E que tal uma feira/CON Nacional?

Vamos lá animar isto um pouco com um tópico onde não se vende jogos. laugh



Estava por aqui a ver uns vídeos e dei por mim a pensar: Portugal já merecia uma Feira/CON de nível nacional, num espaço tipo EXPONOR ou FIL.



Começam a existir cada vez mais encontros espalhados por todo o país, começam a aparecer cada vez mais pessoas nas "CON's" no formato actual, há mais investimento por parte de editoras portuguesas, bem como estrangeiras (especialmente espanholas). Há também cada vez mais lojas e entusiastas a criar vlogs/blogs sobre o hobby. Temos cada vez mais novos jogos e designers portugueses.



Não haveria já algum "mercado" para isto?

Ou é ainda demasiado cedo?

E o que é na realidade ser "demasiado cedo"? Quando é que será a altura certa?

 

Se já se consegue ter à volta de 1000 pessoas em lisboa, 500 por Leiria e Porto nas respectivas CONS (e estas cons ainda deixam muitos curiosos de fora), se na COMIC CON temos praticamente todos os dias as mesas cheias, gente a jogar no chão, provavelmente gente que nunca foi a nenhuma CON, será que se conseguiria juntar essa malta mais outros curiosos num eventos desses?

Ou será que ainda é necessário ir a reboque dos jogos para PC/Consolas? Ou mesmo da comic con, onde os boardgames ainda são tratados como sendo uma coisa pequena e quase em terceiro plano, mas no entanto são uma das actividades mais concorridas.



Confesso que não faço ideia que valores envolve o aluguer de um pavilhão da EXPONOR, mas se todas as lojas/editoras/distribuidoras/organizadores de eventos do ramo se envolvessem nisto, não seria possível?Tentando depois trazer tb cá lojas/editoras/distribuidoras estrangeiras, designers, tendo espaços para a malta jogar, algumas palestras sobre design de jogos…



Ou é ainda um devaneio de alguém ainda com pouco tempo disto?

Pelo que sei, há 10 anos atrás chegava quase uma sala para meter todos os que participavam nisto activamente, hoje em dia já mal chega um resort…



Discuss. smiley

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Na minha opinião, não se trata de um problema de escala ou de público interessado em participar, mas sim um problema de risco.



Neste momento, as cons que existem a nível nacional estão a ser feitas por amor a camisola, sem nenhum tipo de tratamento profissional e dedicado. São uma dúzia de pessoas marretas que adoram isto e querem partilhar o hobby umas com as outras. Obviamente que no modelo actual não consegues competir em escala com ComiCon ou IberAnimes que são, pelo que sei, eventos organizados por profissionais, que trabalham nisso todo o ano, e muitas vezes para além de horário laboral. 



Existe mercado e interesse, mas não há ainda mercado suficiente para suportar um evento deste tamaho com as pessoas que estariam dispostas a investir numa exponor ou um pavilhão atlântico… E para além disso o espirito das cons perdia-se, uma vez que para ser apetecivel em termos económicos tinhas de monetizar a coisa tipo essen. 



Tldr; Existe mercado e potencial investimento, falta interesse e quem pegue nisso com garra de forma profissional.

 Público até pode existir mas vejamos bem as coisas existiria assim tanta gente disposta a pagar uns 10 euros (para um evento deste género nem é muito) para ir um evento só de jogos de tabuleiro?



 Quanto a editoras em Portugal existem 3 editoras de maior dimensão o que é muito pouco.



 Mesmo em Espanha que existem muitas editoras e que se estão a "espalhar como cogumelos" não conheço nenhum evento do género.



 Concordo com o que foi dito pelo João Lourenço mas penso que ainda não é possível equacionar um evento deste género cá, tal como acho que um boardgame cafe em Portugal não daria lucro…

Mas as feiras tipo Essen existem e são um sucesso. Claro que tem o grande chamativo de ter jogos que são lançados lá, bem como um mercado maior. Mas na sua essência aquilo é uma feira onde tu pode experimentar uns jogos, eventualmente, antes de os comprares.



Em algum ponto na vida, alguém se lembrou de fazer a primeira feira de Essen. Tal como disse, não faço ideia se alugar, por exemplo, um pavilhão na exponor, custa 10000€ ou 100000€. Só tendo uma ideia disso, poderia discutir mais sobre custos.



Concordo que teria de haver interesse e esforço conjunto de várias partes experientes para tal coisa acontecer, e talvez até algo conjunto com espanhóis, dada a proximidade.

Bem, um boardgame café já há, o Pow Wow…



Sobre o tópico em si, concordo com o João Lourenço.

Por causa de outros eventos já o questionei, e a exponor deu-nos valores de 50-60 mil euros… 



Basicamente o que eu queria dizer era que ninguem quer assumir esse risco de momento. Obviamente que a primeira essen tb foi um risco, é tudo uma questão de ter dinheiro para atirar ao ar.

Não subestimes o papel que as atuais CON's têm no panorama nacional. Podem ainda ser amadoras, fechadas em torno do hobby, um evento de nicho o que se lhes quiser chamar. Mas a verdade é que cada vez têm mais assistência e cada vez há mais convenções espalhadas pelo país. É preciso dar tempo ao tempo, porque acho que serão estas convenções a trilhar esse caminho e aos poucos irão crescer em dimensão, tornar-se-ão cada vez mais profissionais (sem perder a sua identidade) e serão capazes de congregar mais e mais gente.

Acho que o trabalho que está a ser feito em Lisboa, no Porto ou aqui em Leiria é o caminho certo e naturalmente as coisas vão acontecer.

Essen começou com meia duzia de stands na rua e é hoje o que é. LeiriaCON, por exemplo começou com 30 curiosos numa sala do IPJ numa tarde e hoje enche um hotel de 4 estrelas com 500 participantes em 3 dias. Lisboa move já um milhar de visitantes e começou com muito menos.

O que quero dizer é que estas coisas dos hobbys de nicho têm de fazer a sua peregrinação e trilhar o seu caminho, para que sustentadamente haja sucesso.

É a minha opinião :slight_smile:

Terminou há pouco uma sessão destinada aos mais novos, e posso afirmar uma participação de sub 16 superior a 10 presenças,além dos habitués. 

Por dia?

De uma forma geral, estou alinhado com a opinião do Costa.



As Cons que se vão fazendo, embora organizadas regionalmente, são na verdade nacionais pois procuram juntar os interessados nos jogos de tabuleiro de todo o país e a maioria tem gente de vários pontos do país, sejam muitos ou poucos. Mesmo tendo em conta as características algo singulares de cada uma, quem as organiza tem sempre esperança e em parte o objectivo de que apareçam jogadores do resto do país. Pelo menos é a impressão que tenho…



E há que não esquecer a Ludopólis, a que nunca fui, mas creio ter um pouco esta ambição embora continue a ser um evento multi-facetado e não somente vocacionado para os jogos de tabuleiro.



Suponho que a ideia então seja algo mais direccionado para o público em geral, na sua vasta maioria ignorante da dimensão, variedade e dinamismo deste hobby.

Nesse sentido, há vários pontos essenciais a ter em conta para se tentar fazer algo que possa ter dimensão e impacto suficiente para levar pessoas que não estão predispostas a isso a deslocarem-se a um evento onde se jogam jogos de tabuleiro… Alguns de que me lembro agora:


  • Envolvimento do maior número possível de intervenientes no mercado. Editoras, distribuidores, retalhistas, grupos de jogadores, designers, etc.



    Seriam essenciais para que houvesse qualquer possibilidade de a experimentação ter seguimento regular por parte de quem lá fosse ver o que é isto dos jogos de tabuleiro… Um curioso só passa a ser um jogador regular se tiver jogos para jogar e a possibilidade de os adquirir logo ali, depois de os jogar é fundamental. Já para não falar de esse ser o ponto fulcral para envolver Editoras, distribuidores, etc.

    Os Grupos teriam que ter o papel de fornecedores de explicadores dos jogos.


  • Esforço significativop para o envolvimento de intervenientes estrangeiros



    Especialmente de Espanha. Talvez depois França, Reino Unido… O que vai mexer com outro aspecto a ver mais à frente; O da localização…


  • Acesso aos meios de comunicação social e interesse dos mesmos. Divulgação por outros meios.



    Aqui o papel dos intervenientes da "indústria" seria também fundamental. Só uma acção concertada entre os principais envolvidos poderia dar uma ideia do volume e importância desta actividade aos jornalistas. Enquanto uma editora, um grupo de jogadores, etc. aparecerem isolados perante a comunicação social, nunca a imagem de pequeno nicho será modificada.

    Uma acção concertada junto do público com partilha dos contactos entre todos os intervenientes, repartição dos custos e colaboração estreita poderia gerar interesse na população geral, o que por sua vez influencia a comunicação social, que pos sua vez geram amis interesse na população, etc. permitindo um certo ciclo constante entre uma coisa e outra.


  • Localização privilegiada.



    Problema mais grave e difícil… Mesmo para coisas mais pequenas como a InvictaCon, o espaço foi sempre o ponto mais difícil.

    FIL e EXPONOR são coisas, para já, demasiado grandes e caras. Teria que ser algo mais acessível.

    E a questão geográfica é terrível.



    Lisboa tem mais pessoas e um potencial de público maior mas, lá está, não é uma coisa nacional. Fazer uma Con em que o público paga para ir em Lisboa é fazê-la quase só para quem vive perto de Lisboa… Mesmo sendo um evento gratuito já acarreta custos significativos para quem vá de longe. Para mim, ir à LisboaCon significa gastar uns € 150 (pelo barato) só para deslocação e alojamento… Quantas pessoas acham que estarão dispostas a ainda pagar bilhete em cima disso para ir descobrir algo como jogos de tabuleiro? E ainda eventualmente comprar jogos? Pois…



    Fazê-lo no Porto tem o problema igual, com as agravantes de haver menos público local potencial e o tradicional provincianismo de muita gente que vive na capital e simplesmente acha que tudo deve ser por lá feito (há pessoas assim e a comunicação social padece disso de forma endémica, para acrescentar ao ponto anterior)…



    Outros locais (Braga? Aveiro? Coimbra? Batalha? Santarém? Évora? Beja? Faro? ) agravam a diminuição de público local embora cidades na zona centro possam praticamente eliminar a questão da distância (que é bem mais financeira que geográfica). Também têm a vantagem de, normalmente, os espaço serem mais acessíveis em termos de preços.


  • Preço acessível



    Suponho que algo deste género tenha que ser pensado como um evento pago. Pelo menos para cobrir os custos daqueles que não estão envolvidos comercialmente. Se as editoras e vendedores terão o potencial das vendas para os ajudar a pagar as despesas e, desejavelmente, até terem lucro, os que são voluntários não e trabalhar de borla tem os seus limites… A gratuitidade é desejável em muitos cenários mas algo com a dimensão de que estamos a falar terá que, pelo menos, se bastar a si próprio.



    É possível? É.

    É arriscado? Sim. Muito.



    Uma evolução mais lenta, como a que tem acontecido e se espera que continue, com as Cons locais a terem mais público que possa vir a levar-nos ao ponto de termos algo semelhante a uma das grandes Cons internacionais é certamente o mais seguro.

    Será provavelmente à custa do desaparecimento dessas múltiplas Cons locais em favor de uma grande Con nacional, ou pelo menos da redução da frequências dessas (algo que já está a acontecer… Já foram 6 aos ano, agora são 4 com tendência a descer) .



    Ou então, não.

    Pode aparecer alguém com dinamismo, paciência e força para conseguir reunir todas estas coisas e levar àvante um projecto destes e surpreender-nos a todos…



    Digo eu que não sei nada!

    _

Durante a Qualifica, fiquei a saber que o pavilhão 5 da exponor (que penso que seria mais que suficiente, tem um custo à volta de 12Mil€ por dia. Se for 3 dias, só nisso vão, vamos dizer 40mil, para aluguer e outros gastos. Contas de merceeiro obviamente, mas é só para ter uma ideia.



E também ficamos a saber que há interesse, ao nível da gestão da exponor, em se pensar em algum evento do género, sozinho ou acompanhado, o que confesso que me surpreendeu um pouco. Claro que eles pensam sempre em rentabilizar o espaço, mas com certeza só lhes interessará algo que possa ter pernas para andar.







Arriscado será sempre, pricipalmente por ser o primeiro, mas se calhar já não é assim tão cedo.

A Fnac, os hipermercados, supermercados, etc, cada vez tem secções maiores para este hobby.



Para além disso, tal como já alguém referiu, é bem menos arriscado do que um boardgame café, porque no pior dos cenários, isto pode ser apenas 1 evento e não se fala mais nisso, não envolvendo custos contínuos.







Na minha humilde opinião, acho que o principal entrave será envolver todos os interessados até se encontrar investimento suficiente. Para um mero entusiasta, investir 40mil € é muito dinheiro. Mesmo que sejam 40 entusiastas a pôr do seu bolso, são 1000€ a cada, o que continua a ser de certeza difícil.



Mas para várias empresas, do ramo ou com interesse no ramo, se calhar não é assim tanto, pelos uma boa parte pode ser abatida.

E há também os restantes patrocínios possíveis, como por exemplo os municípios do Porto e Matosinhos, que tendo conhecimento (bem explicado) do que isto pode ser e do que se faz lá fora, se calhar até apoiam (por exemplo cedendo instalações noutro local gratuitamente, o que reduz significativamente o investimento). Mas terão de saber que isto não é só monopólios e carcassones com manteiga.





É tudo uma questão de contactos/reuniões, para se saber.



O que é certo é isto: sem se perguntar nunca se saberá. smiley