Divertimento dentro e fora do jogo

Esta pode parecer uma discussão sobre teoria, mas por favor não a tomem como tal; este tipo de conversa tende rapidamente a degenerar e não quero isso para aqui. Quero fomentar uma discussão onde se possam partilhar experiências e chegar a conclusões interessantes.

Basicamente, jogámos InSpectres na nossa sessão de Ano Novo, e embora toda a gente estivesse a divertir-se, a minha impressão foi que estávamos a divertir-nos porque estávamos a jogar uns com os outros, a contar piadas das situações de jogo, a gozar uns com os outros, por oposição a retirar divertimento do jogo em si.

Neste momento, não tenho uma ideia clara se isto se deve à nossa diversão e expectativas do jogo, tentando tirar momentos divertidos das situações que iam acontecendo, se era porque estavamos na companhia de mais três tipos com um sentido de humor porreiro.

Isto faz sentido?

Algum de vocês já experimentou/pensou sobre isto?

Querem partilhar ideias?

Por favor notem que não estou a apontar o dedo ao InSpectres: ainda acho que é um jogo extremamente bem conseguido; a dado momento, como jogador desta vez, não tinha realmente ideia do que iria acontecer a seguir, tive sentimentos de dúvida, de juntar as peças do puzzle, que surgiriam normalmente de um jogo de investigação, mesmo que a seguir fosse eu a tomar as rédeas e o controlo narrativo e a dizer para onde ia a história. No entanto, questiono se a diversão que tirei do jogo veio do jogo em si, se do grupo sentado à mesa; isto são duas coisas muito diferentes, mesmo que não pareçam.

Por muito interessante e divertida que a companhia possa ser (e normalmente é), sempre que eu vou para uma sessão de jogo o meu objectivo é jogar o jogo e tirar diversão dai, se vier diversão da companhia dos jogadores é um bónus.
Acho que o motivo (pelo menos para mim) de estarmos a divertirmo-nos tanto OOC foi porque o jogo providenciava situações interessantes IC que nos faziam reagir, pelo menos foi assim para mim. Pode ter sido também para aligeirar um bocado a carga do tema da sessão (sim a cena estava a ser assustadora).
O que me faz querer voltar a jogar (com a mesma mesa de jogadores ou não) é a história que foi criada e a curiosidade de ver para onde ela pode evoluir, além de querer explorar ainda mais as mecânicas do jogo para ver que tipo de histórias podem ser criadas a partir dele (deixo os meus comentários sobre esta parte para o RJ do JR [tem sempre piada escrever isto]).

Muito diferentes ou não, ambas as coisas são inseparáveis. Um jogo sozinho não origina uma sessão de RPG, e um grupo sozinho não origina uma sessão de RPG sem ter um jogo/sistema de entendimento por trás… até pode estar a jogar freeform ou “sem regras”, mas há sempre um “jogo”/ sistema por trás.

Agora quanto à tua pergunta, se foi esse jogo que estimulou isso ou se foram vocês que modificaram o jogo para ser assim… não faço ideia, eheh, keep searching, Neo! Mas a julgar pelo tom wacky das partes que li e pelo pouco que dizes, parece-me que estavam afinados pelo tom certo, eheh.

Um caso prático: não foi até chegar o PTA à minha mesa de jogo que passou a ser permitido e 500% estimulado (por oposição a proibido e 500% punido) haver vibrações “out-of-character”, muito menos deixo isso influenciar directamente os eventos in-game… aí podemos “culpar” o jogo, que não deixa dúvidas de ser mesmo isso o clima pretendido, por oposição ao meu antigo jogo de eleição Call of Cthulhu, onde se deixa claro (penso eu de que) que não é nada isso o que se deseja. Aí são features directamente atribuíveis aos jogos.

E heis que descubro o maravilhoso mundo do Cheetoísmo!

Jogamos para nos divertirmos com os amigos, porque não somos pagos para jogar. Não interessa o jogo ou o meio, jogamos com aquelas pessoas porque é com aquelas pessoas que nos divertimos.

Jogamos para contar histórias, e os livros de rpg só nos dão a desculpa para contar histórias com amigos, rolar dados, e comer Cheetos.

É isso e só isso que o meu post significa.

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To crush your enemies, to see them driven before you, and to hear the lamentations of their women.
-Noddy, Lord of Darkness