DIE BAUMEISTER VON ARKADIA (2006 - Rudiger Dorn, Ravensburger)
Há jogos bonitos e há jogos feios. Depois há jogos que são uma autêntica maravilha de design. Este jogo de Rudiger Dorn é um desses casos. Elegantemente desenhado e produzido, este título entra directamente para o meu top dos jogos mais bonitos. Mas DIE BAUMEISTER VON ARKADIA não só uma carinha laroca com perna bem torneada. Também lê Kant e gosta de ver filmes do Ingmar Bergman.
Tema e Componentes
Para 2 a 4 jogadores, DBvA é essencialmente um jogo de construcção. Os jogadores são arquitectos a soldo que, às ordens das 4 famílias mais influentes da cidade, vão aumentando a urbe construíndo os mais variados edifícios e trabalhando também na construcção do castelo central. Aliás, à semelhança do que acontece com outros jogos, como CAYLUS ou KEYTHEDRAL, o castelo é o relógio do jogo e define a sua duração… mas adiante. Estes arquitectos têm à sua disposição um conjunto finito de trabalhadores, que terão de utilizar de forma sábia e astuta, por forma a lucrar o mais possível com o seu trabalho.
O jogo processa-se em turnos sucessivos e está dividido em 3 fases. Cada jogador receberá uma screen (em forma de tenda de circo) de uma determinada côr e quatro bandeiras pendentes para colocar nesta. Atrás desta screen serão colocados os tiles e trabalhadores que formos arranjando. Existem trabalhadores nas quatro cores dos jogadores e ainda trabalhadores de côr beje que são neutrais e podem ser utilizados por qualquer um. Existem tiles de edifícios e as respectivas cartas. Estas cartas funcionam como ordens de construcção e identificam o tipo de edifício a construir e a família responsável por essa ordem. Depois há os selos/insígnias das famílias, o dinheiro e as peças do castelo.
Antes do jogo começar, é colocado um pequeno tabuleiro no centro do tabuleiro principal de jogo. É neste pequeno tabuleiro (e só neste) que se vai proceder à construção do castelo. Os restantes edifícios vão sendo construídos em volta do castelo. Os jogadores recebem 3 trabalhadores e 4 cartas de construcção. As restantes são colocadas num deck virado para baixo, virando-se três cartas que formarão um display. A partir daqui está tudo pronto para se começar a jogar.
Mecânica(s) e Jogabilidade
Um jogador no seu turno pode fazer duas coisas:
- Jogar uma carta/ordem de construção ou colocar trabalhadores (uma destas acções é obrigatória e só uma);
- Gastar uma das 4 bandeiras pendentes que ainda possuir.

Uma vez cercado um edifício, contam-se os trabalhadores de côr (os beje contribuem para fechar a obra, mas não pontuam) que contribuíram para concluir a obra e por cada um, os jogadores recebem um selo da côr da respectiva família. O jogador que fechou essa obra ganha o selo extra que está em cima do próprio edifício. Para além disso o jogador que fecha uma obra pode ainda contribuir para a construção colocando no tabuleiro central uma peça à sua escolha. Como podem ver nesta imagem, as peças que vão aparecendo no castelo têm cores associadas às respectivas. À medida que a construção vai avançando este tabuleiro central funciona como uma espécie de bolsa de valores, porque quanto mais peças de uma determinada côr estiverem visíveis, mais os selos dessa côr valem. E isto é um mecanismo muito inteligente de fazer o jogo evoluir, tornando-o também mais picantezinho, já que há medida que os jogadores vão construíndo no castelo vão tentando influenciar o valor das cores consoante os selos que têm na sua posse.
Cada jogador possui no início do jogo 4 bandeiras pendentes que pode usar ao longo do jogo, sempre no final do seu turno. Sempre que quiser, um jogador pode trocar uma dessas bandeiras para ir buscar 2 trabalhadores da sua côr e pode aproveitar para trocar os selos que tiver e que quiser por dinheiro. Será uma forma de aproveitar a cotação em alta de uma determinada côr antes que ela desvalorize. Este sistema é muito interessante e tráz ao jogo uma profundidade táctica maior.
Os trabalhores neutrais são conquistados sempre que um jogador cobre com um edifício uma tenda desenhada no tabuleiro.
Quando o primeiro nível do castelo estiver todo construído, passa-se para o 2º nível (fase 2) que continua a jogar-se da mesma maneira. No fim de construído o 2º nível do castelo, entramos na fase 3 que dura apenas um turno, acabando no jogador que fechou o 2º nível.
No fim fazem-se as contas aos selos que os jogadores ainda possuam e quem tiver mais dinheiro é o vencedor.
Factor Tempo/Diversão
DBvA é jogo para durar entre 60 a 90 o que o torna muito apetecível. Ainda mais porque o jogo apresenta um nível de interacção muito grande. As decisões são difíceis mas limitadas e por isso não apresenta muito downtime o que é óptimo. Não sendo um jogo verdadeiramente original, apresenta pequenas características que são inovadoras e a sua beleza é um ponto claramente a favor.
Juntando tudo isto, DBvA é um daqueles jogos que eu vou querer jogar muitas vezes. Porque não é demasiado complicado, não muito longo e é divertido de jogar.
Nota: 8