O género cyberpunk, é um sub-tema da literatura de ficção científica que tem um criador: William Gibson na sua obra "neuromancer" em 1984 (existe traduzido em português). Passa-se num futuro próximo, em que a matriz (o equivalente à net) tem um papel desmesurado, sendo possível de aceder à matriz como uma realidade virtual. Os runners, vão à matriz e trocam informações, compram-nas, pirateiam-nas. Colaboram ou entram em conflito. O poder político está francamente submetido ao poder económico, com uma imensa desigualdade. O planeta é profundamente poluído, com chuvas ácidas e um meio-ambiente em ruptura. Optimista, não é? Com o desenvolvimento tecnológico, são criadas todo o tipo de implantes e melhoramentos (membros artificiais, visão melhorada, acelerador de reflexos, o que quiserem), desde que haja dinheiro. Podem reparar que sendo de princípios dos anos 80, uma série de questões não são abordadas: a clonagem e a engenharia genética (é um sub-género à aprte, o bio-punk).
De Gibson, as minhas histórias favoritas, são as mais curtas: burning chrome, Johny Mnemonic, Bel Rose Hotel. De outros autores, o meu livro favorito chama-se "código de samurai" (snow crash) de Neal Stephenson. Para quem não gosta de ler, tem filmes: Johny Mnemonic (na altura não achei grande piada), robocop, blade runner, (este não é puro cyberpunk, mas tem o look e é um filme excelente), o ghost in the shell (puro, cyber e também excelente), Akira. Para jogos: Deus Ex, os velhinhos neuromancer e Syndicat wars.
Bem, é neste mundo que se desenrola cyberpunk 2020. O manual é bastante completo, permitindo jogar sem ser obrigatório comprar uma pilha de suplementos. Existe um leque variado de estereótipos para escolher a personagem: runner (basicamente um hacker), fixer (dealer), solo (assassino profissional), teck (espécie de mecânico), repórter (o nome diz tudo), polícia (idem), corporate (um membro de uma corporação), medick (um médico), rocker boy (cantor de rock). Pode-se pegar nestes tipos e torce-los para dar o background que se quiser.
Temos acesso também a todo o género de implantes: braços mecânicos, olhos com infra-vermelhos, guelras artificiais, pele sintética, mísseis nos dedos, etc. Mas nem tudo são rosas: além de ser necessário dinheiro (para comprar o implante e pagar a operação), o acréscimo de implantes resulta na perda de humanidade, até a personagem se transformar numa máquina psicótica (ciberpsicose). Pode-se transformar a personagem num cyborg, mas as regras aparecem num suplemento. Temos uma cronologia de acontecimentos (já ultrapassada ou irrealizável nalguns pontos, mas bastante curiosa).
Os suplementos ficam para a próxima. Se tiverem dúvidas é só perguntar!
Entretanto tenho de admitir que a primeira vez que tive acesso ao jogo, não lhe achei piada: parecia-me ter um background demasiado negro e "físico". Entretanto, passei a apreciar jogos menos a preto e branco, e bem, os cenários somos nós que os fazemos e interpretamos, portanto, não tem de haver tiros constantemente. O primeiro cenário que "mestrei", foi com dois jornalistas e correu bastante bem; agora também está a correr bem.