[D&D] Criação de PCs

Há uma coisa que sempre me atrofiou em D&D: a definição dos pontos iniciais dos atributos.

Porque rolar 4d6 e somar os três valores mais altos?

Isto faz-me confusão porque por dois motivos:
1) O jogador com mais sorte nos lançamentos fica com um personagem mais forte do que os restantes;

2) Não me parece dar grande liberdade de criação aos jogadores para fazerem um PC como querem, mesmo havendo a hipótese de mudar depois pontos de sítio porquê não simplesmente fazer um só role para determinar quantos pontos o jogador tem para distribuir (se as contas não me enganam o mínimo que pode ter é um total de 18 pontos e um máximo de 108, o que dá um intervalo de 90 pontos) e partir dai.

Sinceramente não percebo porquê complicar as coisas com vários roles e depois meter-lhe em cima re-distribuição dos pontos.

Alguém me pode explicar os verdadeiros efeitos/propósito que isto tem no jogo, se as minhas preocupações são disparatadas e se arranjaram algum modo diferente de fazer isto?

Pá, se bem me recordo, no início era pior… rolavas 3 dados e toma, eheh. 4 dados e sacar os 3 mais altos é bem melhor, eheh,

Anyway, há muitos jogos assim (Call of Cthulhu é um deles), e aprender a lidar com o que te sai e a ser criativo com isso faz parte da diversão do jogo.

O nosso repórter exterior na RPG.net, o Rui, de certeza que daqui a bocado te arranja um link para uma discussão de dezenas de páginas sobre os méritos do sistema de pontos vs méritos do sistema aleatório, eheh.

Por exemplo, quando há um sistema de pontos, muito boa gente faz min-maxing um bocado extremo o que, não sendo à partida errado, não está propriamente de acordo com a visão que certo pessoal quer para as suas campanhas (i.e. querem personagens mais ou menos num certo estilo e não um grupo de deficientes mentais superfortes e sem carisma liderados por um mago com a inteligência e eloquência do Stephen Hawking… e a cadeira de rodas dele também, eheh). Outra vantagem é para aqueles jogadores que, se tiverem um sistema de pontos, estão eternamente a recriar o mesmo personagem, com atributos, skills, personalidades (ou falta delas), etc, semelhantes. Assim ao menos sempre são obrigados a variar um bocadinho, quando lhe saem uns stats mais malucos e vêm que aquilo é perfeito para fazer um personagem do tipo/classe X.

Bem, o lançar os dados aleatoreamente já vem das edições anteriores onde se lançava 3d6 e se somava o resultado. Nesta edição resolveram fazer como standard lançar 4d6 numa tentativa de evitar lançamentos muito baixos. De qualquer modo são dados e pode sempre calhar um 1 em todos!!

Há regras opcionais no DMG de point buy ou seja todas as personagens são criadas através de um numero fixo de pontos.

Alguns jogadores preferem lançar os dados e jogar com o que sair construindo a personagem através dos rolls e explorando as caracteristicas baixas.
De referir que no point buy todas as caracteristicas começam em 8 e não podem baixar desse valor na compra de pontos, ou seja não podes diminuir o 8 para um 6 para teres pontos extras. Se um jogador quiser jogar com uma personagem com alguma caracteristica baixa vai ter dificulades em faze-lo com o point buy.

No fundo tudo se resume aos que os jogdores querem; personagens “equlibradas” e contruidas ao que se pretende ou a hipotese de ter varios 18’s nas caracteristicas, algo que não se consegue com point buys aceitaveis.

:slight_smile:
Evil never dies, it just waits to be reborn…

Se bem percebo, o teu problema é com a distribuição aleatória de pontos…

Bom, questões de gosto. Inicialmente a maioria dos RPGs usava a criação aleatória de personagens, o que, suponho, se devia às raízes wargaming. Julgo que o conceito era criar várias unidades militares especializadas, aliás, “personagens”, com vantagens e desvantagens diversas que se complementassem e soubessem usar as melhores estratégias nas batalhas com os romanos/exércitos napoleónicos/nazis, digo “interagissem com os NPCs”, para ver quem é que no final ganhava mais condecorações e pontos de mérito, ahem, subisse de nível e fizesse melhor roleplay.

Quando os RPG passaram a ser mais sobre roleplay e menos sobre roll-play é que começou a surgir a preocupação que os jogadores pudessem definir as suas personagens.

Falava eu de questões de gosto. Percebo que os jogadores gostem de criar as suas personagens, mas acho que também é um desafio interessante interpretar os resultados dos dados e derivar umas personagem tridimensional a partir daí.

Aliás, a minha impressão é que as personagens criadas por lançamento aleatório são normalmente mais desiquilibradas e dão origem a PCs muito curiosos que, bem jogados, se tornam inesquecíveis, mesmo para os próprios jogadores.

Julgo também que o lançamento aleatório é mais simples para os novos jogadores:

“Ok, vais jogar um anão travesti com meio metro mas lindíssimo, com uma força descomunal mas que desmaia quando lhe dão um beliscão e é perito no lançamento de presuntos”

Do que dizer-lhes:

“Tens aqui x pontos para distribuir por x características, sendo que a característica A e B estão limitadas a y e z, as características C e D entre k e w, tens escolher 10 entre estes 140 skills, além de seis raças, 12 profissões, 14 alinhamentos, 24 culturas, 160 naturalidades. Ah, e não te esqueças de escolher um entre 60 deuses de 12 panteões, sendo que em cada deus tens um leque de cerca de 6 heresias. Estás à vontade para definir a psicologia da personagem.”

Eu simplesmente abomino esse sistema, prefiro dar 82 pontos aos jogadores e eles que os distribuam da maneira que quiserem (não excedendo 18 no máximo e 3 no mínimo para cada atributo), assim cada jogador faz o personagem de acordo com o que ele pensou e definiu para si, e não fica a mercê da sorte/azar nos dados.

Vou tentar responder a dois ao mesmo tempo hehe.

[quote=ricmadeira]Por exemplo, quando há um sistema de pontos, muito boa gente faz min-maxing um bocado extremo o que, não sendo à partida errado, não está propriamente de acordo com a visão que certo pessoal quer para as suas campanhas (i.e. querem personagens mais ou menos num certo estilo e não um grupo de deficientes mentais superfortes e sem carisma liderados por um mago com a inteligência e eloquência do Stephen Hawking... e a cadeira de rodas dele também, eheh). Outra vantagem é para aqueles jogadores que, se tiverem um sistema de pontos, estão eternamente a recriar o mesmo personagem, com atributos, skills, personalidades (ou falta delas), etc, semelhantes. Assim ao menos sempre são obrigados a variar um bocadinho, quando lhe saem uns stats mais malucos e vêm que aquilo é perfeito para fazer um personagem do tipo/classe X.[/quote][quote=neonaeon]

Aliás, a minha impressão é que as personagens criadas por lançamento aleatório são normalmente mais desiquilibradas e dão origem a PCs muito curiosos que, bem jogados, se tornam inesquecíveis, mesmo para os próprios jogadores.

Julgo também que o lançamento aleatório é mais simples para os novos jogadores:

"Ok, vais jogar um anão travesti com meio metro mas lindíssimo, com uma força descomunal mas que desmaia quando lhe dão um beliscão e é perito no lançamento de presuntos"[/quote]Eu percebo o que vocês querem dizer mas a partir do momento em que se pode mudar pontos de um lado para o outro depois dos roles serem atribuídos aos atributos isso deixa de fazer sentido, porque no fundo não estás a rolas para ficar com um PC esquisito e aleatório, estás a rolar para determinar o conjunto de pontos que podes vir a ter no final para distribuir pelo PC.

Além disso não me parece fazer muito sentido com a permissa do jogo, se a ideia é ter um grupo de personagens que se complementem uns aos outros para ultrapassarem os desafios que lhes são apresentados, parece-me injusto que haja um gajo que possa ficar em melhor posição que aos outros.

"the drunks of the Red-Piss Legion refuse to be vanquished"

[quote=Nazgul]Há regras opcionais no DMG de point buy ou seja todas as personagens são criadas através de um numero fixo de pontos.[/quote]Eu sabia que devia ter lido o DMG antes de ter colocado a pergunta hehe.[quote=Nazgul]No fundo tudo se resume aos que os jogdores querem; personagens "equlibradas" e contruidas ao que se pretende ou a hipotese de ter varios 18's nas caracteristicas, algo que não se consegue com point buys aceitaveis.[/quote]Ah! ok, isto eu já percebo, tornan-se portanto um jogo de arriscar para ver onde calha o melhor personagem.

Alguém costuma usar isto? podem dar alguns exemplos de jogo onde um método tenha corrido melhor/pior que outro?

"the drunks of the Red-Piss Legion refuse to be vanquished"

Não é a questão de ser o melhor personagem, é uma questão de se poder ter caracteristicas mais altas mas provavelmente mais desiguais do que ter caracteristicas mais equilibradas e construidas pelo jogar.

Não posso dizer que tenha notado alguma diferença,em termos práticos, entre personagens criadas de um modo ou outro .

Evil never dies, it just waits to be reborn…

Algumas ideias que ainda não foram aqui expostas:

-Acho que já foi utilizado várias vezes numa tentativa de simular aquilo que está fora do controle. No sentido de que uma pessoa pode decidir o que aprender mas não pode decidir o seu corpo/mente. Altamente discutivel em vários aspectos, claro.

-Entendendo isso como parte do jogo. Fazendo um paralelo com boardgames, há como que uma divizão entre boardgames muito baseados na sorte e boardgames pouco baseados na sorte, sendo em geral uma questão de preferência, ambos com pontos fortes e fracos, e um degradee vasto de uma ponta a outra. Aqui acontece o mesmo. Preferes um jogo de sorte ou de capacidade do jogador? Questão de gosto!

-Finalmente, o que já disseram, os métodos diferentes dão origem a tipos de personagens diferentes, com todas as implicações que isso tem no jogo propriamente dito.

Podes dar uma vista de olhos aqui

Evil never dies, it just waits to be reborn…

Claro que isso um jogador pode ficar com genero 18 / 18 / 18 /18/ 6 / 4

[quote=Demonknight]Claro que isso um jogador pode ficar com genero 18 / 18 / 18 /18/ 6 / 4 [/quote]A menos que os jogadores queiram jogar com bonequinhos de computador, de mim ficam logo a saber o que é ter carisma ou inteligência ou força a 4. É verdade que disse o que disse no meu blogue, mas também disse que gosto de manter um mínimo de verosimilhança.

De qualquer forma, eu também prefiro em D&D ter personagens mais aleatórias com os 4d6s.