Bom, primeiro acho que o melhor é decidir se querem anunciar um evento e que haja uma cobertura jornalística do evento (tenho a sensação de que em relação aos boardagames isso já foi feito, mas pode ser sempre feito em maior escala - mais do que um jornal/revista/rádio). Tem a vantagem de apelar mais ao interesse do jornalista - se o interesse existir, claro - e, obviamente, haveria mais gente envolvida, logo daria uma imagem do hobby não como um bicho de sete cabeças, mas como uma coisa em que já há muita gente envolvida. E isto para o leitor pode ser importante, especialmente se já tiver uma noção do que é um boardgame/rpg, mas não souber que há grupos/associações/sites sobre o assunto e que é mais fácil de começar a jogar do que ele pensa. No lado negativo, os eventos não acontecem todos os dias e neste caso o plano poderia ter que esperar…
A outra opção é ir pela abordagem da divulgação do hobby em abstracto. Como a maioria dos jornalistas não tem muita vida para além da profissão propriamente dita (raramente têm um hobby, falta tempo para isso) provavelmente nem sabem o que é um boardagame ou RPG (a não ser que trabalhem numa revista de jogos de computador, mas isso não interessa para o caso, jogos de computador não são chamados para aqui). Nesse caso acho que está tudo na forma como apresentam a sugestão de reportagem. Se for suficientemente apelativo e se derem a sensação de que há muita gente por esse país fora a jogar, associações ou algo parecido, grupos organizados, pode criar no jornalista a sensação de que há ali uma história a dar a conhecer ao leitor. Se o editor não for um chato que só quer dar relevo ao último bebé que a Angelina Jolie adoptou ou quem é o novo namorado da não-sei-quantas dos Morangos dos Açúcar, acho que é uma boa forma de ir directo ao assunto sem mais demoras. Não é uma aposta certa, mas se apontarem a muitos alvos, alguns podem acertar. Claro que vão ter que mostrar alguma coisa, portanto quem estiver disposto a ser o porta-voz tem que saber que dispõe de jogadores com disponibilidade para aparecer no dia e hora marcados. Sugiro que façam uma abordagem positiva, nada de conversas de “isto não é aquilo que as pessoas pensam e tal…”, senão aí é que o tipo que receber o convite vai ficar a pensar o que não devia. Mais algo do género, “pode não ser um hobby muito divulgado, mas há centenas de pessoa pelos país fora que jogam, de Leiria, ao Porto, Lisboa, Algarve, Serpins de Cima e por aí fora…”. Outra coisa que podem fazer é dar exemplos práticos e colarem o produto que estão a querer “vender” a outros meios mais conhecidos… Não estou a par de boardgames, mas por exemplo, no caso dos role plays, está para sair o Mutant Chronicles. Quem é que sabe que um filme de grande orçamento é, na realidade, baseado num RPG sueco que está out of print há anos?
Estas curiosidades às vezes aguçam o interesse do jornalista. Se conseguirem arranjar uns quantos exemplos de boardgames que foram adaptados de filmes ou livros ou até jogos de computador (ou vice-versa), tanto melhor, dá logo um contexto diferente, que este hobby não é uma coisa fechada que se alimenta a si própria, mas antes que está ligada a muitos outros passatempos. Sei lá até se não há alguém famoso que é um boardgamer/ role player confesso. Se souberem que há e fizer sentido mencioná-lo, acho que é uma opção (mas também depende do órgão de comunicação que se está a abordar, o que pode interessar a alguns, pode não interessar nada a outros). De resto é o que eu já tinha dito - quando eles aparecerem, é mostrar-lhes que não há nada de bizarro em ser um gamer, que há malta de todas as profissões e idades interessadas e que é um hobby lúdico e que desperta a imaginação e a criatividade. Esta história do lúdico funciona melhor para a imprensa local que é mais tradicional e interessa-se mais por estas histórias de cariz de proximidade e comunidade. No caso da imprensa nacional o melhor é apontar para o número de pessoas que já joga e que é algo de expansão nacional. Senão ficam a pensar que são meia dúzia de carolas que se juntam no centro comunitário do vilarejo e fica o assunto encerrado. Também acho que não se devem omitir os pontos negativos (mentir à imprensa é sempre mau), como o facto de haver poucas edições em português (ou nenhumas, ou só em brasilês - enfim, como o novo acordo vamos todos falar brasilês de qualquer forma) e que muitas vezes é necessário o domínio do inglês a algum nível para poder jogar. Mas isto são as coisas que se dizem depois de já se ter captado o interesse.
Se quiserem mais sugestões particulares e não tão abstractas é só dizer.