Mineiro III

ORLANDO, Male Blue Collar, Tough4: Init +2; Defense 14; PF/PV 35.0/19.16; Atk +5 melee, +5 ranged; SV Fort +9, Ref +3 [-10], Will +0; Rep +1; Str 14, Dex 14, Con 16, Int 10, Wis 8, Cha 12.
Skills: Climb +7, Concentration +4, Craft (mechanical) +2, Craft (structural) +4, Demolitions +2, Intimidate +4, Spot +3.
Feats: Endurance, Great Fortitude, Simple Weapons Proficiency, Toughness.
Talents: Remain Conscious, Robust.
Special Abilities: Immunity to Psychic, Levitate Self, Sonic Blast. Defects: Bleeder, Sensitivity to Cold, Terrible Ref Save.
Languages: Comum, Académico.

Depois de dar uma mão aos demais mineiros que pelos tuneis vão cambaleando, Orlando continua a subida pela escadaria principal ate à superficie. À primeira vista, não consegue aperceber-se de nada de anormal mas, assim que os olhos se ajustam à quantidade de luz do exterior, finalmente se apercebe do rasto de destruição deixado certamente pelos ex-colegas: andaimes tombados, mineiros esmagados, bidons a arder, gente a correr...

Nisto um vulto aproxima-se de ti a passo rapido - era a voluntaria que te tinha observado ainda ha umas horas:

"Senhor Orlando, senhor Orlando? Precisamos de falar!" - e, depois de olhar em volta: "Vamos ate ao meu consultorio."

Pelo caminho parecia muito tensa, como se tivesse assustada com alguma coisa e, não se conseguindo aguentar, mal entram no consultorio pergunta:

"E o senhor J'aquim, que È feito dele? Est· em perigo de vida!"

So ai te voltas a lembrar do seu sacrificio na Galeria K, e dos seus estranhos poderes... e ficas com um nó no estomago. Ela parece pressentir isso e chega-te uma cadeira:

"Ouça, estive a ver as vossas amostras e creio que o sangue dele o esta a envenenar! Ja fiz alguns testes e creio que..." - mas para, assustada com a tua cara: "Senhor Orlando, que se passa?"

"...A última vez que tive algum sinal do J'aquim foi antes de um enorme elevador cair na direcção dele.."

"Como?!" - Exclamou a voluntária levando a mão à testa em choque.

"Aquilo lá em baixo está um pandemónio. Todos os mineiros que estavam lá em baixo vivaram monstros e o J'aquim decidiu mandar tudo pelos ares...depois da explosão ainda o ouvi ao pé do poço dos elevadores, foi a última vez que...Porra então mas que é que nós temos no sangue?! Que mais descobriu? Não sei se lhe interessa saber, mas agora consigo voar e atacar com gritos ou lá o que lhe quiser chamar.Isto que...apanhámos, parece ser uma faca de dois gumes..."

Depois do espanto inicial ela lá continua:

"Estive a observar as vossas amostras. De início parecia estar tudo no sítio, mas depois reparei que as suas plaquetas estavam algo adormecidas e, no caso do senhor J'aquim ainda era pior! O sangue dele estava como que a apodrecer!"

Orlando olha-a meio apreensivo, mas ela logo continua:

"Mas quando submeti as amostras a testes mais rigorosos apercebi-me de que ambas demonstravam a presença de particulas microscópicas de um cristal esverdeado. Isto diz-lhe alguma coisa?" — pergunta: "É que se conseguissemos submeter esse cristal a algumas experiências talvez se conseguissem reverter os seus efeitos nefastos..."

-Vinha mesmo a calhar, temos uns companheiros em quem testar a sua teoria depois. Preferia curá-los a ter que lutar contra eles...Pode ser que haja algma amostra aqui em cima, com tantos mutantes, algum há de ter trazido alguma coisa.

E com isto, puxando-a, Orlando segue de volta à confusão exterior.

"Mas quem!? Houve uma explosão lá em baixo, senhor Orlando! Quantos é que terão subido a tempo?" — pergunta a voluntária.

"A quem é que eu já vi uma pedra verde nas mãos?" — pensa Orlando para consigo mesmo...

- A COLECÇÃO! - Grita assustando a voluntária.- O J'aquim! Ele tinha uma pedra destas na colecção dele!

-Que colecção? - pergunta baralhada a voluntária.

-Na camarata do J'aquim. Ou bem me engano ou havia lá uma amostra deste minério.

A primeira reacção da voluntária (depois da surpresa, é claro) é de alívio. Mas logo outro sentimento se torna mais forte:

"Mas... não será de todo seguro voltar a manusear o minério, senhor Orlando!" — pára, pensativa: "Se bem que o senhor J'aquim deve ter-se cruzado com outras pessoas enquanto tinha consigo o fragmento. Alguma ideia onde é que ele o possa ter transportado?"

"Na lancheira talvez. Não sei que é feito da minha, mas deve haver uma na casa do J'aquim."

Orlando vira-se repentinamente para a porta, mas pára. O mundo começou a andar à roda. Agarra-se à mesa ao lado para se equilibrar.

"Senhor Orlando! Está bem?"

Ainda a recuperar da quebra de tensão Orlando encosta-se à mesa tentando recompor-se.

Nisto a voluntária observa-o mais atentamente e repara nas feridas que Orlando apresentava, assim como no seu tom pálido.

"Não sou nenhum especialista em saúde, mas acho que sou capaz de ter abusado um pouco da minha." - Brinca Orlando

A voluntária, preocupada com o estado de Orlando pede-lhe que se sente um pouco:

"Está a pé desde quando? E essas feridas todas...Admira-me que ainda não tenha caído de exaustão."

"Esqueça isso mulher! Temos assuntos mais urgentes em mãos!"

"E quer tratar deles no estado em que está?!"

"Eu estou óptimo! Faz parte do meu dia a dia, debaixo da terra..."

"Debaixo da terra as pessoas continuam a ter limites! -interrompe-o a voluntária. -Não sai daqui enquanto eu não der uma vista de olhos a essas feridas! Depois vamos a casa do Sr. J'aquim. Agora descanse enquanto eu vejo o que posso fazer."

A voluntária observa os teus ferimentos e coloca-te umas ligaduras nas feridas que pareciam acusar querer reabrir. O líquido côr de sangue com que ela se limpa as feridas provoca um ardor agradável. Depois disso dá-te uma injecção:

"Isto vai ajudá-lo a recuperar as forças, senhor Orlando." — e, com efeito, passados alguns minutos já te sentes um pouco melhor.

Posto isto, toca de seguir para casa do J'aquim. À chegada, deparam com a porta escancarada. E é aí que te lembras que o J'aquim tinha saído a correr para te chamar a casa — teria saído com tanta pressa que até a porta se tinha esquecido de fechar?

Ainda antes de entrar já a voluntária se admirava com a colecção de J'aquim:

"Não tinha ideia que o senhor J'aquim se dedicava à litofilia." — e entra.

Com um dia como aqueles, Orlando entrou logo em estado alerta, observando tudo em busca de algum sinal de perigo, ao mesmo tempo que se mantinha atento à pedra em questão.

"É, ele sempre teve um gosto especial por pedras. E quem é que diria que viria a ser útil?!"

"O senhor Orlando não partilha do mesmo gosto estou a ver..."

"Oh eu partilho! Mas deixo-as estar onde as encontro, são mais úteis lá."

E virando-se para a voluntária:

"E obrigado."

"Não tem de quê senhor Orlando."

"Corte no senhor, Orlando já é grande que chegue." -ri-se este, voltando à sua procura. - "Só uma questão, como se chama?"

Antes sequer de ter tempo para responder, a voluntária é atacada por um dos mutantes fugitivos com um golpe da sua forte cauda. Ela, voando pelo ar em cheio contra a parede, cai inconsciente.

Orlando reage prontamente com um golpe de som, mas o mutante não parece ceder, muito pelo contrário:

"O qu'é que tás pr'aí a cantar!? Não te curto, pá! Nunca te curti! Mas vou-te deixar virar as costas e bazar daqui pra fora!" — ao que Orlando responde pegando na sua picareta. Algo lhe dizia que se era imune ao seu ataque sonoro talvez não aguentasse tão bem apanhar com um peso daqueles nos cornos...

Com efeito, o mutante tentava por tudo fugir ao confronto físico directo chicoteando a cauda fervorosamente. No meio da luta, porém, Orlando vê aquilo que tinha vindo buscar mas, apercebendo-se disso, o mutante pega na pedra e, para desmaio do mineiro, engole-a de uma só vez. Aí Orlando resolve atirar a colecção do J'aquim contra o mutante, pedra depois de pedra. Sem grande defesa o mutante acaba por, também ele, desmaiar.

Resultado: o Orlando leva-o amarrado até à enfermaria e, tendo a voluntária recuperado, resolve operá-lo para lhe retirar a pedra do estômago, aproveitando depois para o usar como cobaia nos testes da Michelle (era esse o seu nome). Algum tempo depois já Michelle começava os seus testes. O primeiro era inconclusivo e, após alguns ajustes, o segundo viria a provocar a morte do mutante. Eram precisos mais sujeitos...

Mas já Orlando estava de volta às galerias à procura de mais mutantes. Quando encontra um que tinha ganho asas que zumbiam como as de um insecto, conseguiu rapidamente neutralizá-lo: soltando um cone de som, fez com que caísse altura suficiente para que bastasse um pontapé da sua bota poeirenta para o colocar K.O.

Na enfermaria, Michelle conseguia já retroceder o avanço da mutação mas apenas até certo ponto, altura em que o mutante voador também viria a sucumbir. O pior é que, por manusear o minério verde, Michelle também começava a sofrer leves mutações: primeiro alergia à luz solar e, mais tarde, cegueira parcial.

É nessa altura que, desesperado, Orlando resolve juntar uma milícia de entre os mineiros sobreviventes para, todos juntos, neutralizarem os restantes mutantes. Mas vão encontrá-los a atacar desenfradamente um grupo de estudantes que regressava das minas de sal, do outro lado da montanha. Depois de uma luta sangrenta, donde alguns alunos sairam bastante feridos, conseguem derrotar os restantes mutantes.

A Dr.ª Vanessa, que acompanhava os estudantes e assistiu de perto às acções de Orlando, resolveu ficar para ajudar Michelle e acudir mais prontamente aos alunos atacados. Os restantes desceram o rio Carson horas depois, já mais calmos, acompanhados pelo professor Dias.

[Continua...]

De volta à enfermaria, Michelle ajudava como podia, uma vez que só conseguia ver manchas de claro/escuro sem grande definição. Ainda assim, os braços partidos já tinham talas com gesso e apenas um garoto que sofrera um traumatismo craniano carecia da atenção da Dr.ª Vanessa. E é neste ambiente que, para piorar a situação, Michelle descobre o real efeito que o minério lhe vinha causando: mais vívida do que alguma imagem que os seus olhos tivessem visto antes da cegueira, estava agora a ter visões que não conseguia explicar!

"A Arca no céu... Anjo Negro... a Mãe chama... Orlando na Arca..." — e outras palavras sem nexo foi tudo o que conseguiu dizer antes de cair num pranto profundo.

Só quando, depois da Dr.ª Vanessa lhe administrar uma boa dose de sedativo, finalmente consegue articular a fala é que Michelle tenta colocar em palavras o que tinha experienciado. Aparentemente, Michelle tinha sonhado que:

"...a Arca desce dos céus, e eles saiem lá de dentro para acordar a Mãe! E o Anjo Negro ouve o seu chamamento! E o Orlando também lá estava... mas agora era outra Arca... maior! E... e..." — e o pranto volta a instalar-se.

Orlando, sem saber muito bem o que queria tudo aquilo dizer, decide sair para tomar ar e a Dr.ª acompanha-o. Segundo ela, Michelle estaria a ter alucinações, fruto do envenenamento do minério. Mas Orlando não estava convencido.

E eis que são interrompidos por Dodoni e Katsuhiro que regressam do Planalto Verde. Mas mal chegam a apresentar-se algo estranho acontecia: sobre as suas cabeças, um rasto de fumo rasgava o céu em linha recta, de nordeste a sudoeste. "Uma estrela cadente!?" — chegam a perguntar. Mas a dada altura o rasto de fumo deixa de seguir em linha recta curvando para lá do Alto Crescente.

"A Arca desce dos céus..." — lembra a Dr.ª Vanessa.

"E eles saiem lá de dentro..." — completa Orlando.

Estaria Michelle a ter visões do futuro? E, se sim, quem teria vindo nesta "Arca" e o que quereriam?

Frente a estas questões, Orlando decide avisar as autoridades, acompanhando Dodoni e Katsuhiro na descida pelo rio Carson. Já a Dr.ª Vanessa ficaria para trás até que todos os estudantes estivessem ambulatórios e Michelle pudesse ser transferida em segurança para o Hospital de Gaia.

[Continua...]