Eu comecei logo por mestrar. Iniciei-me practicamente sozinho por voltas de 1996/97, graças aquela maravilhosa invenção que foi a Internet e o facto de, na altura, a Devir Arena Porto ainda suportar os RPGs.
Apesar de não ter contactado com ninguém que jogasse roleplay, esta combinação de factores deu para que lê-se umas coisas na net, ficasse interessado com a nova edição revised de Vampire: the Masquerade e encontrasse o livro na Devir.
Eu só sabia que queria experimentar aquilo, por isso reuni dois amigos mais o meu irmão, compramos o livro (seis contos, na altura!) e fomo-lo passando entre nós para o ler. Depois de estarmos mais ou menos elucidados, eu preparei a minha primeira campanha e, a partir daí, nunca mais parei.
Entretanto, depois de comprar o livro, já tinha começado a tentar entrar em contacto com quem jogasse e tentei assistir a algumas sessões. Conheci vários mestres-jogo diferentes e tentei aprender com aquilo que gostava acerca da sua maneira de mestrar. Acho que, nos primeiros tempos, é normal questionarmo-nos constantemente, sem saber se estamos a "fazer isto bem" - especialmente se não temos qualquer experiência nem estamos inseridos num grupos que já jogue.
Não me lembro exactamente da minha primeira sessão, mas recordo-me que quis criar tudo de raiz e, por isso, preparei uma campanha para se desenrolar mesmo na cidade do Porto. Assim começamos a jogar e cedo me apercebi das dificudades em integrar aquilo que tinha preparado com aquilo que as personagens eram e o que os jogadores queriam fazer.
Por outro lado, também me apercebi que a sessão não avançava assim tão depressa na história que eu tivesse de ter tudo calculado vinte jogadas à frente. Cedo aprendi que tinha tempo para ir adaptando as minhas ideias durante a sessão. Mais à frente, com a campanha já em velocidade de cruzeiro, aprendi também que era relativamente fácil improvisar com base nos acontecimentos que se iam acumulando.
Recordo-me também que certamente tivemos dificuldades no início para, digamos, entrar dentro do esquema. Quer as cenas que eu fazia, quer os comportamentos das personagens, pareciam despropositados e sucediam-se um bocado "no ar". Felizmente que conseguimos ter paciência uns com os outros, jogar com regularidade, conversar sobre o que fazíamos e concentrarmo-nos nas cenas fixes que queriamos experimentar :)
Acho que o maior gozo nestes casos é mesmo o jogar pela primeira vez algo que se vai descobrindo como funciona e cujas hipóteses são ilimitadas.
As consequências da minha primeira aventura como GM foram jogar e mestrar cada vez mais. Cedo encontrei coisas de que não gostava em V:tM, por isso procurei outros jogos, com outras regras e settings. Acho que tive sorte em no início me ter saído bem sozinho, pois fiquei com a pica para me arriscar em outros RPGs sem me preocupar se tinha alguém que mos explicasse. Criei um certo vício em descobrir coisas novas, compará-las com o que experimentei dantes e explorar o que mais haverá.