Bem, agora vou começar também a fazer críticas dos jogos de tabuleiro que já joguei.
Uma breve introdução. A editora GMT games, criou uma série chamada “Great Battles of History”, que retratam batalhas da antiguidade. O primeiro (e com mais sucesso) foi o das campanhas da Roma republicana, em seguida um sobre Alexandre grande e finalmente as batalhas de César da guerra civil (que vou aqui apresentar).
Como já disse jogam-se batalhas. Joga-se em mapas de papel (com hexágonos) que tentam representar o melhor possível o terreno da época (com montes, florestas, pântanos, desertos, etc); não são muito manobráveis e exigem uma grande superfície (rondam os 50cm por 50). O jogo joga-se com “counters” quadrados que representam unidades. Cada counter tem uma série de letras e números conforme as unidades. No caso de uma coorte (a unidade base da legião romana), terá os seguintes elementos: em primeiro lugar um desenho de um legionário, depois a indicação do tipo de unidade à direita (neste caso CO- coorte), no topo no centro um número correspondente ao número da legião, por baixo a classe (veterana, conscrita ou recruta), por baixo o tamanho da unidade (as coortes tem o número 5 equivalente a 500 homens) e no fundo em baixo a qualidade da tropa (uma coorte veterana terá 8, mas uma legião excepcional como a X de César pode atingir os 9). No topo à direita, teremos a indicação se tem dardos (J), por baixo à direita o número da coorte (existiam 10 coortes nas legiões romanas portanto irá de 1-10), e o número de hexágono que pode andar em terreno normal (existem imensos modificadores).
À primeira vista é complicado, mas é uma questão de hábito. Depois temos os piões para chefes (com uma série de características: comando, iniciativa, unidades que comandam, etc). E depois temos piões auxiliares (para ver se a unidade esgotou as munições, se está cansada, se sofreu baixas, se se mexeu, etc, etc). A meio de um jogo, uma coorte pode facilmente ter 2 ou 3 piões em cima com indicações. Bem, explicando o sistema de comando. No fundo da lista estão os legados que comandam uma legião (10 coortes); podem dar uma ordem a toda a legião (avancem!) se bem que isso exija um lançamento de dado ou dar 1 ordem individual a 1 coorte (esta é de borla). Acima, estão os generais que comandam alas do exército (teoricamente deveriam comandar no mínimo 2 legiões, mas a realidade é por vezes mais complicada e comandam por vezes 1 só); se tivermos decidido que nenhum dos legados subalternos dê uma ordem, o comandante da ala pode dar uma ordem a toda a ala (lançamento de dado para ver se tem sucesso) ou dar ordens a unidades individuais (o número de ordens aqui é variado de acordo com a qualidade do general, podendo ir de genial -4- a péssimo -1-). Acima, temos o comandante supremo (passa-se o mesmo, se ninguém deu uma ordem abaixo dele, pode tentar dar uma ordem a todo o exército, ou dar ordens individuais). Para ver quem dá ordens primeiro, começa-se pelo comandante de menor grau independentemente da facção a que pertença (legado, vendo-se um conjunto de características, em caso de empate usa-se o dado); assim vai-se alternando entre jogadores pois o que conta são os comandantes.
Quando duas coortes se encontram, elas lançam os dardos, e depois enfrentam-se no corpo-a-corpo. Serão vistos uma série de factores (qualidade da tropa, a classe, o número de homens, possível presença de chefes), e depois lançados os dados obtém-se o resultado (são calculadas as perdas, vê-se se uma unidade é destruída, posta em fuga, etc). Claro que existem numerosas regras que vão completar este quadro; apesar do que parece, o jogo não é complicado (os 2 primeiros turnos custam um pouco a habituar, demorando uma hora cada, mas depois flúi rapidamente. Este jogo é sobre as batalhas da guerra civil de César contra Pompeu e os republicanos (nem Cleópatra, nem gauleses, ambos tem jogos próprios). Quem viu a série ROMA, pode-se lembrar das referências a Farsália e Thapsus (nesta via-se um elefante morto). O ideal será as batalhas de Dyrachium (poucos efectivos, foi a que joguei mais) e Ruspina (um pouco mais de efectivos e boa para jogar em solitário). Munda é um colosso: 21 legiões (210 coortes), mais as tropas auxiliares de cada lado; nunca tentei (existem 6 cenários ao todo). Os cenários tem um elemento interessante: as condições das batalhas são apresentadas de acordo com os registos que temos (neste caso, César) que apresentava sempre os seus exércitos em tremenda inferioridade numérica; ora sendo as tropas republicanas também romanas, possuem um certo nível de qualidade que torna muito difícil ao jogador que encarna César ter alguma hipótese; para resolver isso, são apresentadas variantes (de acordo com um historiador alemão) que torna as batalhas mais credíveis (as tropas republicanas são menos inflacionadas em número, o que permite de apesar de terem mais efectivos, acabam por ser equivalentes às tropas inferiores em número mas de melhor qualidade de César). A GMT produz uma revista que contém cenários (e piões) dos seus jogos; um deles passa-se com Sertório a comando dos lusitanos e de legionários “populares” contra legionários “optimates” de Pompeu.
Há alguns anos atrás este jogo foi convertido em computador (com mais alguns cenários de bónus, contra os gauleses); infelizmente não tem um gerador de cenários, de modo que ficamos reduzidos aos cenários existentes (coisa que não sucede no jogo de tabuleiro). Também comprei uma expansão para o jogo SPQR, chamado War Elephant que tinha a vantagem de conter todos os piões (excepto uma dúzia que estavam no SPQR…e no César). É sobre a maior batalha com elefantes registada, com falange contra falange (lembram-se de Alexandre?). Infelizmente ainda não arranjei quem quisesse jogar.