Sou um jogador compulsivo. Sempre fui. Digo na brincadeira aos meus amigos que não me posso meter no poker senão nunca mais o largo.
A minha paixão por jogos de tabuleiro começou em criança, com o inevitável Monopólio, mas também o Petróleo, a Bolsa, o Ludo (que, não sei bem porquê, chamávamos o jogo de Nitiritz – devia ser um acrónimo de “não te irrites”) e sobretudo o Risco.
Um amigo mais velho, impressionado com uma cópia do Risco que veio de Inglaterra, replicou o jogo na íntegra, com uma precisão invulgar para os meios disponíveis na década de 80. Incontáveis horas de decepção, traição e frustração com os dados: fica na memória um ataque de 17 exércitos contra 2, que resultou na devastação dos atacantes. Bravos resistentes!
Depois veio o ZX Spectrum. O mundo parou: r tape loading error. A tentativa replicada milhares de vezes de reduzir um centésimo o tempo de troca dos pneus no Formula One. O Match Day. A musica do Match Day…O o OPQA que já não funcionavam de tão martelados. SXNM siga…O parafuso do azimute, a fita-cola no transformador…
Mais tarde já na década de 90 Magic the Gathering: primeiro jogo “O que é isto!?!” – Foi amor para quase 10 anos, comecei em 1995 com a quarta edição e de seguida o ciclo de Ice Age, e parei de jogar por volta de 2005. Pelo meio algumas deslocações ao estrangeiro para jogar, mas sem levar os rankings muito a sério pois não estava inserido num meio muito competitivo. Fica na memória o mecanismo de draft, um dos meus favoritos em detrimento de construído. Um sorvedouro de dinheiro…
No início do século, um amigo compra o Axis & Allies – Anniversary Edition, mas o contexto é o errado: tentamos jogar após uma grande mariscada, bem regados, e o grau etílico não permite passar do setup: após 2 horas desistimos. Nessa altura apercebo-me que o grau de complexidade que adoro nos jogos é difícil de transportar para o tabuleiro: os tempos de setup e do jogo propriamente podem ser um grande impedimento a jogar algumas coisas. Exemplo máximo: Civilization: the boardgame, como se jogava no PC, comprámos o jogo de tabuleiro. Que tortura, acho que tentámos jogar duas ou três vezes para justificar o preço pago, mas foi para uma prateleira onde ainda hoje se encontra. Estas duas experiências foram perniciosas no sentido de me terem afastado dos jogos de tabuleiro.
Outra vez os computadores: MMORP Anarchy Online. “O que é isto?!?” Tweak tweak calcula calcula horas e mais horas. Terrível jogo, feito à minha medida. Despertador às 3 da manhã para conseguir a Alien Combat Directive Controller, o santo graal dos items! PVP…mass PVP…lag…frustração. PVM…muito muito muito, rola novas personagens, perfeição no equipamento.
Pelo meio um amigo compra o Puerto Rico e lembro-me de fazer meia dúzia de jogos e de pensar “Que elegância, os jogos deviam ser todos assim!”.
Depois começa a vida profissional e familiar e o tempo é muito pouco. Nenhum. Não se joga nada, uma cartada num fim de semana: King e Espadinha, ainda ensino a Canasta. Apercebo-me que a primeira reação das pessoas é de intimidação: “Isso é muito complicado”, mas depressa entram no esquema e estão a pedir mais um jogo às 2 da manhã. “Hopá amanhã trabalho porra!”
Fast forward para o final de 2014: o contacto com o BGG foi esporádico, mas ressurge a necessidade de jogar. As miúdas já estão crescidas, que diabo, tenho de as por a jogar. Compro alguns jogos para crianças, e pelo meio apanho o Carcassone. Giro, muito giro. Espera há mais…ena pá 60 mil jogos no BGG? Deixa ver…ui ui isto evoluiu. Compro o Caverna…intimida para por os amigos a jogar, compro o Power Grid, complexo mas fácil de por a jogar, até hoje o jogo com mais sucesso entre os meus amigos, pus toda a gente a jogar isto e um já comprou o jogo. Até o meu irmão já me pediu uma cópia. Excelente, polido, mecanismos simples, implacável, o leilão, a inversão na ordem…que maravilha! “Joga Paulo…Sou eu?..”@£§€£§€sse!” Analysis Paralysis…
Espera há mais coisas, outra vez o Power Grid? Vá lá olha aqui este…
Evangelização.
Compro o Stone Age, simples de perceber, difícil de jogar eficientemente. Omito a tática de starvation de propósito, sou um purista, a starvation desvirtua o jogo, devia ser proibido!
Splendor: fácil, setup rápido, jogo rápido, arruma rápido, vai mais um?
Morels: Até a minha companheira joga…
Worker placement.
Snowdonia, que obra de arte, que carinho posto pelo Tony no jogo. Excelente! Viticulture, outro, compro o Tuscany e até as moedas. Objeto de desejo.
Agora tenho-me reunido mais e mais com amigos para jogar coisas diferentes, o mais popular tem sido as Viagens do Marco Polo. Quero mais complexidade, mas tenho de ir devagar para não espantar a caça.
Lista dos mais jogados de 2015 segundo o BGG (nem sempre reporto…)
Splendor: 35; Power Grid: 30; Morels: 23; Discoveries: 15; Viticulture: 12; Istanbul: 9; Stone Age: 8; Elder Sign: 7; At the Gates of Loyang: 6; Eldritch Horror: 6.
Depois de uma passagem rápida na RiaCon 2015, no dia 29 de Janeiro vou à LeiriaCon. Espero encontrar novos jogos, claro, e principalmente conviver com quem também ama este hobby. Quero ver as abordagens de outras pessoas aos jogos que costumo jogar, e quero jogar coisas novas, mesmo que sejam velhas, Wallace, Feld…. Quero ver o processo criativo dos designers que lá vão estar, porque morro de inveja deles.
Vemo-nos em Leiria. Até já!
Bom post
E vamos jogar um Lisboa em Leiria visto estares na minha mesa
Até dia 29
TOP!
Muitos pontos em comum com a minha lifestory!
Boas jogatanas!
Lá estaremos á tua espera, para te explicar jogos
Muito bom post! Parabéns
Excelente texto, é por causa de textos como este que continuamos ano após ano a organizar a LeiriaCon,
Até já !