GURPS Discworld

Na minha opinião, não há mundo de fantasia actual em que o autor esteja vivo mais vibrante e detalhado do que o Discworld.

Discworld, um mundo escrito por Terry Pratchett, é exactamente como o nome indica, um disco em cima de 4 Elefantes em cima duma Tartaruga Cósmica, a Great A’Tuin. É um mundo que já conta com quase 40 livros sobre ele, e é um mundo perfeito para role-play.

O principal do Discworld é a sua comédia. Os livros fazem-nos sempre rir, ao velho estilo de Monty Python. No entanto, não é um mundo cómico, é um mundo muito sério de facto. Desde encontrarem um deus até derrotarem um Dragão Nobre, o mundo do Discworld transparece uma similaridade com o nosso mundo que Pratchett muitas vezes usa como sátira.

Em breve, é um mundo muito bom mesmo, e os livros sobre ele são do melhor que há. Logo seria lógico que mais cedo ou mais tarde fizessem um RPG sobre ele, e tal foi feito, na forma do GURPS Discworld, da Steve Jackson Games.

O livro tem 240 páginas, está muito bem editado e as ilustrações do Paul Kidby são das melhores que alguma vez vi em qualquer livro, são soberbas, não só em termos de qualidade de desenho mas em termos de representação dos personagens. A sua representação do Capitão Samuel Vimes é o Sam Vimes.

Agora farei uma análise do livro capitulo por capitulo.

  1. On The Back Of Four Elephants

Este capitulo é uma introdução ao Discworld. Fala desde a Great A’Tuin até às moedas do Discworld. Como capitulo introdutório não está mau, dá uma boa ideia do mundo e como funciona. Não está mau, embora podia ter sido expandido em mais áreas.

  1. Where To Go And Why Not To

O gazzeteer do Discworld. Todos os países e nações estão aqui detalhados brevemente. Desde Genua até ao Agatean Empire, desde Omnia até Ecksecksecksecks, todos os países descritos nos livros estão cá. É capaz de ser o melhor capitulo deles todos, mas infelizmente é demasiado reduzido para libertar o verdadeiro potencial das estórias. Este capitulo é a razão porque este mundo devia ser uma linha de produtos com vários sourcebooks, pois os locais podiam estar mais bem detalhados neste livro.

Seja como for, a informação acaba por ser suficiente para jogar, embora para quem nunca tenha lido nada sobre o Discworld esta informação não lhes vai ajudar de muito. É decente, mas gostaria que houvesse muito mais sobre os locais.

  1. Inne Just Seven Days…

Este é o capitulo sobre PCs. Desde o tipo de PCs a fazer conforme um determinado número de pontos até ao equipamento, este capitulo aborda as bases de como construir um PC para o Discworld. Não está mau, e até me deu umas boas ideias, mas tal como tudo neste livro, merecia ter mais espaço dedicado ao capitulo. Seja como for, não está mau.

  1. Non-Humans On The Disc

Continuando a sequência sobre PCs, este capitulo narra a vida das raças não-humanas do Discworld, com especial realce sobre os Anões e Trolls. Os Anões no Discworld não são os Anões estereotipificados da maioria dos mundos de fantasia. De facto, excepto por a maioria trabalhar em minas e serem baixos e com barbas, os Anões no Discworld não diferem muito dos humanos, excepto os Anões de Ankh-Morpork que se comportam como Anões estereotipificados. Estranhamente, os Anões de Ankh-Morpork não vivem debaixo da terra.

É um capitulo fixe, inutil se quiserem fazer um humano, mas muito engraçado para quem quiser fazer um Troll ou um Gnome ou um Vampiro. Eu gostei muito e achei que o capitulo estava de acordo com a atmosfera do Discworld. Muito bem detalhado e a descrever muito bem como um PC não-humano se deve de comportar e em que circunstâncias.

  1. Welcome To Ankh-Morpork

Ankh-Morpork é a maior cidade e a mais importante do Discworld. Sua moeda é usada em quase todo o lado, e o patricio Vetinari é o politico mais ábil de todos os mundos de fantasia que alguma vez li. Em suma, Ankh-Morpork é a cidade usada em metade dos livros do Discworld e o lugar mais provavel onde os PCs podem começar.

Este capitulo descreve a vida nesta cidade, desde suas leis até às guildas. Achei um capitulo decente e muito engraçado, muito bem enquadrado com o que se escreveu da cidade nas estórias e com o ambiente gerado por elas. É um sitio perfeito para se começar uma aventura, e os PCs podem passar a vida toda na cidade sem sair dela e ter aventuras novas todos os dias.

Um capitulo util para quem quer ter uma ideia de como o Discworld funciona.

  1. In The Name Of The Lore

Este capitulo fala sobre a estrutura da magia no Discworld. Fala de como ela funciona e de como os wizards se encaixam na sociedade. Fala também duma das universidades mais famosas da literatura, a Unseen University.

Este é o capitulo sobre a magia no setting. É curto mas ajuda a enquadrar um wizard ou uma witch no mundo. Decente, mas podia estar mais bem trabalhado.

  1. Messin’ With Reality

Este é o capitulo de magia no system. Fala sobre feitiços, items mágicos, e como adaptar as regras de magia do GURPS para o Discworld. Não é lá grande coisa, mas o que está escrito sempre ajuda a adaptar melhor a magia do GURPS para o Discworld.

  1. Large Questions, Small Gods

Os deuses no Discworld são importantes. Taumatorgistas do Discworld teorizam que existam bilhões de deuses, e tal é verdade. Mas a maioria são Small Gods, deuses sem crentes nem poderes.

Este capitulo relata informação sobre os deuses e sobre a estrutura da realidade no Discworld. O Discworld é um sitio especial, onde a realidade é muito mais fléxivel que na maioria dos lugares. Se muita gente acredita em algo neste mundo, então esse algo torna-se realidade, não importa se tal algo é um objecto ou uma teoria.

É um bom capitulo, muito bem escrito e que não causa confusão considerando o tópico do capitulo. Está muito interessante e é dos capitulos que mais ideias para aventuras dá.

  1. Beware The Ambiguous Puzouma

O bestiário. Nada de mais, só tem mesmo monstros nativos do Discworld. Nada de especial.

  1. Suicidally Gloomy When Sober, Homicidally Insane When Drunk

A secção dos NPCs importantes. Desde o incompetente Rincewind até Granny Weatherwax até à neta da Morte, Susan Sto Helit até ao personagem mais cativante das estórias, a própria Morte, que gosta de gatos.

Todos os personagens mais importantes das estórias estão aqui, statted para GURPS. Um capitulo interessante mas no fim pouco importante.

  1. Bad Food, No Sleep And Strange People

O capitulo para GMs. É muito curto e não tem nenhuma informação que um GM com alguma experiência não saiba ainda.

E prontos, isto é o livro capitulo por capitulo. No fim, é um livro muito interessante e que dá prazer ler, mas peca por ser pequeno demais. De facto, este RPG peca por não ser uma linha com sourcebooks.

Pessoalmente, gostei do livro. Ajuda a fazer sessões no Discworld e é útil para quem quiser jogar neste mundo. É de uma boa qualidade escrita e realmente faz justiça ao mundo. É também útil para quem quiser ideias para outros mundos.

Não conhecermos o Discworld não é uma desvantagem significativa para quem lê este livro e não conhece as estórias, mas que ajuda muito isso ajuda.

O livro tem muitas stats, mas pode ser facilmente adaptado para outros sistemas.

É um bom mundo de fantasia que consegue introduzir qualquer jogador ao nosso hobby ao mesmo tempo que invoca imagens coloridas e vibrantes que só um mundo tão detalhado como este pode invocar. É um mundo que usa os estereotipos como sátira e que usa muitos conceitos originais. Basicamente, é um mundo que vale a pena jogar como RPG.

Recomendo vivamente este livro para quem quiser jogar num mundo divertido mas ao mesmo tempo sério.

15 de 20.

https://www.lspace.org

Nao sabia que existia mas como grande fan de Terry Pratchett e das excelentes aventuras em Discworld que ele nos mostra parece ser uma bela ideia e algo que gostava de experimentar.

hehe nem que fosse para conhecer a Morte :P

Vocês alguma vez jogaram roleplay humorístico? Eu tenho a experiência de Paranoia e acho que é o único RPG que consegue, de facto, ter piada quando se lê e quando se joga.

Obviamente que sou um fã de Discworld e dos seu mais variados livros, mas pergunto-me se será possível reproduzir este tipo de humor num RPG. Este livro para GURPS dá algum apoio nesse sentido?

Fazer comedy roleplay é um desafio para todo o grupo. Como diz o Ron Edwards, existe o perigo de se criarem histórias com as quais ninguém se importa.

Será preferível então jogar Discworld sem tentar ter piada?

Mais dois aí pró caldo, oh camarada:

Toon e Petit Peuple.

O Toon ainda é editado pela Steve Jackson Games, já o joguei, mas não faço ideia de como está agora, e é sobre desenhos animados, mais precisamente os da WB, aqueles que levam com os pianos e/ou caem de altura de vários andares furando as nuvens na queda e deixando um pequeno pof quando chegam ao chão.

O Petit Peuple foi lançado pela extinta revista francesa Casus Belli, e convidava os jogadores a interpretar pequenas fadas imortais, que para resolverem as suas disputas inventaram uma série de desafios, que eram depois transportados para os jogadores, e que envolviam desde contar piadas, fazer desenhos, cantar musicas idiotas sem se rir, etc. Tenho o pdf por aqui perdido, se alguém o quiser.


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Alguém muito sábio disse uma vez: "So, Trebek, we meet again! The game's afoot!"

Seria dificil pôr o GM a falar no mesmo tom de voz da Morte :smiley:

Existe também um sourcebook apra este RPG, o Discworld Also, que expande o RPG de acordo com as novas estórias.


“You can not escape me!” he roared. “Lead me into a trap and I’ll pile the heads of your kinsmen at your feet! Hide from me and I’ll tear apart the mountains to find you! I’ll follow you to hell!”

Ya, dá. Fala sobre fazer PCs com um toque de comédia e como manusear a comédia durante uma sessão. Tem bons conselhos de facto.

O fixe deste RPG é que tanto pode-se fazer uma aventura tipo Colour Of Magic como uma tipo Night Watch. Ou seja, algo mesmo maluco ou algo tão sério sem nenhum humor e extremamente dark and gritty que apanhará os jogadores de surpresa. Este RPG é dinâmico nesse sentido, pode-se fazer o que quiser que se vai dar bem. Pode-se fazer um PC tipo Rincewinde ou um PC tipo Sam Vimes. É uma das razões de eu gostar deste mundo, tudo é possivel numa maneira muito literal.


“You can not escape me!” he roared. “Lead me into a trap and I’ll pile the heads of your kinsmen at your feet! Hide from me and I’ll tear apart the mountains to find you! I’ll follow you to hell!”

MGBM,

tens aqui uma resposta interessante sobre esse tema.

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Alguém muito sábio disse uma vez: "So, Trebek, we meet again! The game's afoot!"

Bom, se o pessoal não fosse logo assumir que se está a dizer mal do seu jogo favorito e se desse ao trabalho de ler o que está escrito, o mundo do roleplay seria bem mais agradavél e cortês. :stuck_out_tongue:

Então uma pessoa com 20 anos de RPG ia dizer que o GURPS, com os seus mais de 250 suplementos publicados, peca por ser uma linha sem suplementos?? Tínhamos já de banir o MGBM cá do portal para todo o sempre, eheh. Ele está, pois claro, a falar do GURPS DISCWORLD, não do GURPS (que, de resto, não é sequer mencionado em nenhum lado); aposto que o maluco do Marum queria que saíssem um ou dois suplementos de GURPS DISCWORLD todos os meses, como acontece com o seu querido Conan. Tá bem tá, Marum; não te chega sair um Terry Pratchet novo, ou dois ou três, todos os meses? Eheh.

Como o Ricardo disse, eu estava a referir-me não ao GURPS mas ao GURPS Discworld. Tipo, o GURPS Discworld precisa de sourcebooks, o GURPS já tem uma porradona deles.

Fui mal-entendido.


“You can not escape me!” he roared. “Lead me into a trap and I’ll pile the heads of your kinsmen at your feet! Hide from me and I’ll tear apart the mountains to find you! I’ll follow you to hell!”

Yeap! Eu quero é sourcebooks para o GURPS Discworld! :smiley:
O GURPS Discworld Also também já tenho, mas sabe a pouco.
:frowning:


“You can not escape me!” he roared. “Lead me into a trap and I’ll pile the heads of your kinsmen at your feet! Hide from me and I’ll tear apart the mountains to find you! I’ll follow you to hell!”

Faço minhas as palavras do Ricardo, se o pessoal se desse ao trabalho de ler os posts todos em vez de responder logo, o mundo da internet seria um lugar muito mais cortês. Laughing

Então não é que, mais abaixo no seu post, encontro palavras como "[...]Respondendo agora um pouco mais directamente ao post noutro fórum que iniciou esta tirada[...]"

EhehWink

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Alguém muito sábio disse uma vez: "So, Trebek, we meet again! The game's afoot!"