Dark e mais dark

A muito muito tempo comecei a fazer um jogo de fantasia medieval chamado Dark. Isto porque sou idiota pois nao curto nada o genero mas prontos, fazer o que? O GM cria mundos para os seus jogadores e se o que eles querem é fantasia bamos nessa.
Depois de muita guerra de regras e muita volta um gajo acaba por "come full circle" e adopta aqueles canones mais comuns que comprovadamente funcionam visto que as experiencias nucleares de regras dao sempre bronca. Mesmo o que sobra do original no sistema começa a dar de si com problemas em jogo e o pensamento de "tenho que mudar esta merda" emerge cada vez mais. Enfim, fuzion powered quase, o rpg é largamente papel quimico e va la que o setting esse, tem-se mantido fiel ao que foi proposto no inicio.
Agora a parte ugly é que paciencia para criar sessões é pouca e parece que ja fiz tudo antes. E ai vem a ajuda as aventuras publicadas das quais estou a tentar correr a "night below" de AD&D. Apercebo-me de que com o minimo de trabalho apresentamos um mundo "fully detailed" o que da grande pica aos jogadores. O problema claro é que aquilo nao me parece valer um corno mas o que fazer quando para correr uma sessao jeitosa o trabalho anda pelas 6 horas enquanto que se for ler uma coisa publicada "you can get away with it" trabalhando apenas uma horita.
Lembro-me ainda de grandes e maravilhosas, epicas sessoes originais em tempos em que ainda tudo era novo e a garra era muita para emoções fortes ingame. Cada vez pior e cada vez mais se perde o interesse por um hobby que amo muito mas nada a fazer. Quando se é o unico GM é como quando so se ve uma serie de TV. Ou seja, os produtores da serie ja nao sabem mais o que inventar nela e a coisa descamba em telenovela australiana de 450 capitulos.
Seria bom mudar e experimentar novos mestres e até a coisa deu por esse lado mas pior emenda quando se passa umas horas a pensar que se podia estar tao bem em qq outro lado.
Enfim, erro atras de erro e a natural lazyness que segue para todo o lado leva a que as verdadeiramente epicas sessoes se contem pelos dedos e estas sejam aquelas em que realmente o trabalho investido foi muito mas como ja disse, hoje em dia para uma sessao as 10 e começando a pensar as 2 da tarde, so la para as 9 e que começa qq coisa mediocre a fazer sentido.
Talvez um RPG novo? Mas um gajo tem sempre esperanças de publicar o seu rpg, pois pois, mantem-te a fazer dark minha besta que é assim que embruteces mais… Mas tem uma grande influencia o facto de se ser arrogante e para piorar ser fucking unapreciated.
Que se lixe, um gajo é bom no que faz e quando ainda se esta para conhecer alguem melhor o ego aumenta dentro dos boxers nao é? É, mas o problema é quando se ficar a bater o ego com a maozinha pq tudo o que sai só é bom comparativamente. Bah, fazer o que? Continuar com esta do night below mesmo depois de ter metido um jogador novo que esta a foder um coche o esquema e nao saber exactamente como resolver o assunto pq o jogador é um amigo de longa data. La vem de novo a voz interior que diz como porra me fui eu meter numa destas outra vez? Tipo, i should know better.
E la vou eu correr cyberpunk aos fds para uma miuda em que todo o rpg corre a volta dela e no entanto ela joga como que a assistir a um filme em vez de o jogar! Tipo, pq estou eu a fazer isso? Bom, porque gosto dela e pq é uma das poucas pessoas smart enough for me to talk to. Mas e no rpg em que ficamos? La se misturam as coisas de novo e lembro com saudade dos tempos em que corria sessoes para desconhecidos e eles eram puros por isso mesmo, eram desprovidos de quaisquer strings attached. Era muito porreiro poder dizer quem joga e quem nao joga sem problemas de magoar amizades e tal. São capazes de ser problemas de gajos que so são GMs mas como não conheço mais nenhum passam-me um bocado como divagações de um tipo que esta perto de perder o juizo.

Oi, :slight_smile:

Wow… tanta coisa que eu nem sei por onde hei-de começar…

Deixa-me ruminar isto um par de dias, que já digo qualquer coisa de útil…

Entretanto, se fôres ao meetup, podemos falar em pessoa, o que pode ser, talvez, mais prático.

Ah, e bem-vindo! :slight_smile:

Cheers,

J.

Olá Warman!

Sê bem-vindo; usa isto como se fosse a tua casa!

Eu desde já apresento a tua candidatura ao post mais pessoal colocado num blogue por estas bandas. Parabéns! :slight_smile:

Respostas fáceis é capaz de não haver, mas de certeza que vais recolher muita simpatia de toda a gente aqui. Um abraço!


“You can choose just who you are.”

Pois é…

Vou deixar os outros digerirem este post, mas só te posso dizer q já me senti assim (há mtos anos), já vi outros GMs e jogadores a sentirem-se assim, e pelos vistos nem é muito estranho porque no site da Forge há N análises a esta situação. Estou a falar em particular de desinteresse dos jogadores e do GM, q investem montes de tempo (em especial o GM) a criar settings, aventuras, personagens etc com muito pouco retorno no jogo.

Algumas pessoas não saíram do esquema e fartaram-se de RPGs, outras andaram a bater c/ a cabeça até arranjarem uma solução, mas há uns tipos na net q se dedicaram a analizar pq é q isso acontecia e se havia uma maneira de resolver o problema. E deve ter funcionado, pq esses tipos tb fazem uns RPGs porreiros q têm trazido uma lufada de ar fresco a quem andava há demasiado tempo no mesmo.

Tivemos aqui há uns tempos uma discussão sobre monotonia e repetitividade em RPGs onde se falou dos porquês desta monotonia; talvez te interesse. Nesse post há também links para comentários de malta que conseguiu quebrar a monotonia, ou com jogos como o “Prime-Time Adventures” e o “Sorcerer”, ou com técnicas especificas.

Talvez se possa adicionar a isso discussões recentes sobre Prime-Time Adventures e Amber diceless; este último em particular fala de como jogar campanhas com RPGs diferentes pode ajudar GMs e jogadores a aprenderem técnicas para quebrar a monotonia.

Entretanto, se as discussões te despertarem o interesse por este género de RPGs diferentes eu aconselhava-te a experimentar um que exigisse muito pouco dos GMs mas ao mesmo tempo incentivasse os jogadores a serem criativos, ou seja, jogos que criem coisas de jeito em cima do joelho.

Aconselho-te vivamente o Prime-Time Adventures, que só custa €16 e já tirou dois grupos q conheço da monotonia, com preparação do GM = 0.

Se não quiseres gastar $$$, há alguns bons online de borla:

Great Ork Gods, desenhado para jogos rápidos com amigos e sem grande preparação. “Grab a beer, a handful of d10s and get ready to stiff your mates, burn buildings, kill anything that moves and smash stuff for fun.”

The Pool, que é mais um jogo para criar histórias e talvez seja demasiado diferente - mas se calhar sempre dá um choque maior :slight_smile:

O FATE é mais complicado, mas pelo menos tem regras mais reconhecíveis q os outros (tem skills e isso).

À primeira vista estes sistemas parecem simples, e um gajo pensa “o que é que eu posso aprender c isto?” Bem, no meu caso mta coisa - parece-me que jogando um sistema diferente um gajo abre bastante os horizontes sobre o que se pode fazer ou não num RPG (então os RPGs com GMs mínimos ou ausentes ensinam bués sobre o papel do GM).

Além disso - e para mim isto é fundamental - muitos destes jogos funcionam com PREPARAÇÃO DO GM = 0! Alguns ensinam técnicas q facilitam a vida ao GM (os suplementos do Sorcerer), outros metem os jogadores a contribuir para a aventura. É fundamental pq com um filho e a fazer um PhD, se não fossem estes jogos eu nunca seria GM (só para re-runs de aventuras de pacote de 2300AD…)

Enfim, espero q estes links te dêm algumas ideias de como é q malta teve problemas q me parecem parecidos com os teus, e os resolveram. Talvez se fores ao meetup possas conversar c alguém sobre isto.

Entretanto, se quiseres dar uma vista de olhos sobre artigos velhinhos de teoria de RPGs, sugiro um sobre “modos de jogar” seguido de outros sobre “pq é q a malta se farta dos RPGs” (faz “scroll-down” até veres “Dysfunction: when role-playing doesn’t work out”).

E isto já vai longo, mas há um jogo chamado Kill Puppies for Satan" que tem uns comentários engraçados sobre como poupar tempo qdo se é GM:

[quote=Kill Puppies for Satan]being the gm is the shit, and also bullshit. the shit because you get to toy with peoples’ little lives, bullshit because it’s like the goddamn sims, their little bladder meter goes all the way to the red and they can’t figure out for them stupid selves to get off the stupid couch and go to the stupid bathroom. no, you gotta click on the little thing, and click on the other little thing, and they spend so long in there that they miss their carpool and get fired, and then they come crying to you, wah wah wah. feebs.

right, but i mean your players. they think that if a. you didn’t say so or b. it’s not on their character sheet, then it’s not true. which is a problem, because a. you can only say so many things, and you hope to god they’re more interesting than “scooter, you really have to pee, do you go to the bathroom? do you make it back out in time for your carpool?” and b. there are only eight things on their character sheet, and one of them is that they kill puppies for satan for fuck sake.

so what you want to do as gm is make them responsible for their own pee. keep the good stuff for yourself, naturally, but give the bullshit away.[/quote]

JP

Vou dar uma vista de olhos atenta a esses links. Preciso mesmo de fresh air e novas ideias são muito bem vindas. Obrigado.

Oi, :slight_smile:

Ya.

Eu ia ruminar e responder, mas o Jota já disse tudo o que eu poderia querer dizer. :slight_smile:

Cheers,

J.

Sei como te sentes, sinto-me também um pouco assim. Mestres de jogo há poucos (incluindo eu) e os que há já se sabe o que podem fazer. E esses resultados não alegram muito talvez por monotonia, talvez por se querer caras novas, talvez por se querer histórias diferentes das que eles nos podem proporcionar. Mas mesmo assim insiste-se, esperando que um rasgo de imaginação nos quebre da rotina, mesmo que cada sessão pareça uma adaptação de outras anteriores.
O problema de amigos/desconhecidos põe-se sempre. É sempre chato a pessoa ter espaço livre no role e vir alguém pedinchar muito que quer jogar. Principalmente quando não se tem lata para dizer que não. Acabamos por ter de aceitar gente que apenas suportamos, em vez de jogar com quem realmente queremos. E quando começam a haver pessoas que têm contenciosos contra outras, o ambiente estraga-se.

Mas mesmo assim insistimos, não é verdade? Tudo em prol do jogo, da maneira favorita de passar o tempo. Por isso estou a tentar alterar um pouco a minha maneira de ver os RPGs. Descobrir coisas novas, mudar de tipo de jogo, alterar hábitos. Espero que assim consiga tirar tanta satisfação como antes, ou mais ainda, quem sabe.

Bem, já agora só um pormenor sobre isso dos amigos e tal:

Eu agora antes de meter mais alguém num grupo meu digo sempre: eu vou jogar assim, se queres jogar exactamente assim ou se não te importas de jogar exactamente assim então tudo bem, se não, tu não te vais divertir e depois eu vou acabar por não me divertir também e os outros também não se vão divertir por isso é melhor não vires jogar.

Consequências: bem, antes tinha 15 jogadores e agora tenho 6. E pah, mas agora tou a curtir bue jogar! :slight_smile:
E os outros continuam amigos e a jogar como querem noutros grupos e a diversão deles já não é responsabilidade minha!


[B0rg]
We r all as one!!
We are The Borg. We are Eternal. We will return. Resistance is Futile…

If freedom is outlawed, only outlaws will have freedom!

Eu também prefiro jogar com pessoas com as quais já tenha uma certa amizade e que ache que podem gostar das sessões. Às outras, não digo exactamente que não - é mais “a gente depois diz qualquer coisa” - quem sabe com quem é que se pode vir a jogar no futuro.

Recordando-me dum discurso inspirado do ric no thread sobre o encontro de roleplayers, acho que se deve evitar ao máximo jogar/mestrar contrariado ou a fazer o favor ou porque não custa nada. Em relação ao Warman, parece haver um qualquer dever mais alto de manter acesa a chama do roleplay entre o grupo, onde mais ninguém se atreve a ser mestre-jogo. É muito bonito falarmos do que podemos fazer pelo hobbie e é triste gostarmos dele e não praticá-lo, mas chego à conclusão que estas não são razões para mestrar ou jogar seja o que for.

Se, de facto, o grupo é um grupo de amigos, pode perfeitamente ir fazer outra coisa para se divertir em vez de estarem a partilhar sacrifícios.