Dune - Nova Tradução para português

[quote=neonaeon]A cultura não é cara. O custo de vida é que é caro. [/quote]

Quase, quase exacto. Mais precisamente, a cultura não é cara. Nós é que ganhamos pouco.

[quote=gpires]Pontos menos bons para mim:

  • O preço, 21.47€ directamente da editora mesmo com a oferta dos portes é um bocado elevado.
  • A tradução de algumas palavras para português que soam estranhas a quem já está habituado ao livro original, nomeadamente o titulo, "Duna" em vez de "Dune" e outras como "levatudo" em vez de "carryall"...
  • O facto de ser o primeiro livro que leio já com o novo acordo ortográfico, e ter de olhar várias vezes para palavras como espetacular, ação, etc...

[/quote]

Estes são alguns dos motivos porque já não compro livros de autores anglófonos traduzidos. Prefiro, e fica-ma mais barato, mandá-los vir dos muitos sites de venda de livros no Reino Unido.

Neste caso particular o segundo ponto não me surpreende. A qualidade das traduções tem vindo a decair de forma escandalosa, especialmente em edições para mercados mais "alternativos". Claramente esta é uma edição feita por quem não é apreciador de FC. A capa com uma figura claramente evocativa do Imperador do Star Wars (um insulto para qualquer obra de FC que se preze) foi logo dos primeiros sinais.

O terceiro ponto é talvez aquele porque vou simplesmente deixar de comprar livros editados naquilo que já foi Português...

Li, e sinto-me ofendido que penses que não, como se fosse saltar para uma discussão sobre livros sem ter conhecimento de causa.

Tu pareces não ter em conta o facto de que a grande maioria das editoras em Portugal já não trabalhar como uma ilha, dependendo de terceiros para prosperar.

A Leya, que é o maior grupo editorial em Portugal, tem no seu grupo e em Portugal as seguintes editoras:

Academia do Livro, Asa, BIS (edições em bolso), Caderno, Caminho, Casa das Letras, D. Quixote, Estrela Polar, Gailivro, Livros d’Hoje, Lua de Papel, Nova Gaia, Oficina do Livro, Quinta Essência, Sebenta, Teorema e Texto.

Só em Portugal, e não têm lojas (ainda).

A Bertrand tem, entre outras:

Alêtheia, Bertrand, Chá das Cinco, Saída de Emergência.

E a Bertrand tem a maior rede de livrarias em Portugal.

Tu achas mesmo que um livro a qualquer uma dessas editoras, principalmente às do grupo Leya que têm as suas próprias gráficas, custa mais do que 2€?

Tu achas que essas editoras pagam o mesmo para imprimir um livro do que paga, por exemplo, a Europa América?

Tu achas mesmo que as livrarias da Bertrand vão pagar alguma coisa às editoras da Bertrand para ter os seus próprios livros à venda?

E, já agora, um autor NUNCA recebe os royalties à cabeça, com a excepção do Miguel Sousa Tavares que é pago ainda antes do livro estar impresso, os autores recebem às vezes até um ano depois do livro estar nas livrarias.

Isto em Portugal, onde somos só à volta de 10 milhões.

Vais para os EUA, e os números são diferentes, para mais altos, claro, porque eles SÂO MUITOS MAIS!

Nos EUA, qualquer marmelo consegue sobreviver a escrever porque as tiragens são ridiculamente superiores. Sobreviver, porque 3000€ é peanuts e mal dá para 5 meses; esqueces-te que antes desses 5 meses, estão meses para trás em que se escreve sem receber um tusto.



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Em breve coisinhas novas!

Líder inconsciente do ultra-secreto grupo anti-D&D (mas só na edição 5.3)

Pelo que constatei pelo “costume” que tem sido adquirido por aqui nos últimos tempos podes tentar fazê-lo num thread que abrires por tua própria conta.

Não garanto que possas ofender pessoas à vontade sem repercussões ou pelo menos não mais do que aquelas que a sociedade é capaz de aplicar.

sopadorpg.wordpress.com - Um roleplayer entre Setúbal e Almeirim

É uma daquelas coisas que me irritam na net e lá estás tu a cair na asneira.

Dizer «é uma grande parvoíce» não é sinónimo de dizer «é(s) um grande parvo».

A primeira frase é acerca do argumento, não é sobre a pessoa. Não é um insulto pessoal, é um ataque, talvez grosseiro e seguramente infundado se não for acompanhado da devida fundamentação, a um argumento.

A net seria bem mais civilizada se as pessoas compreendessem que o que dizem daquilo que elas dizem não o dizem delas.

Sérgio Mascarenhas

Eu sei disso tudo e é por saber isso que não me passa pela cabeça dizer que é cara a edição de um livro de 500 e tal páginas por 21,47€ em primeira edição, com tradução nova, etc. e tal.

E quanto aos livros escolares, são caros, sim, mesmo contando todos os custos que indicas. Já agora, vale também a pena levar em consideração que os livros escolares têm uma abordagem financeira absolutamente diferente dos outros livros (o encaixe é quase imediato, não se distribui no tempo) e têm uma percentagem importante de vendas directas (ou seja, onde o editor mete ao bolso a margem para o livreiro).

Os Salgari também pois o trabalho foi praticamente o de pôr o OCR a funcionar, o resto não justifica 7 a 8€ de custos (estou, é evidente, a descontar a margem para livreiro). (A verdade é que o mercado dos livros que caíram no domínio público é uma mina para quem o quiser explorar. Há uma editora na Índia que se especializou em livros de história indo-portuguesa, em português. Não há praticamente lá quem os consiga ler - ou que os compre. Quem os compra são tugas de passagem, historiadores e bibliotecas. O investimento é reduzidissimo mas os preços são um absurdo em termos indianos. Vendem que se fartam, é dinheiro em caixa.)

Já os livros infantis, depende - não raro são mesmo apenas constituídos por «production values» sem qualquer conteúdo associado.

Sérgio Mascarenhas

Concordo. Daí eu pedir uma maior fundamentação sem sequer ter falado em ofensas.

E claro que tudo no mundo podia ser melhor e mais civilizado se as pessoas fossem aquilo que nós queremos que elas sejam. Mas de certeza que não é devido a esta conversa que elas vão mudar, certo?

sopadorpg.wordpress.com - Um roleplayer entre Setúbal e Almeirim

E que tal abrir um tópico novo para discutir discussões de internet em vez de continuarem a descarrilar este?

Atenção que eu não digo que a tradução é má, ou tem falta de qualidade.

Até acho que está uma tradução bastante boa.

Só por uma vez vi um nome com umas letras trocadas, mas de resto não detectei mais nenhuma falha nem alteração de significado, e todos os conceitos utilizados me pareceram correctos e fieis às palavras originais escolhidas por Frank Herbert.

Uma pequena gralha em 500 paginas parece-me perfeitamente aceitável.

O que acontece, no meu caso, é que já estou tão habituado a ouvir as palavras em ingles que a sua tradução me soa estranho.
Isto vem não só da leitura do livro em inglês, mas também de horas a mais em frente a um pc a jogar Dune II, e as suas sequelas.

Mas isto não quer dizer que tenha sido tomada a opção errada ao traduzir "carryall" para "levatudo" .

Aliás, teria sido muito menos trabalhoso do ponto de vista do tradutor manter essas palavras como anglicismos, do que tentar procurar palavras em português que sejam fieis ao conceito presente no original.


Para quem vai ter contacto com a obra do Frank Herbert pela primeira vez, isto não será um problema e acho que as novas gerações de leitores FC ficam muito bem servidas com esta edição.

--

GP

[quote=Rui]
Li, e sinto-me ofendido que penses que não, como se fosse saltar para uma discussão sobre livros sem ter conhecimento de causa.[/quote]

Lamento, mas estás bastante mal informado.

Têm sim. Em Lisboa ou no Porto há lojas com a marca Leya bastante visível. No entanto, são lojas pequenas, mais vocacionadas para apoio aos professores que adoptam os seus manuais escolares.
Ah, e também as primeiras máquinas de vendas de livros, que já existem em algumas estações de comboio (pelo menos).

[quote=Rui]A Bertrand tem, entre outras:

Alêtheia, Bertrand, Chá das Cinco, Saída de Emergência.[/quote]

Se estiveres a falar da distribuidora Bertrand, sim, tem acordos com estas empresas para distribuir os livros delas pelo país. Se estás a falar da Bertrand Livrarias e Editora, não tem nada a ver com a Alêtheia e a Saída de Emergência, que são empresas independentes.
Finalmente, a Chá das Cinco é uma chancela da Saída de Emergência virada para o público feminino. (Uma chancela é uma marca diferente que se põe nos livros para não confundir o público, mas os livros são feitos exactamente pelas mesmas pessoas).

Tanto quanto sei, a Leya não tem gráficas próprias. E sim, pagam. A maioria dos livros são impressos onde fica mais barato (ou seja, na China). E para as gráficas chinesas, que trabalham com as grandes editoras anglo-saxónicas, a Leya é um anão.

Claro que sim! As livrarias da Bertrand têm de pagar uma fortuna em aluguer nos centros comerciais, em luz, em salários e em horas extraordinárias. Se não ganharem a sua margem com os livros que vendem vão há falência.

Exacto. Só que esses royalties têm de ser pagos e têm de ser incluídos no preço final