Cubus - Primeiras impressões

Cubus 

De quando em vez aparecem-nos jogos peculiares que nos deixam algo confusos, algo fascinados com a capacidade que os humanos têm de usar qualquer coisa para se divertir.
Cubus é assim. Por um lado fico fascinado que alguém tenha imaginado um conjunto de regras à volta da ideia de criar caixas com imagens em perspectiva. Por outro, é esquisito como o camandro...



Este é um jogo extremamente "visual" e vai ser talvez o jogo mais difícil de descrever em texto sobre que já escrevi até agora.
É constituído apenas por mosaicos rômbicos (losangos) que representam uma das faces de uma caixa quando esta é representada em perspectiva isométrica. Alguns desses mosaicos representam parcialmente o interior da caixa, como se amesma estivesse sem tampa, e por isso só poderão ser usados como topos das mesmas e adicionalmente não podem ser movidos.

O objectivo do jogo é criar caixas usando estes losangos respeitando a física, ou seja, um topo que tem um objecto pousado em cima será sempre um topo embora possa ser movido. Na perspectiva isométrica cada caixa terá três faces visíveis.
A cada turno um jogador recolhe um mosaico e tenta adicioná-lo aos que já tiverem sido jogados anteriormente (ou dando início aos conjunto criando a primeira caixa com três losangos) de forma a que o conjunto representado conten ha mais caixas que antes da sua jogada.
O busílis da questão está todo em que as caixas são contadas tendo em conta mesmo as que não esteja visíveis "atrás" das outras. Deste modo, é possível manipular os mosaicos já jogados para conseguir que aquilo que se vê na mesa vá sendo um conjunto crescente de caixas.


Percebido?
Não?
Pois... É estranho.


Talvez algumas imagens ajudem:


Aqui podem ver-se 2 caixas, uma com um dos "topos" que não podem ser movidos, além da caixa do jogo...

Aqui estão 7 caixas... (não sei se a colocação é legal)

Aqui 25 caixas com 3 "topos" inamovíveis. Ignorem o pássaro azul.

Mais claro um pouco?


Se o jogador conseguir acrescentar caixas ao desenho, ganha pontos conforme o número de mosaicos que teve que usar para o fazer.
Se não usar mosaicos (possível pela manipulação de mosaicos jogados anteriormente) ganha 3 pontos por caixa.
Se usar dois mosaicos, 1 ponto por caixa.
Se usar 1 mosaico, 2 ponto por caixa.

Se um jogador achar que não consegue fazer nenhuma caixa adicional, os outros podem intervir mostrando que tal é possível e ganhando os pontos correspondentes mas se disserem que é possível e não for, todos os adversários ganham dois pontos.

O jogo termina quando acabarem os mosaicos.

E é isso.


Após esta tentativa provavelmente frustrada de explicar como se joga, o que dizer do jogo?

Em primeiro que é bonito. Os desenhos estão bem feitos e creio que são todos diferentes. O estilo faz lembrar Escher e as suas brincadeiras com a perspectiva e formas impossíveis.
Depois que acaba por ser um desafio algo interessante tentar imaginar formas de conseguir aumentar o número de caixas com as restrições impostas, quer pelos mosaicos que temos quer pela existência de "topos" que não podem ser movidos.
Finalmente que, enquanto jogo, não é grande coisa.

Clarificando, é uma actividade curiosa e algo desconcertante que entretem por alguns minutos, mas que cansa bastante quando se prolonga. E olhem que é fácil que se prolongue porque às vezes as possibilidades são difíceis de detectar e induz algum AP.
Por outro lado, fico com a sensação de que será provavelmente possível criar um algoritmo que, tendo em conta a forma do conjunto de caixas actual (x caixas de largura por y de comprimento e z de altura)  e o número de mosaicos disponíveis para jogar, determine as possibilidades de expansão.
Quero com isto dizer que houve momentos na partida que joguei que me pareceram exercícios matemáticos puros. Os "topos" introduzem alguma imprevisibilidade e creio que será precisamente devido a este potencial determinismo que foram introduzidos no jogo.

Depois, o sistema de pontuação induz alguma confusão e obriga a cálculos constantes (ou anotações) para estabelecer se o número de caixas aumentou e os pontos obtidos pelo jogador...

Enfim. Não fiquei com grande vontade de jogar outra vez. Posso vir a fazê-lo mais por curiosidade ou se outras pessoas quiserem mas dificilmente serei eu a sugeri-lo.
Em termos de rating do BGG, andará ali pelo 4.

Como esta é a primeira destas análises que tem um cariz mais negativo, prestem especial atenção às notas que acrescento sempre no fim e experimentem vocês mesmos antes de decidirem seja o que for.

-_-_-_-
 

Esta é uma série de análises / críticas a jogos feitas após a primeira partida.
Normalmente é má ideia fazer este tipo de exercício após uma só partida. Muitos jogos exigem maior experiência para nos apercebermos quer dos seus aspectos positivos mais difíceis de ver, quer dos seus possíveis defeitos.

No entanto, com o ritmo a que vão saindo jogos e tendo em conta o facto de que bastantes deles acabam por ser jogados uma só vez, as primeiras impressões são muitas vezes as mais importantes.

Adicionalmente, após ter jogado mais de 600 jogos diferentes em mais de 3000 partidas e de andar pelo BGG há 10 anos a ler sobre jogos quase diariamente, creio ter alguma "bagagem" que me permite apreciar jogos com mais facilidade do que faria quando comecei a interessar-me por eles. A ideia é que essa "bagagem" possa assim ser útil aos outros ao emitir o que, em última análise, é apenas uma opinião pessoal.

Portanto, tenham em conta estes dois factos (ser uma opinião pessoal emitida após uma só partida) na apreciação deste texto e lembrem-se de que mais importante do que quer que eu possa escrever aqui é a vossa experiência com o jogo.
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Jogo de 1987 que nunca tinha ouvido falar e que tem um rating no BGG muito fraco (5.98) no



… como não sou muito de jogos abstractos, depois de ler esta review, a vontade de o jogar é muito baixa. No entanto, se me desafiarem não direi que não surprise