Maio 2010 - O mês da Duna



Maio foi um dos meses com mais partidas até agora, assim como um dos que viu maior número de jogos diferentes registados nas sessões de jogos em que participei. Apenas Janeiro foi mais fecundo nestes dois aspectos. Certamente que a LeiriaCon em Janeiro e a RiaCon em Maio contribuíram em muito para estes números.

O jogo mais jogado por mim foi Dominion. Ofereci-o à Cat Ballou e jogámos algumas vezes. Muitos de vocês saberão que este não é dos meus jogos preferidos mas uma oferta deve levar em conta os gostos de quem a recebe e não os de quem dá. Assim como o tempo de que dispomos para jogar não deve ser dedicado apenas aos jogos que nós apreciamos mais, mas também a dar oportunidade a quem joga connosco para que desfrute dos jogos que apreciam.
Dixit, com a oportunidade de experimentar na RiaCon as novas cartas foi também dos mais jogados.
Menção também para o Chinatown que continua a ser dos mais interessantes jogos de negociação que conheço. Talvez o mais interessante devido à sua essência simples, acessibilidade das regras e enorme interacção que promove entre os jogadores. Tive oportunidade de o jogar duas vezes, uma das quais na RiaCon onde pude também apreciá-lo enquanto espectador depois de o ensinar a um grupo que ainda o não conhecia.

Tanto Dominion como Tichu chegaram para mim às 5 partidas registadas no ano.

Como novidades, Infinite City e Numeri experimentados na RiaCon. O primeiro não foi uma desilusão porque não tinha quaisquer expectativas em relação ao mesmo. É um jogo fraquito, sem grande graça quer do ponto de vista lúdico quer do ponto de vista estético. O segundo, mais interessante devido à sua clara natureza de filler. Não tendo quaisquer pretensões, não desilude também. Extremamente dependente da sorte, ainda assim serve para entreter durante uns 10 a 20 minutos.
Também experimentei o Alien City, um curioso abstracto com componentes de Treehouse (as pirâmides). Gratuito, ainda por cima.
Gratuito também, ou quase no meu caso (três pontos não ficam de borla), é o Micropul. É um print 'n' play abstracto, com muito potencial. Joga-se rápido mas oferece algumas decisões interessantes e muitas oportunidades para jogadas tácticas engraçadas.
A RiaCon volta a estar presente neste breve relato pois outra novidade jogada foi o Quo Vadis que recebi aí como resultado da MathTrade. É um Knizia dos bons. Regras simples, mas com essa simplicidade oferece profundidade quanto baste para a duração normal de uma partida. Tem ainda a vantagem de praticamente obrigar a negociação entre os jogadores, apesar de, à primeira vista essa mesma negociação não fazer grande sentido. Já o havia jogado há anos, apenas uma vez, mas nessa altura ainda não tinha o hábito de registar as partidas no BGG.
Finalmente, a última nova experiência de que falo é o Dune. Pude experimentar o jogo com os componentes feitos pelo Johnny Be Good, de uma qualidade muito boa para um jogo impresso e feito em casa.
O jogo é brilhante. Apesar de algumas confusões desnecessárias nas regras e de alguma falta de polimento, sem dúvida resultantes da natureza do estado do design de jogos à altura, com muitas excepções e pormenores que em certa medida perturbam o fluir do jogo, proporciona um jogo interessante, muito ligado ao tema.
Dune é uma das obras mais importantes da ficção científica (esqueçam lá o Star Wars que isso não o é) e portanto é natural que uma transposição da complexidade política e sociológica, além de uma ecologia, ciência e até misticismo muito particulares e marcantes, para jogo de tabuleiro pudesse resultar num clássico.
Não tivemos, infelizmente, o número completo de jogadores e, sendo uma primeira experiência para a quase totalidade dos participantes, foi um jogo prolongado, com algumas pausas para tentativas de esclarecimentos de regras e erros na implementação das mesmas. Erros tão graves como o que acabou por ditar o fim do jogo com uma declaração de vitória dos Fremen por má interpretação da condição de vitória especial desta facção.
Mesmo assim, Dune foi claramente o ponto alto em termos de novidades neste mês de Maio. Uma experiência a repetir tão breve quanto possível.