Ontem jogámos um jogo de Here I Stand, uma mesa com seis jogadores.
Jogámos no novo espaço que temos disponível para jogar jogos de tabuleiro. O Ludoclube. Muito agradável para jogarmos umas longas horas. E uma ludoteca de sonho. https://ludoclube.com/P/ludoteca.cgi
Tem o Here I Stand e a sequela Virgin Queen.
Falemos do Here I Stand.
Este jogo é como um Rolls Royce de coleção.
Adequado para quem aprecia carros/jogos antigos, refinados, mas complexos e cheios de pequenos pormenores “caprichosos”.
E que acha todas as novidades “streamlined” do mercado, definitivamente muito menos elegantes e desafiantes.
Antes de começares a viagem, tens mesmo de estudar como tudo funciona. Não, não tem piloto automático. E o manual é difícil de perceber e aprender. Tem mesmo muitas páginas, letra pequena e poucas imagens. É um carro/jogo exigente, não foi feito para dummies. Se não fizeres o trabalho de preparação prévia, nem arrancas da garagem e vais dizer que o carro/jogo é uma porcaria. Não funciona!
Quando a verdade, talvez seja que não estiveste a altura da exigência da tarefa.
É para quem gosta de viajar/jogar a apreciar o ambiente com todas as suas minudências, calmamente e com muito tempo. Apreciar aquela particularidade histórica que ainda não sabias. Reparar naquela estória que nunca tinhas ouvido antes.
E não para quem quer chegar rápido a muitos sítios e fazer muitas coisas em pouco tempo. E passar estupidamente pela espuma do que está no topo da onda da moda do momento.
Para quem gosta de conversar, socializar e mesmo intrigar, no banco de trás/mesa de jogo. Num espaço amplo que leva muitas pessoas, numa longa, confortável e lenta viagem.
Deve ser jogado por quem aceita a tragédia/comédia da vida com a bonomia de um velho british lord.
Nós planeamos tudo ao detalhe, mas no fim os deuses/dados é que determinam o sucesso ou insucesso final de tudo.
Afinal, este é um jogo sobre as guerras religiosas na Europa do século XVI.
Mas, apesar dessa suposta aleatoriedade, quem ganha o jogo é aquele jogador que tomou as melhores decisões durante todos os turnos e que aproveitou as melhores oportunidades (não, não ganhei este jogo!).
E não um chico-esperto qualquer que ganhou uns milhões no Casino, num lance estúpido de segundos. Dá trabalho e é preciso planear muito para se ter sorte no Here I Stand. E todos na mesa, no final, o reconhecem.
Para terminar, para começares a viagem/jogo tens mesmo que ter o cuidado de convidar as pessoas certas, aquelas que achas que possam partilhar do teu espírito de passeio/jogo. Uma viagem/jogo rápidos com pessoas desinteressantes tolera-se, já uma de um dia inteiro é terrivelmente insuportável.
O Here I Stand é um jogo que proporciona uma experiência lúdica de quase roleplay. Os jogadores devem imergir totalmente no tema, que está excepcionalmente integrado nas mecânicas e nas cartas, e também no papel de líderes das principais potências da Europa do século XVI: O Sulleyman, Otomano; Francis I, da França; Henry VIII, de Inglaterra; Charles I/V, o Habsburgo; o Papa católico em Roma; e o Luther, protestante.
Concluindo, gostei muito do jogo e a mesa foi mesmo espectacular. Quero muito rejogá-lo. Brevemente, se possível.
Foi a primeira vez que o joguei e o jogo deu-me tudo aquilo que esperava dele.
Boas jogas para todos.