Filth & Fury: Introdução

Malta, no blog que partilho com o Mariano, comecei a escrever um setting para o Sistema Solar. Abaixo o primeiro post; se a isso se sentirem inclinados, podem comentar aqui, ou no seu sítio original em ideonauta.blogspot.com.

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Cidadão,

Do cimo da Torre do Legado o Rei-Deus Zha’ul governa Uruzhaleyn com um punho de ferro e um olhar entorpecido no seu sono milenar, as suas serpentes flamejantes Sarap purificam cremando os infiéis e os dissidentes como se fossem cadáveres descartados, prendendo todos aqueles que ousem levantar a voz contra ele. Mais abaixo, as grandes guildas da cidade monopolizam toda a espécie de comércio, espezinhando cruelmente o pequeno trabalhador, ficando com todos os lucros e negando aumentos ao trabalhador comum, ou escravizando bairros inteiros para aumentar produções. Amigos denunciam amigos e vizinhos aos Malzhin a troco de uma protecção ténue, ou pelo lucro fácil e abjecto da venda para escravatura dos seus familiares por um pedaço de pão bolorento.

Cidadão,

Tu que vives na rua, que tens a tua família aprisionada, que sofres e passas fome, pergunta-te: é este o futuro que queres para ti?

Junta-te ao movimento para derrubar o Rei-Deus! Esta tirania não pode durar!

-panfleto publicitário do movimento Ira Imunda, antes da sua base ser invadida pelos Sarap e completamente carbonizada

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Filth & Fury, ou Ira Imunda livremente traduzido, é um universo de fantasia arcaica que mistura mitologia semita com uma opressão corporativista moderna, que estamos a construir para o Sistema Solar. Numa visão mais simplificada, é um híbrido de Dark Sun e Bas-Lag, Transmetropolitan e V for Vendetta, Blade Runner, com uma boa dose das músicas dos Sex Pistols à mistura; The Filth and The Fury é, aliás, o nome de um video documentário sobre esta band punk inglesa.

Tem como base a cidade fictícia de Uruzhaleyn, que é vagamente inspirada na Jerusalém antiga, governada por um déspota chamado Zha’ul, também vagamente inspirado em Saúl, o primeiro rei de Israel, portanto a imagética geral será pintada com estes tons, muito babilónico, pré-cristão, semita, num passado alternativo anti-utópico recheado de opressão, violência, pobreza e miséria humana. Ao contrário de outros universos fantásticos de sufixo -punk, dominados pelo brilho reflexivo do crómio nos implantes cibernéticos dos seus personagens, com um foco maior na violência gratuita e combate de rufias, Filth & Fury foge deste preconceito e pretende colocar a questão: até onde se pode ir?

Neste espaço iremos construir este universo, contando com a vossa ajuda e os vossos comentários! Acompanhem-nos!