Argh.
Como é que isto passou de eu falar nos NWO como sendo uma coisa boa até certo ponto para ter de estar a defender-me de ataques que dizem que eu disse que são uma coisa má?
O meu primeiro post responde aos teus dois primeiros parágrafos. Acho que pelo contexto é bastante óbvio que não estou a falar dessa mecânica em PTA mas sim aplicada a outros jogos e se a prioridade que aponto é a consistência e continuidade do mundo do jogo parece-me uma dedução também óbvia que er... estarei a falar de algo mais perto do formato de uma campanha er... tradicional talvez. Alias, o próprio tópico da thread é sobre mecânicas novas, interessantes, whatever que se possam aplicar aos sistemas que usamos. Foi nesse sentido que falei.
Agora um ponto que sempre me irritou particularmente
[quote=ricmadeira]Anos e anos e anos de forçar/iludir os jogadores a fazerem a passarem pelos plot points que o GM definiu à partida e vais-me dizer que não consegues desarmar um personagem?[/quote]
Isso não é o que se passa num jogo tradicional. Passa-se em vários e diria que acontece tão facilmente num jogo dito tradicional como na new wave de jogos indy mas isso sou eu.
Não é uma questão de forçar os jogadores a passarem pelos plot points pre-estabelecidos. Antes pelo contrario, é uma questão de manter a consistência interna do mundo de jogo. E o ter de desarmar um personagem pode ir contra isso. Sendo a palavra chave "pode". Foi o que apontei no post original e o que apontei na resposta ao The_Watcher. Essa possibilidade. Mesmo que não aconteça realmente ela existe. Essa possibilidade para mim é o suficiente para me estragar um jogo.
Os quotes que escolheste do meu post foram do post em resposta ao The_Watcher e isso faz diferença. Esses textos só fazem sentido em resposta ao que ele disse e não isoladamente. Especialmente esta parte do post dele
[quote="The_Watcher"]Se um DM limitar essas coisas, ou guiar os jogadores quando pedem cenas, não se perde tanto da história como isso. E é claro que nenhum DM vai deixar um jogador pedir uma cena em que ele aparece a matar o vilão principal, logo para a segunda sessão. Podia ser giro e dar uma volta enorme à história, mas tirava a piada de passar por todas as armadilhas planeadas.[/quote] que mais particularmente me fez responder pois mostrou que ele estava claramente a perceber mal o que quis dizer com o post original, respondendo à ideia de que podia afectar a consistência interna com um "a história não sofre com isso a menos que o GM os deixe fazer coisas contra essa mesma história" quando o meu ponto era totalmente independente da história. Não me preocupo nada se o gajo mata o boss na próxima sessão, preocupo-me é se isso é coerente com o mundo ou não. Foi isso que referi no post original.
Em relação ao teu terceiro parágrafo ric, não tenho nada a comentar. Tens toda a razão, nada do que disse alguma vez contradisse isso nem é agora que o vou fazer.
Agora em relação à segunda parte do post... (não tendo nada a ver com o resto da discução)
Gosto de muitos livros, filmes e, mais especialmente séries. Pq séries mais do que filmes? Exactamente porque fazem o que um jogo tradicional de rpg faz. Dão mais e mais e mais do mesmo e, sendo um mesmo que eu aprecio, vou sempre gostar. Não gosto de fins, gosto de histórias intermináveis e claramente prefiro uma sequência de eventos interessantes a uma sequência interessante de eventos (pegando emprestada alguma terminologia do jmendes). Tudo isto por norma claro, porque há excepções. Mesmo com essas tendências, claramente o que me faz gostar de jogar RPG's e o que me faz gostar de apreciar um trabalho de ficção são coisas muito diferentes e em nada relacionadas e considero a importância da qualidade dramática largamente muito mais importante num trabalho de ficção do que num rpg, embora não de todo irrelevante nesse último.
Aquilo que defines como "séries de TV de alta qualidade", na minha definição de alta qualidade é exactamente o que o PTA não emula, conseguindo emular a parte sem interesse das séries de TV que me atraiem menos. Alias, aquilo que faz, para mim, é exactamente o oposto do que uma "boa série" deve fazer.
A definição de "alta qualidade" e "boa história" são altamente subjectivas e, da mesma forma que se aplica aos RPGs, tb em trabalhos de ficção não existe Wrong Bad Fun. O que a maior parte dos escritores, dramaturgos, argumentistas e realizadores consideram uma boa história é perfeitamente irrelevante. Em termos de gostos, como em muitos outros, a opinião da maioria é perfeitamente irrelevante, assim como o é a opinião da maioria especializada. Não deixa à mesma de passar apenas e só de uma opinião sem qualquer peso qualititivo e deve ser considerada como tal.
Por fim, o meu sentido de consistência/continuidade num trabalho de ficção não é tão afectado porque isso é quase um requisito para se escrever esse mesmo trabalho. Porque a criação desse trabalho implica uma colocação cuidada dos elementos dramáticos dentro dessa estrotura de forma a não a danificar. Isso implica tempo, revisões e reajustes. Nada disso é possível num rpg. Os elementos dramáticos não são ponderados para serem colocados dentro dessa estrutura cuidadosamente. Quando tal é feito está-se muito mais num campo de ficção colaborativa do que dum jogo de RPG. (Pelo menos é como vejo a diferença.) E uma agressividade no scene framing vai naturalmente contra essa estrutura sendo quase obrigatóreo a sua destruição, isto na minha opinião claro. Aprecio bastante o vanilla narrativism por exemplo que já não tem esse resultado, devido à ausência dessa agressividade na construção da história em si.
PS: agora sempre que posto isto mete-me a assinatura em duplicado e tenho de o editar e apagar uma delas! :\