Ita incipit

Olá a todos, após andar por aqui há algumas semanas, decidi finalmente, e porque não, começar a pôr aqui o diário da minha personagem na campanha "Age of Mortals" de Dragonlance, em 3.5.

Desde já, aviso que isto é um ponto de vista de um jogador apenas, e não tenho informação do DM. É um diário pessoal, começado já a meio da campanha, e por isso a personagem começa a escrevê-lo também quando já vai bastante avançada.

Peço-vos que leiam e que comentem, por favor... Desde que os comentários sejam construtivos, podem comentar mesmo que não gostem :-)

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Folium I

Apresentação

Gelo Brilhante, dia 19 de 422AC.

Meu nome é Karenya Astivar, filha de Olaf Járn Hugr, eleito Chefe dos Exércitos de Ice Reach no ano de 410AC.

No momento em que escrevo estas linhas, encontro-me na Desolação, comprometida com uma aventura que não pedi mas que recebo de bom grado para desenvolver o meu valor e justificar a minha pertença à Ordem dos Cavaleiros de Solamnia.

Tenho comigo companheiros raros e improváveis, sendo que nem todos podem ser chamados ‘amigos’. No entanto, temos partilhado os riscos e sem sabermos ainda bem o que o destino nos traçou, vamos seguindo em frente no caminho que se abre perante os nossos olhos. Não sei se chegarei viva ao fim desta aventura, mas tentarei seguir sempre os ideais da minha Ordem e tentar trazer um pouco mais de luz a este mundo que bem precisado dela está. O que se segue é um relato de como aqui vim parar, e se possível, dos eventos que os próximos dias, ou semanas, ou meses, trarão.

Prólogo

Nasci há 19 anos na Expansão do Gelo, nas terras do sul, no Acampamento do Povo do Gelo. Desde cedo que lido com as artes da guerra. O meu pai é o chefe do seu clã, e além disso foi eleito o Herlidh Hilmir de todos os clãs, o Chefe dos Exércitos do nosso povo unido nas lutas contra os Homens-Morsa e os Dragões. A vida no gelo é dura, e a guerra é apenas mais uma realidade.

Sou filha única de Olaf, e sei que isso é um caso raro na nossa terra, especialmente entre os chefes, que precisam dos seus filhos para se defenderem dos inimigos. Não escondo que o nosso povo é governado pela Força, e um chefe só o é enquanto consegue derrotar os seus inimigos. E sei também que por causa disso sempre fui mal olhada, como se não conseguisse defender o meu pai. Mas não sou fraca!, e quando chegar a altura, lá estarei para o suportar.

Treinei-me nas armas desde cedo. Fiz-me caçadora nas planícies geladas e aprendi todas as manhas dos animais. Mas aos 16 anos, o meu pai mandou-me para o norte, com uma carta de recomendação para um amigo seu que tinha ajudado nas lutas nas terras geladas contra os Dragões. O seu nome era Hereth uth Cathar, Cavaleiro de Solamnia. Sob a sua supervisão, treinei em Solanthus durante mais de um ano. Fiz várias saídas com ele. Já liderei homens. E numa aventura com Hereth, ganhei a minha primeira armadura, que carrego ainda hoje. Finalmente, no início do passado Frio Negro, Sir Hereth apresentou-me a um Conselho da Ordem dos Cavaleiros de Solamnia e com o seu apoio, fui introduzida na mesma como Escudeira da Coroa. Hereth foi nomeado meu mentor, e ficou decidido que o meu treino continuaria com ele.

Mas pouco dias depois, Hereth mostrou que tinha outros planos. Hereth decidiu que devia continuar o meu caminho sozinha. E ao seguir tal estrada, seria finalmente posta à prova com vista a ascender a Cavaleira. Nessa altura, Hereth deixou-me bastante confusa. Apesar de se manter impassível e seguro de si como sempre o conheci, algo na sua expressão traía uma comoção interior: havia qualquer coisa mais que queria dizer, tenho a certeza, mas manteve a sua máscara de estátua de pedra e guardou-a para si. Largou-me no mundo explicando a minha missão, e dando-me a sua bênção.

Um amigo seu, Uma Handora, criador de cavalos em Khur, desejava regressar a Pashin antes do fim do ano, e tinha pedido ajuda a Hereth para o escoltar. Essa ajuda seria então prestada por mim, no lugar do velho Cavaleiro. A escolta não seria simples: era necessário atravessar as terras selvagens dos Ogres de Blöde. Além do mais, havia rumores de guerra por todo o lado, e parecia que os Minotauros estavam a invadir Silvanesti.

Vim a descobrir que estes rumores eram afinal verdade, e que nem eu nem Hereth alguma vez pensámos quão longe me levaria esta viagem. É graças a ela que aqui estou agora, muito mais para norte, na Desolação, a escrever estas linhas.

Foi nesta escolta que conheci Eruanne, Zidnerpa e os outros, mas não cheguei a falar muito com nenhum deles. A escolta era constituída por um draconiano de poucas falas, Karol, que trazia consigo um Kender curioso e que nunca se calava... afinal, como qualquer outro Kender. Este chamava-se Google Pickandrop. Connosco seguiam ainda um anão místico (se bem que ainda hoje tenha dúvidas que ele fosse realmente um anão), de nome Bahari, aquilo que eu na altura pensava ser um humano, mas que se veio a revelar um Irda, trajando um manto negro e professando as artes mágicas. Tal combinação deixou-me logo um aperto no coração: no mínimo, tal pessoa não podia ser de confiança, e no outro extremo, mais valia nem pensar. Logo nesta viagem percebi que a minha relação com ele seria complicada. Finalmente, havia ainda Eruanne, uma Elfa Kagonesti.

Não se passou nada de muito relevo na viagem, embora tenhamos visto passar uma grande companhia de mercenários para Leste, e sido atacados uma noite.

Eu estava de vigia quando a Elfa se chegou a mim e fez um sinal apontando para trás de umas rochas. Nenhuma de nós conseguia perceber o que era, mas atrás de nós, o Draconiano falou na sua voz baixa e sibilante: Hobgoblins. Eram três, e mais dois humanos, que tentavam apenas roubar tudo o que houvesse de valor. Mas foram surpreendidos pela nossa defesa e foram rapidamente derrotados. A escolta cumprira o seu papel.

No dia 28 de Véspera de Geada pela noitinha, a última noite do ano, chegámos à vista de Pashin.