Esta é uma apresentação do setting que cada jogador necessita de saber para poder criar uma personagem e jogar a sua primeira sessão. Do ponto de vista do mestre-jogo, haverá um pouco mais que ele precisa de ver detalhado, mas isto é o suficiente para começar.
A Magia
Neste jogo, os protagonistas e os Dragões são dois lados da mesma moeda, duas faces do poder da Magia sobre o ambiente. No entanto, em ambos os casos, criar um feitiço é instintivo e imediato - não se trata de aprender incantações ou organizar rituais, mesmo que os personagens possam querer rodear-se dessas decorações.
O uso de Magia é também completamente evidente e chama à atenção sobre quem a está a utilizar. Cabe ao jogador descrever cores, raios de luz, trovões, seja o que for que acompanhe o seu feitiço. É impossível ser discreto.
A Magia de um personagem é apenas e só o grande poder de criar o que ele quiser (e do qual tenha conhecimento). Até certo ponto, pode até controlar ligeiramente aquilo que cria, mas tudo o que tenha a ver com alterar, transformar, destruir, etc. já passa para o domínio dos Dragões. Esta é a fronteira entre os dois. Pelo seu lado, os Dragões podem fazer tudo através da Magia, excepto criar algo a partir do nada.
Na prática, os protagonistas conseguem, por exemplo, largar gigantescas bolas de fogo sobre os seus inimigos, voar sobre os ventos, erguer uma fortaleza, encher uma barragem, tudo é possível desde que o feitiço crie alguma coisa. Nunca conseguem directamente controlar o curso de um rio ou acalmar uma tempestade, mas podem criar uma pedra gigantesca para desviar a torrente de água. Apesar de impressionante, a Magia que está no domínio dos protagonistas funciona de forma bastante racional e até mesmo científica. Qualquer pessoa consegue criar uma chama de fogo, mas para criar uma fortaleza é necessário já algum tipo de conhecimento ou então terá de ser algo muito simples. Uma personagem pode conseguir criar do nada um coração humano ou um tanque, mas para isso já precisa de ter Saberes em medicina ou engenharia.
Tanto para os Dragões como para os Fundadores, criar ou alterar/destruir a psique humana é praticamente impossível. Um protagonista pode mesmo tentar saber de medicina, filosofia e religião para criar um ser humano completo, mas o melhor resultado possível será um mero robot orgãnico.
O Que Aconteceu
Há sete anos atrás, a Magia voltou ao mundo pela mão de pessoas comuns, que inesperadamente acordaram com o maior dos poderes. O mais diverso tipo de pessoas de todas as partes do mundo - homens, mulheres, crianças, velhos e jovens - revelou ter o poder para criar tudo que quisesse. Algumas delas foram perseguidas pelo que fizeram, algumas mortas, algumas fugiram e desapareceram, algumas foram homenageadas. Aqueles que melhor se adaptaram foram os poucos que colocaram os seus poderes ao serviço das suas comunidades e foram assim aclamados como os Fundadores de uma nova era.
No entanto, nos seus sonhos, estes herois urbanos sabiam que algo se passava de terrivelmente errado e quando, sete anos passados, os Dragões surgem nos ceús, eles sabem o que isso significa. A Magia que eles haviam trazido de volta ao mundo era apenas uma parte do todo. O restante pertence aos Dragões e eles também estão de volta. Tudo aquilo que eles fundaram e que lhes é precioso está agora em risco pela chegada destas criaturas inimagináveis. Cada feitiço que fez e faz avançar a civilização também as torna mais fortes e capazes de a destruir. Os Fundadores são, ao mesmo tempo, os únicos capazes de enfrentar os Dragões e os únicos responsáveis pela sua existência.
Quem Somos
Os protagonistas desta história são os últimos Fundadores que restam após a primeira chegada dos Dragões. Não há mais ninguém no mundo como eles, ninguém com os mesmos poderes ou responsabilidades. Ao longo dos anos, poderão ter construído o seu império pessoal ou o seu culto secreto, poderão ter-se tornado celebridades ou políticos muito importantes, poderão ter mascarado os seus poderes como uma forma de religião ou feitiçaria. Terá havido uma grande cidade que ajudaram a criar ou a desenvolver em conjunto com outros Fundadores e é nessa cidade que todos agora se encontram, em preparação para o que irá acontecer.
A relação entre os Fundadores é tensa e complicada. Cada um conhece aquilo do que o outro é capaz e sabe a lamentável verdade por trás da Magia. Nenhum deles precisa do outro para a põr em prática, mas, em certas situações, é sempre mais seguro não tentar um feitiço sozinho. Assim, poderão até já ser amigos, mas a dúvida mantém-se sobre até que ponto poderão confiar um no outro.
As relações entre um Fundador e as pessoas da comunidade que o rodeia são intensas e variadas. Há sempre um conjunto de autoridades políticas, militares, religiosas, etc. a pressionar o Fundador a fazer isto ou aquilo - acompanhados de uma enorme atenção e comentários por parte dos media. É inevitável um Fundador ter inúmeros fãs ou detractores entre a população - uma relação que depende bastante de como ele próprio apresenta o seu poder. Além disso, neste momento, ninguém para além dos Fundadores sabe da relação entre a Magia e os Dragões.