Lady Blackbird: Mini-jogo, maxi-aventura!

[i]Nobres apaixonados e reis piratas, uma noiva em fuga de um casamento arranjado, uma nave espacial cheia de contrabando, a abordagem de um cruzador Imperial em pleno espaço sideral, identidades encobertas e planos secretos, criminosos entusiastas e inocentes de consciência pesada, prisioneiros no fundo do porão…[/i] Estes são alguns dos detalhes excitantes da aventura por detrás da mistura de jogo e cenário que é o Lady Blackbird de John Harper, o também autor de AGON, o jogo de RPG competitivo de heróis gregos aguerridos e exploração insular intrépida. Numa iniciativa original o designer disponibilizou no seu site, o One Seven Design (https://www.onesevendesign.com), três jogos em formato PDF totalmente gratuitos, muito bem ilustrados e com um layout admirável para um esforço não-comercial. O Lady Blackbird é um destes jogos e consiste numa aventura de pirataria intergaláctica e desencontros amorosos para até seis jogadores (incluindo Mestre-de-Jogo), com regras de jogo incluídas sendo estas ligeiramente baseadas no Solar System do The Shadow of Yesterday do Clinton R. Nixon (de licença aberta tal como o Lady Blackbird). Os primeiros parágrafos do texto de jogo (que servem de apresentação ao jogo no próprio site do autor) estabelecem imediatamente o género de estória, o universo de jogo e a situação inicial. A página seguinte mostra-nos um vislumbre do “Azul Desconhecido”, o pequeno grande canto do universo onde a acção da aventura se passa, descrevendo em pequenos parágrafos quer o planeta-capital do Império quer o planeta covil sempre submerso em escuridão e em piratas obscuros. O setting é uma mistura, de acordo com o autor, da série de TV Firefly e do World of Warcraft (!?). Há quem o tenha usado como ponto de partida para incluir na estória referências ao The Princess Bride e ao Piratas das Caraíbas. Aparentemente essa flexibilidade de introdução de novos elementos e total permissão por parte do MJ são intencionais por parte do autor. Uma lista de nomes coloridos e apropriados ao universo está incluída nesta secção. As restantes páginas do documento contêm as fichas dos personagens pré-feitas, incluindo a da personagem que dá nome ao jogo. Cada ficha descreve e enumera as características de cada uma com também as regras a serem usadas. Face a um obstáculo a superar um jogador deve acumular um número fixo de sucessos de acordo com o nível da dificuldade a ultrapassar (usualmente 3). O jogador começa com um dado mas sempre que o jogador conseguir justificar um Traço (um atributo aparente ou um papel a desempenhar que implique um conjunto abrangente de competências ou habilidades) ou uma Tag (uma dessas competências ou habilidades específicas) este acrescenta um dado ao número de dados da lançar. Além disso o jogador tem também à sua disposição uma pilha de sete dados dos quais pode retirar o número de dados que quiser para acrescentar ao lançamento. Se o jogador conseguir superar o nível de dificuldade em número de sucessos (conta como um sucesso cada d6 que apresentar os números 4, 5, ou 6 na sua face visível) o personagem não só tem sucesso e o personagem supera a adversidade em seu favor como este também perde todos os dados usados no lançamento, incluindo os da pilha de sete dados. Se não se conseguir bater o nível de dificuldade a personagem não ultrapassa o obstáculo por enquanto mas o jogador recupera os dados da pilha inicial e ainda ganha um dado inicial. Esta última instância das regras faz lembrar um pequeno jogo gratuito chamado The Pool. A ler. É pressuposto o MJ agravar a situação mas permitir nova tentativa ao jogador e personagem logo que possível. A consequência de um lançamento falhado pode ser a imposição de uma Condição, de uma lista pré-determinada, que é um estado físico ou mental debilitado ou outro tipo de complicações. Estas condições apenas desaparecem quando o personagem protagoniza uma cena de descanso, reflexão e diálogo com outro personagem, denominada apropriadamente de Refresh. Sem entrar em mais pormenores acerca das regras, na que distingue este sistema dos restantes é o uso da mecânica das Chaves e Segredos. As Chaves são traços de personalidade, motivações e convicções e tudo mais que define a lógica interior do personagem. Sempre que a personagem agir de acordo com a sua Chave este ganha um 1 ponto de XP e se este ainda por cima meter-se em apuros devido à sua coerência comportamental e lógica interna então ganha 2 pontos de XP adicionais. Quando o personagem acumula 5 pontos de XP este ganha um Avanço que pode gastar para comprar um Traço, uma Tag, uma Chave ou um Segredo. E o personagem pode comprar uma destas características a qualquer altura, inclusive durante uma batalha ou cena de acção e usá-la imediatamente! O jogado tem também a possibilidade de “vender” a sua chave e ganhar dois Avanços. Para tal basta apenas fazer algo totalmente contrário ao espírito da Chave, acção esta descrita especificamente no texto de cada Chave. Os Segredo são truques e técnicas especiais que permitem de certo modo contornar ou quebrar os limites das regras de jogo. Uma apresentação esquemática da nave “A Coruja”, com uma comparação de tamanhos com o cruzador espacial e com uma lula estelar e tudo, serve de ficha de personagem para o meio de transporte dos nossos protagonistas (inclui Condições especificas) e ilustra vividamente, através da excelente arte conceptual do autor, o veículo modelo Sky Hauler C9. Na secção seguinte o autor disponibiliza truques, dicas e conselhos para correr o Lady Blackbird, especificamente dois que dão título a cada mini-secção: “Ouve e faz questões, não planeies” e “Diz que sim e depois fica de olho em novos obstáculos que possam surgir”. De em seguida estão listados um conjunto de possíveis obstáculos e níveis de dificuldade apropriado que só por si delineam o possível decurso de toda a aventura mesmo assim deixando espaço para improviso e originalidade de parte dos jogadores. O PDF de 15 páginas ainda consegue incluir uma lista de Traços, Tags, Chaves e Segredos passíveis de ser comprados como também uma versão das fichas dos personagens pré-feitos orientada para a evolução destes com espaço para as características recém-compradas. E tu? O que esperas para ajudares a Lady Blackbird a escapar das garras do cruzador espacial ”A Mão da Tristeza”? Agarra uns quantos d6, uns lápis e junta uns amigos. Porque é bom jogar RPG… de graça! [i]Artigo publicado originalmente no blogue Paragons (https://www.paragons.com.br/)[/i]

[quote=jrmariano]Porque é bom jogar RPG… de graça![/quote]Alguma vez se pagou para jogar? Wink

Acabei agora mesmo de sacar. Tem muito bom aspecto para ser impresso.