Hanabi

Hanabi

By: Antoine Bauza

Hanabi é a palavra japonesa para fogo-de-artifício e é também o nome de um jogo de cartas cooperativo no qual os jogadores ajudam-se uns aos outros para criar um espectáculo de fogo-de-artifício, em que para tal se joga cartas da mão para a mesa numa determinada ordem de forma a criar sequencias de cor.

Coube ao Hanabi a honra de vencer a edição de 2013 do Spiel des Jahres. Os outros dois nomeados desta edição foram o Qwixx de Steffen Benndorf e o Augustus de Paolo Mori.

Para quem não sabe o Spiel des Jahres (Jogo do Ano) é o mais prestigiado prémio para jogos de tabuleiro e de cartas e é atribuído anualmente por um júri de críticos alemães. Normalmente os vencedores deste prémio são jogos leves e familiares e com potencial comercial elevado.

Antoine Bauza está de mão quente, pois num curto espaço de tempo teve dois grandes sucessos comerciais, este Hanabi e o 7 wonders, este último um verdadeiro campeão de vendas.

Sem mais, passo de seguida à review do jogo.



Componentes: é um baralho de cartas e umas fichas manhosas …

Não há muito que falar sobre os componentes do jogo, pois é um baralho de 50 cartas de boa qualidade e 11 fichas de plástico, logo não há muito que enganar.

No entanto, a minha versão do jogo é da “Cocktail Games” que consiste basicamente numa pequena lata com as cartas quadradas lá dentro. Faço menção a isso porque quero referir que a lata dá jeito para servir como repositório das fichas já utilizadas.

Mecânicas: é um card game cooperativo, com elementos de dedução e memória.

No início do jogo, cada jogador recebe uma mão de quatro cartas (cinco se forem apenas dois ou três jogadores), até aqui tudo bem pois é como qualquer um outro jogo de cartas. O que faz com que o jogo seja brilhante é a forma como os jogadores devem colocar as cartas na sua mão: é ao contrário, de forma que o jogador só veja as costas das suas cartas e de maneira que os outros jogadores possam ver o seu jogo … é simplesmente BRILHANTE !

Adicionalmente são disponibilizadas oito fichas azuis (pistas) e três fichas vermelhas (penalidades), que devem ser colocadas no centro da mesa para uso comum de todos os jogadores.

No seu turno cada jogador tem três acções possíveis, a saber:

- Dar a um outro jogador uma pista sobre as cartas da sua mão
Utilizar uma ficha azul (de pista) para dar uma pista a um outro jogador sobre as cartas que esse jogador tem na mão. As pistas só podem ser dadas da seguinte forma: por cores ou por números.
Ex: escolhendo um número ou uma cor o jogador pode fazer a seguinte afirmação ao mesmo tempo que aponta para as cartas "o jogador A tem dois 3’s, aqui e aqui e ali (apontando para as cartas em questão)" ou então "Estas duas cartas são amarelas (apontando para as cartas em questão)".
É importante referir que as afirmações efectuadas têm que cobrir a totalidade das cartas em questão, por exemplo se o jogador tiver três cartas amarelas não podemos dar uma pista dizendo que as duas cartas da esquerda são amarelas e não fazer menção sobre a terceira.

- Descartar uma carta para recuperar uma pista.
O jogador joga uma carta da sua mão e descarta a mesma voltada para cima para o monte do descarte. Em compensação pode recupera uma ficha azul (de pista) que pode ser utilizada para dar novas pistas.

- Jogar uma carta para a mesa.
Este é o objectivo do jogo, criar sets de cinco cartas ordenadas e sequencias do um ao cinco, em cada uma das cinco cores.
Assim, o jogador joga uma carta para a mesa e duas coisas podem acontecer: i) se a carta encaixar numa das sequências existentes, o jogador bisca uma carta para repor a sua mão inicial (caso a carta jogada seja a quinta carta de uma cor, recupera também uma ficha de pista), ii) se a carta não encaixar, o jogador descarta a carta, utiliza uma ficha vermelha de penalidade e bisca uma nova carta para repor a sua mão inicial.

O jogo pode terminar de três maneiras diferentes:

- Se a terceira ficha vermelha de penalidade for utilizada, os jogadores perdem imediatamente o jogo e marcam zero pontos.

- Se os jogadores completarem todas as cinco cores de fogo-de-artifício, o jogo acaba imediatamente e obtêm a pontuação máxima de 25 pontos.

- Quando a última carta é biscada, cada jogador joga mais uma vez (incluindo o jogador que biscou a última carta) e depois o jogo acaba.

A pontuação final é marcada com base nos diversos fogos-de-artifício jogados, sendo que a pontuação de cada fogo-de-artifício é igual ao valor da última carta jogada por fogos-de-artifício.

A pontuação final deve depois ser avaliada pela tabela abaixo:

0-5 Horrível! A multidão está furiosa.
6-10 Muito mau. Quase sem aplausos.
11-15 Desempenho honroso, mas não será lembrado.
16-20 Excelente! A multidão está encantada.
21-24 Extraordinário! Vai ficar gravado na memória da multidão.
25 Lendário! A multidão ficou estupefacta.



Número de jogadores: entre 2 e 5

Nunca joguei a dois, logo não posso opinar, mas acho que o jogo é mais interessante com quatro jogadores.

Interacção entre jogadores: É muito interactivo mesmo
Claro que é muito interactivo, não fosse um jogo cooperativo. Dependemos totalmente dos outros jogadores para sabermos qualquer coisa sobre o nosso jogo.

Tempo de jogo: aproximadamente entre 25 a 30 minutos

Hanabi é um filler, pois joga-se muito rápido e não é propenso a AP.

Dependência de língua: não tem
O jogo não tem qualquer dependência de língua e as regras em Inglês estão disponíveis no BGG.

Tema: não tem !!!
É um jogo de cartas abstracto em que deram-lhe um título e uma roupagem de fogo-de-artifício, mas claramente não tem tema nenhum.

A minha opinião

Na minha hopinião, o Hanabi é um excelente jogo (ou será um excelente joguinho?).

Uma das coisas que faz com que eu goste tanto do Hanabi é que parte dos gamers acham que o jogo é muito leve e familiar e outra parte diz que é um jogo pesado e que não é de todo um jogo familiar, afinal o que será ?

Uma coisa é certa, é um jogo original e sempre que vejo alguém jogar fico com um sorriso na cara, afinal de contas: CARTAS AO CONTRÁRIO ?!

Como palavra final, gostaria também de afirmar que apesar de eu gostar do jogo, acho que o Hanabi não deveria ter vencido o prémio de Spiel des Jahres, afinal de contas é um pequeno card game que se joga em 25 minutos e eu não gosto que o prémio Spiel des Jahres seja atribuído a jogos tão pequenos.

O que eu gosto:

- É claro que eu gosto do promenor de jogar com as cartas ao contrário smiley
- O setup é muito simples e é fácil de ensinar
- É cooperativo sem ter o defeito de ter alguém dominar o jogo (como acontece por exemplo no Pandemic)
- A sensação de aumentar a pontuação é muito boa

O que eu não gosto:
- É inevitável fazer batota. O Hanabi é provavelmente o jogo mais difícil dos jogadores não fazerem batota, seja «através de expressões ou por sistemas de comunicação já estabelecidos.
- A longevidade do jogo deve ser curta e sem dúvida que certamente o será se for jogado sempre com o mesmo grupo de jogadores.

Obrigado pela leitura !

Obrigado por mais esta excelente (e oportuna tendo em conta que ganhou, como indicas, recentemente o prémio de jogo do ano) review.



Acrescento que a versão alemã do Hanabi (da editora Abacus) trás 60 cartas; a mesma tem um 6º "naipe" multi-cor que permite 3 variantes e que creio que qualquer uma delas ainda dificulta mais o jogo:

  1. jogar com uma 6ª cor para criar 6 fogos de articio (permitindo chegar aos 30 pontos)
  2. igual à variante 1 mas com o 6º naipe a ser jogado apenas com uma carta de cada número (1, 2, 3, 4, 5)
  3. quando são dadas pistas de côr podem ser consideradas da côr que quisermos, mas quando jogadas são na mesma de um 6º naipe



    Também gosto deste jogo mas confesso que me causa alguma "comichão" a questão da batota, sendo que acaba por ser complicado definir onde a mesma começa fighting

Mais uma boa review.



Concordo com as conclusões, já não concordo com a questão da vitória do Spiel des Jahres. Tendo em conta os nomeados, seria uma injustiça que este não ganhasse. Há jogos melhores? Sem dúvida, mas esses não foram nomeados.



A "batota" pode ser um problema, no entanto, o jogo é mais acerca da própria capacidade de os jogadores trabalharem em conjunto com algumas limitações do que acerca da vitória… No fundo acho que depende dos grupos e de cada jogador. Eu procuro ser muito conciso e sintético nas pistas que dou e não me agrada muito quando alguém diz mais do que deve ou procura dar mais informação que o imposto pelas regras recorrendo a outros subterfúgios, mas como se trata de um joguinho rápido e o que interessa mais é que a malta se divirta, passo por cima disso facilmente.



Keep it up!



Já agora, a edição que eu tenho é a primeira francesa e inclui regras para o Ikebana que é um jogo competitivo usando o mesmo baralho. Acho que com a junção de algumas fichas se consegue jogar também com o baralho desta edição.

Recebi o Hanabi esta semana e joguei-o hoje pela primeira vez. Apesar de não ser fã de jogos cooperativos, este deslumbrou-me. É o primeiro do género a entusiasmar-me. Já joguei Pandemic ou Shadows Over Camelot, mas nenhum me cativou assim por terem limitações graves como demasiada preponderância/influência de um jogador no desenrolar (Pandemic) ou demasiado fator sorte (Shadows). Este jogo é quanto a mim brilhante. Presenteia-nos com um estilo radicalmente oposto ao que já vi (pelo menos eu), e considero-o bastante divertido. A família gosta, entretem-se e isso é o mais importante. 

Eu por mim recomendo-o vivamente, com o ponto a favor de ser um produto bastante acessível. Eu dei €9,00.