Pois deixa-me que te diga que concordo com o teu último parágrafo.
Vinha a pensar nisso agora a caminho de casa, e se bem que o João tem toda a razão ao afirmar que como o personagem não existe, qualquer coisa que o jogador o ponha a fazer é o normal para ele, eu continuo a afirmar que, se há antecedentes que possam fazer prever o comportamento do jogador em relação ao personagem, então ir contra esses antecedentes é ter o personagem a fazer algo que normalmente não faria.
Isto pode ser visto de outro prisma, que é o seguinte:
Eu normalmente compro settings pré-feitos (MnM e Exalted, pra citar dois), e nesses settings geralmente vem uma pequena descrição de como o NPC se comporta (a chamada roleplaying hint). Se o livro do setting estiver disponível para toda a gente, então toda a gente sabe como os npc's reagiriam às coisas.
Mais, como o João disse que a sua argumentação era aplicável ao próprio setting, então eu por de repente elfos em MnM era no mínimo estranho.
Aqui posso dar um exemplo concreto que se passou connosco quando tentámos jogar Exalted pela 1ª vez; o Padeira pediu para ser GM de uma mini-aventura, e todos concordámos. Começámos na típica cidade dos ladrões lá do sitio, chamada Nexus, que fica na confluência de 3 rios todos do tamanho do Nilo ou maiores (Exalted é tipo Texas, é tudo à grande). Ora nós éramos suposto ir do ponto A ao ponto B, e eu vi que pelo mapa, indo de barco, poupávamos uma carrada de tempo, e conhecendo eu a cidade, sabia que lá havia carrada de comércio fluvial a ser feito, e por isso propus que fossemos de barco; reacção do GM: não há barcos. Ainda hoje isto é uma piada à mesa de jogo.
Ora o que aconteceu: alguém à mesa estava a ir contra o que estava pré-estabelecido (tirar os barcos de um sitio onde os há) e toda a gente à mesa subiu às paredes e atirou papeis à cara do GM.
E falando de coisas compradas (setting books), que para mim à mesa têm tanto valor como os backgrounds dos personagens, se eu estiver a ir contra elas, é a mesma coisa que um jogador ir contra o que estabeleceu para a norma de comportamento do seu personagem.
Portanto e para concluir, existe de facto ir contra o que normalmente se faria.