Guidelines para escrita de comentários no blogue d'O_Falcao_Maltês

Caros,



É com grande prazer que escrevo mais uma posta aqui neste blogue, que tem sido recebido com grande carinho e atenção, o que me deixa bastante feliz. Escrever-vos-ia com prazer uma reacção a um jogo de que gostei e que joguei há pouco. Mas antes disto, temos que falar. Sobre nós.



Senta-te, leitor. Posso fazer com que te tragam um chá, uma água?



(Abro uma pequena caixa de metal e estendo-ta)



Uma cigarrilha? (Tu tiras ou então não tiras. Depois tiro uma para mim.)



(Passo-te o isqueiro e acendo-te a cigarrilha, se tiveres uma. Depois acendo a minha cigarrilha e dou um bafo profundo. Na exalação o meu corpo deixa-se cair sobre as peles brilhantes do sofá.)



(Um compasso de espera, em que olho o quadro de valor inestimável à direita da caçadeira que está pendurada diretamente por cima da lareira.)



Sabes, Leitor, eu gosto de ti, e parece-me que nos entendemos bem. É certo que não nos conhecemos há muito, mas estabelecemos já uma relação forte, envolvente, rara para uma relação tão curta. E parece-me termos todo o potencial para continuarmos a aprofundar, a transformar, a nossa relação. Fico entusiasmado agora que te escrevo isto, leitor, só de pensar no que aí pode vir, em todo essa possibilidade por realizar. Juntos, iremos longe.



(Sorrio, docemente. Olho-te. Nos meus olhos há um leve embalo, como um barco em águas moles, ou um berço. O meu olhar perscruta-te. Sentes-te como te fazem sentir estas palarvras, mas tens também a suspeita de que não foi só para te dizer isto que te trouxe para este foyer imaginário.)


(Depois de dar mais um bafo, continuo)

Bem longe... E nesta nossa relação, em que eu escrevo e tu lês, nada me dá mais prazer, nada me faz sentir tão honrado como quando tu, inspirado pelas minhas palavras escritas, tomas também a pena - ou o teclado -  e decides escrever um pequeno texto, um comentário, que eu leio, sem excepção, numa momentânea inversão de papéis, uma doce fuga. Ah, ser Leitor eu, uma vez, e tu Escritor. Seres tu, por uma vez, a conduzir, e eu poder descomprimir no embalo das tuas palavras. Ah, doce prazer. Ah, sonho fugaz.

(O sorriso saudoso que me fica nos lábios enquanto olho o longínquo desvance-se quando os meus olhos reencontram os teus.)

E contudo, Leitor

(Sentes um empedernir nos meus olhos, na minha cara, no meu olhar)

contudo, quando os comentários que tu fazes fazem frente em qualidade a posta original

(Uma faísca nos meus olhos. A voz vai-se levantando.)

a tua audácia põe em causa o meu papel de governante. E se eu voltar a ver, da tua parte, algum comentário ou conjunto de comentários melhores do que a posta original, eu farei chover na tua casa o fogo dos infernos, a vingança terrível de Jeová, a fúria dos anjos em Sodoma e em Gomorra!

(Uma trovoada no mar, o barco dos meus olhos é sacudido pelos ventos e chuvas. Num momento, pareces ver, pareces sentir a dor dos antigos em Sodoma, em Gomorra, em Jericó, a dor das mães que perderam os filhos, a miséria dos pastores que perderam as suas famílias e o seu sustento e a dor incandescente do fogo dos céus, em Dresden, em Tóquio, na selva do Vietnam, em Bagdade.)

(E, de repente, os ventos páram. O barco vai assentando. A bonança vem, depois da tempestade. O barco regressa ao doce embalo. Fora, a expressão está plácida, mais plácida que antes, e o sorriso é aberto. O sol brilha. Os pássaros balançam-se sobre o espelho de água que os reflete quase perfeitamente. E não conseguimos decidir se é mais belo o voo de cima se o de baixo.)

Ah... assim está melhor. Ainda bem que tivemos esta conversa. Sinto-me bastante mais aliviado.

Scones?