte e poucos (sendo 12 a média), como força, inteligência e afins, que servem para dar corpo à personagem, sendo pouco utilizados em lançamentos. Tem depois skills de 0 a 100 (library use, locksmith, spot hidden, etc). Tudo muito simples.
Os jogadores escolhem uma profissão (que pode ir de mendigo a milionário); embora todo o tipo de profissões tem vantagens, convém sempre ter um professor universitário especialista em história/línguas antigas, pois mais cedo ou mais tarde os PJ’s irão deparar-se com textos em língua estranha ou objectos arqueológicos que convém serem rapidamente identificados. É um jogo sobretudo de investigação (embora algumas competências de combate dêem sempre jeito) interrogando pessoas, lendo livros e registos, procurando pistas, que dêem a solução (e salvação) antes do confronto final (contra um cultista, uma organização ou uma criatura qualquer); uma party de personagens unicamente preparadas para a luta é capaz de ter uma vida muito curta (quando se aperceberem que as suas AK-47 não fazem mossa nenhuma a um ser de 30 metros de altura).
Este jogo tem por base a mitologia criada por H.P. Lovecraft. Não vou estar a desenvolver esta, senão seria um artigo só para isso: digamos que Lovecraft criou toda uma história alternativa, povoada de numerosas criaturas de pesadelo (que estão em boa parte adormecidas ou escondidas); o homem ignora tudo isso, confortado nas certezas da sua ciência/religião favorita, até que tropece nelas por acaso.
Pode-se jogar em 3 eras diferentes: período Vitoriano (séc. XIX), anos 20 e actualidade. Na realidade, o jogo está direccionado para os anos loucos (época da maior parte das histórias), e que tem mais piada (mas isso é uma questão de opinião). O livro contém o background mitológico, um bestiário (ha! Que saudades das gouls!), uma biblioteca muito particular (já ouviram falar do necronomicon?), regras de magia (deve ser o único jogo em que os jogadores se disputam a honra de não aprender feitiços), várias cronologias (de acontecimentos políticos e sociais, desastres, sobrenatural), uma secção sobre medicina legal (estilo C.S.I.), 4 cenários (utilizei já 3 e nunca tive razões de queixa), uma secção de armas para os fãs do género.
Reservo para o final, aquilo que é considerado uma das originalidades do jogo: a sanidade mental. Todos os personagens tem um determinado valor de San; à medida que vão encontrando “coisas” que vão abalando a sua percepção do mundo, vão perdendo a sanidade, até estarem loucos, mortos ou convertidos aos Grandes Antigos.
Já mestrei muitos cenários mas uma só campanha; como jogador joguei uma campanha com a lady entropia em que banimos o próprio Cthulhu (acabámos os dois loucos num hospital psiquiátrico, que melhor fim?). É que não vale a pena apegar-se demasiado à personagem: mais cedo ou mais tarde ela cederá. Sic mundi transit. Ou seria mais apropriado: Ph'nglui mglw'nafh Cthulhu R'lyeh wgah'nagl fhtagn
Eu sei que o artigo é muito curto para um jogo tão rico, mas qualquer contribuição é bem vinda.