Em 1999, a Alea lança um boardgame de nome Chinatown de Karsten Hartwig. E ao lançarem este jogo, lançaram o melhor boardgame de negociação pura que existe. Embora out of print e as copias valerem fortunas, é dos boardgames mais jogado pelo meu grupo.
O jogo está adequadamente apresentado. Tabuleiro, cartas, tiles, tudo é funcional, embora nada de espectacular.
O objectivo do jogo é construirmos lojas numa cidade e sermos o jogador que, no fim, tem mais dinheiro. As lojas são especiais, pois existem vários tipos de lojas de tamanho variável. Quando se tem lojas iguais, podemos construi-las juntas pois assim dão mais dinheiro. Existem lojas de tamanho 3, 4, 5 e 6. Uma loja de qualquer tamanho que esteja completa vale mais que uma loja incompleta.
Regras. Bem, o que é lindo neste jogo é que as regras explicam-se em 30 segundos. De facto, é tão fácil mudar as regras deste jogo que é uma alegria criarmos house rules. As regras basicamente ditam que cada jogador recebe x cartas de terrenos, dependendo do numero de jogadores que podem ser 5, discarta y cartas, outra vez dependendo do numero de jogadores, coloca os marcadores nos terrenos, que estão numerados como as cartas, saca n tiles de lojas e é só isto. A partir daqui é pura negociação.
E que negociação. Este jogo é perfeito para quem gosta de negociar. O coração do jogo é mesmo a negociação, em que tudo, desde dinheiro a lojas a terrenos, pode ser negociado. Embora não tenha tantos items para negociar como o Traders Of Genoa, o Chinatown refina o aspecto de negociação ao mais puro nivel. Já que há poucos items para negociar e ter uma cadeia de lojas é importante, as negociações neste jogo são sempre muito intensas e envolvem toda a gente. Não há limites, pode-se negociar tudo e durante quanto tempo quiserem. Este boardgame treina-nos a capacidade de negociar um bom negócio como nenhum outro. É pura e simplesmente lindo. Há que referir que este jogo baseia-se em informação aberta, ou seja, todos os jogadores sabem o que os outros jogadores têm na mão, mas isto pode ser mudado facilmente para adequar-se aos gostos de cada jogador.
Depois da negociação completa, actualiza-se o tabuleiro e colocam-se as lojas. Uma vez colocada uma loja, ela já não se pode tirar do tabuleiro, embora possa trocar de dono, é a única limitação no jogo.
É um jogo muito tactico mas também muito estratégico, como todos os jogos de negociação são. Um jogador deve ver o que quer a curto-prazo sem descorar dos seus planos a longo-prazo.
Quem tiver mais dinheiro no fim ganha.
Eu gosto muito deste boardgame. Quando o meu grupo quer jogar um jogo de negociação, é este que trago (embora às vezes leve também o Quo Vadis). Não é um boardgame pesado, é bem leve de facto, e as regras são facilmente mudadas para servir o gosto de cada jogador. Para mim, este é o melhor jogo de negociação pura que existe.
Embora out-of-print, é fundamental ter este boardgame se se é um aficionado por jogos de negociação. É também um bom boardgame de introdução a novatos nas andanças de boardgames.
Basicamente, é um boardgame que gosto bastante e que recomendo vivamente a quem queira passar o tempo a discutir quanto vale uma loja de jeans.
Um 17 de 20.