Carcassonne. Um nome que se tornou quase um simbolo de boardgaming. O boardgame que deu nascimento aos meeples. Talvez o boardgame tipo-Alemão mais conhecido do grande público além do Catan. Mas será toda esta fama merecida?
No Carcassonne o objectivo é ganhar o máximo número de pontos pondo peões em forma de pessoas, a partir daqui conhecidos como meeples, em estradas, cidades e campos.
A apresentação do jogo não é nada de além, um livro de regras funcional e muitos, muitos tiles que formam a base do jogo. Felizmente as regras são muito fáceis de explicar e qualquer pessoa pode jogar ao jogo em menos de cinco minutos.
As regras são simples. Começando no starting tile os jogadores, um de cada vez, sacam um tile randomicamente e depois colocam-no em jogo, adjacente ortogonalmente a um tile que já tenha sido jogado. A regra mais importante neste jogo é que as arestas dos tiles colocados adjacentemente devem combinar, por exemplo uma cidade com uma cidade. Isto torna o jogo deveras muito interessante.
Depois de colocar um tile o jogador tem hipótese de colocar um meeple no tile que jogou. Onde ele coloca o meeple faz toda a diferença, pois um meeple numa estrada dá pontos de maneira diferente do que um meeple num campo. De referir que meeples numa cidade ou estrada são devolvidos para a nossa mão quando a estrada ou cidade tiverem sido completadas, um meeple num campo fica lá durante o jogo todo. No fim do jogo os pontos são contados e quem tiver mais ganha.
As regras podem-se resumir a isto. Nada de complexo, tudo muito simples.
O fixe deste jogo é que, devido à sua natureza, nenhum jogo é igual, o que cria sempre tabuleiros diferentes. De referir que este boardgame é visualmente estimulante, e é um prazer ver o tabuleiro completo no fim, cada um diferente do outro.
Bem, este jogo parece ser muito simples e é. Isto é uma vantagem e uma desvantagem. Uma desvantagem porque jogadores veteranos acabam por se entediar do jogo depois de jogá-lo umas quantas vezes, mas o jogo é perfeito como jogo de introdução aos novatos, como um gateway game. Nesse aspecto, há muito poucos jogos melhor que este. De facto, pessoalmente, prefiro introduzir este jogo aos novatos do que com o Catan, pois este jogo não obriga um jogador a fazer muitas análises durante o jogo e é mais rápido e fácil de jogar que o Catan. Enfim, um grande gateway game e perfeito para mostrar ao nosso tio que pensa que boardgames se resumem ao monopoly.
Este jogo tem um mal no entanto, para o jogo que é existe um pouco de downtime se apanharmos o jogador errado no nosso grupo. Devido ao facto que o tabuleiro vai crescendo à medida que o jogo avança, alguns jogadores podem passar um bocado mais de tempo a pensar onde colocar o tile que acabaram de sacar, mas no fim o downtime não é nada de muito mau, só mais uns segundos extras.
O segundo mal é a sorte. Este jogo está completamente dependente da sorte, pois os jogadores são obrigados a buscar tiles randómicamente. No entanto, apesar de odiar jogos com enfase em sorte, devo dizer que este jogo não me chateou muito, até gostei pois este jogo sem sorte tornar-se-ia muito chato. A sorte traz um factor de caos bem-vindo que se integra muito bem na dinâmica do jogo.
O tema deste jogo está bem concebido. Realmente pensamos que estamos a desenvolver uma região. Para o boardgame que é, tem um bom tema que cola. O tema eleva este jogo acima do escalão de jogos puramente abstractos.
Quanto ao peso, este boardgame é light. Não é um gamer’s game, é mais um filler, embora demore demasiado tempo para ser considerado um verdadeiro filler. É um boardgame que se joga quando não se tem mais nada para jogar, ou quando se quer um divertimento fixe em menos de 50 minutos.
A interacção entre jogadores é um dos pontos fortes do jogo. Não há interacção directa, mas há muita indirecta, pois a colocação de um tile no tabuleiro implica consequências para todos os jogadores a seguir. O que me traz a um ponto, este jogo pode ser porco. Um jogador pode jogar tiles de maneira a lixar os outros jogadores. No fim, eu devo dizer que é raro aparecer um jogador porco em Carcassonne, mas existe essa possibilidade.
O dinâmismo do jogo é interessante. Além da região ser construida e desenvolvida aos poucos, a sorte de sacar um tile obriga-nos a pensar um pouco e a escolher a posição mais optimizada.
O que me traz ao ponto sobre estrategia e tactica. Este jogo é quase puramente tactico. Recompensa bastante os planos a curto prazo, é extremamente táctico já que fazer planos a longo-prazo é dificil.
Dificil, mas não impossivel. Colocar um meeple num campo é um exemplo de estratégia neste jogo. É o único caso onde fazemos uma jogada que dará frutos somente a longo-prazo.
Portanto este jogo é quase puramente tactico, o que, como referi anteriormente, é bom para novatos.
Eu gosto deste boardgame. Joga-se bem, não dá problemas e é tempo bem gasto. Não é nada de especial, nada de incrivel que nos faça jogar sempre ao jogo, mas quando queremos algo que não nos faça pensar muito escolhemos este jogo.
É fixe e eu aconselho este boardgame a quem quiser introduzir novatos. De facto, deve haver muito poucos boardgamers que já não tenham este boardgame.
É um boardgame simples com alguma subtilidade e que é perfeito para torneios. Por mim, recomendo este jogo, pois pelo preço que é recebe-se um bom jogo. Se fosse mais caro possivelmente já não o recomendava tão facilmente.
Enfim, um boardgame interessante e fixe. Para o seu estilo, há melhores, mas há muito piores, e os piores são mais que os melhores.
(De referir que este boardgame tem muitas expansões que tornam o jogo muito, muito melhor. Este review é só sobre o jogo base sem expansões.)
13 de 20.