A ideia com este post é ver mais ou menos os interesses, em termos de jogo, do pessoal que anda aqui pelo portal. Independentemente dos jogos, sistemas, etc falem sobre os 5 melhores momentos (ou mais se vos aprouver) que já tiveram desde que jogam RP.
A ordem é irrelevante:
1
Jogo: Mage, The Ascencion – Victorian Age
Situação: O meu PC tinha um segredo (era ghoul) e outra PC estava prestes a descobrir isso. Baldes de água para um lado, pontapés entre as pernas para o outro e os PCs afastam-se zangados um com o outro.
Mais tarde, tendo visto o erro do meu caminho e percebendo que fui demasiado impulsivo com a situação, decidi ir comprar uma rosa e ir oferecer à outra PC. Quando o fiz fui violentamente ameaçado (armas de fogo foram sacadas!) pela dita PC, isto porque há poucas noites atrás alguém havia entrado sorrateiramente na sua casa e deixado lá uma rosa e uma carta. Conversa para o lado e para o outro finalmente ela percebe que eu não sou o tipo que ela está à procura e eu percebo que a PC está muito incomodada com toda esta situação, decidi por isso ajudá-la, visto ela já ter salvo a minha vida anteriormente e tudo.
Porquê: Gostei imenso desta situação porque foi das poucas vezes que vi dois PCs a criarem um relacionamento com base em algo mais do que “nós somos da party por isso damo-nos bem”, criou-se ali dentro de jogo uma relação forte que ia tornar todo o jogo muito mais interessante.
2
Jogo: Vampire, The Masquerade
Situação: Estávamos a jogar uma crónica com Elders com base no setting de Gehenna. A determinada altura do jogo o meu personagem teve um sonho, encontrava-se dentro de um bar de vampiros onde aparentemente muita gente me conhecia (e onde eu não conhecia ninguém), falei com uns bacanos, bebi sangue de uma tigela com um cérebro humano, assisti a um combate entre dois homens bonitos recém vampirizados e em hunger frenzy, tendo acabado a cena a falar com um vampiro que estava muito entretido a encantar criancinhas, prende-las a uma mesa, cortar-lhe a barriga e chupar o sangue das suas tripas enquanto elas ainda estavam (semi)vivas.
Porquê: Até à data não me lembro de uma situação tão viva e tão simplesmente degradante e horrorizante como esta. Foi divertido para caraças ver a minha humanidade (sim a do PC já era irrelevante) a ir pela janela fora simplesmente por estar a interagir com aquelas pessoas naquele ambiente.
3
Jogo: Vampire, The Masquerade
Situação: Eu e a restante party fomos incumbidos da missão de nos dirigirmos a uma casa nos arredores de Lisboa, para descobrir o que aconteceu à child do Primogen Malkavian que havia sendo enviada para a investigar.
Casa vazia, cave com algemas na parede cheias de sangue, uma mão cortada dentro da gaveta de uma secretária e um child de um Primogen estacado debaixo de umas roupas, um diário da filha no seu quarto onde estava também um vestido ensanguentado.
Porquê: Para começar todo o processo de entrada e investigação da casa foi bué arrepiante, estávamos sempre à espera que nos saltasse qualquer coisa das sombras para cima de nós, mas a única coisa que encontramos foram aquelas pistas, que a meu ver tornaram tudo muito mais aterrorizador do que se tivesse sido um monstro qualquer.
Depois veio a cereja no topo do bolo, a leitura do diário (se não estou em erro fui apenas eu que li), aqui estava detalhado todos os sonhos cor-de-rosa e inocente da filha e a espiral descendente em que aquela família entrou depois de o pai ter voltado de uma viagem ao México (weee Sabbat), novamente foi a total degradação e a descrição das cenas horrorosas que o pai obrigou a mulher e filha a fazer que me agarraram por completo, e sobe muito melhor quando limpámos o sebo àquela gente toda num combate na torre do tombo.
4
Jogo: Velho WOD Mortals
Situação: Estava na posição de GM (1ª vez), a personagem em causa era uma rapariga mexicana que viva nos bairros degradados da cidade El Herroica Matamorros. A sessão começa com a notícia que o seu irmão mais velho tinha sido esfaqueado e estava no hospital. Ao chegar lá descobre que a vida dele foi salva por um bandido chamado Rico, que atacou os assaltantes que lhe estavam a roubar a mota (visto o seu irmão ser um entregador de pizzas).
Quando isto é dito à polícia (que é corrupta a níveis sem perdão) eles, sem se darem ao trabalho de investigar, decretam que o Rico é o criminoso e que o vão prender. No dia seguinte a PC é chamada à esquadra para identificar o criminoso e depara-se com um vagabundo que foi apanhado num beco com as provas “uma caixa de pizza e uma faca”. Ao perguntarem à PC se era este o criminoso, ela prontamente responde que sim (não era ele, visto ela já ter falado com o Rico). Sai da esquadra e a primeira coisa que faz é telefonar ao Rico e a dizer “a polícia apanhou um homem inocente, tens que o ir salvar”.
Troca de palavras, fim da sessão.
Porquê: A cena da bófia ter apanhado um vagabundo da rua e decidido culpá-lo pelos motivos mais parvos, era apenas … cor (?), meti essa cena na sessão apenas para demonstrar como o mundo de WOD, tal como eu o vejo, e o daquela cidade em particular é completamente corrupto e cheio de pessoas sem coração que só se preocupam consigo e nada mais. Agora quando ela se vira para o Rico e diz “temos que salvar o inocente” fiquei bué admirado, espantado, surpreendido, etc. com a situação, especialmente depois de ela ter dito “sim este é o criminoso” sem grandes preocupações ou arrependimentos.
Outra razão para a cena ter sido tão fixe é esta, não tinha criado plot nenhum para a PC, não gosto de fazer isso, e foi muito fixe ver a jogadora a ser pró-activa e ir atrás dos seus objectivos e como isso funciona muito bem – Pontius Pilate Stance rules \m/ –, de notar que isto foi antes de ler qualquer coisa parecida com técnicas de input criativo dos jogadores e outras cenas que tais.
5
Jogo: Vampire Dark Ages (que é para não ser tudo igual)
Situação: O meu vampiro era um Nosferatu que tinha um background inspirado n’”O Nome da Rosa”, descobriu um repositório de conhecimento no seu antigo mosteiro e ficou “viciado” em conhecimento, claro que não demorou muito em ser apanhado, culpado de heresia e lançado para a fogueira, felizmente o Sire salvou-o antes disso.
Tempo depois encontro numa cidade uma jovem rapariga que está a ser castigada pelo pai porque queria aprender a ler e a escrever, entrevi e tirei de lá a rapariga. Foi aqui que tudo descambou.
Entra pela cidade adentro uma Toreador toda do bufo a influenciar o príncipe que a miúda era dela, veio uma LaSombra com um exército a ameaçar arrasar a cidade se a miúda não lhe fosse entregue. Entretanto ando eu a tentar esconder do pessoal todo (party inclusive) que sou eu que tenho a miúda.
Propostas de poder para um lado, ameaças de morte e sofrimento eterno para o outro, resultado final: toda a gente fica a saber que a rapariga é “minha”, visto os humanos serem vistos como propriedade pelos Kindred, os Tzimisce que mandam na região decretam que a rapariga não é para sair do país por isso o dia acaba +/- bem e os Toreador e os La Sombra ficam a guardar rancores contra mim, a rapariga fica a salvo.
Porquê: Todo o stress de haver várias forças envolvidas a querer a rapariga foi completamente alucinante, a marcação de posição do meu PC ao dizer “esta rapariga não é propriedade de ninguém, ela é livre de escolher o seu destino e não quer ir com vocês” foi extremamente colhosa e o facto de ter dado uma chapada de luva branca naquela gente poderosa toda foi algo de aterrador, de certeza que ia alimentar mais cenas para o resto da crónica.