[quote=Mallgur]Quanto a vender um jogo para compensar, creio que já os Fenícios tinham descoberto que é melhor vender com uma margem de lucro menor em cada unidade e vender mais unidades. [/quote]Não necessariamente. Na situação das tabacarias/papelarias, a ideia é que nem o vendedor nem o comprador sabem o que é que está a ser transaccionado, por isso aceitam o preço que lhes for informado. Se o preço fosse mais baixo, suscitaria um maior potencial de procura com questões e pedidos aos quais o vendedor não sabe nem está disposto a responder. Para isso, já tem o seu negócio principal de revistas e tabaco.
[quote]Eu não estranho nada que tabacarias vendam jogos de tabuleiro. O que estranho é que quase só essas o façam...[/quote]Precisamente porque as lojas especializadas não conseguem competir com as encomendas online. Pedir ás pessoas que paguem pelo espaço de jogo é uma ideia peregrina mas não funciona. As pessoas preferem ir para casa ou não jogam. A única forma de ir por aí é cruzar a utilização do espaço com outra coisa que possa dar rendimento - nomeadamente um café/snack - mas existem aí algumas questões legais e algum trabalho adicional. Alguém que queira ter uma loja de jogos não estará à espera de ter de andar a fazer sumos e sandes :)
Em alguns casos - nomeadamente com Magic: the Gathering - pode até parecer que o negócio funciona, mas é tudo ao contrário. Em vez de o espaço servir para promover as vendas, o volume de vendas é que serve para sustentar o espaço, enquanto este é "chulado" pelos clientes que não compram nada. Por outras palavras, a loja faria melhor em não ter espaço e vender online :)
Na minha opinião, têem de ser as editoras a providenciar uma solução que viabilize ou não as chamadas FLGS (your Friendly Local Games Shop), nomeadamente através da fixação de preços mínimos que as protejam. Mais do que tournament kits e outras borlas, isso sim seria uma forma expressa de apoiar os seus retalhistas. No fundo, seria reconhecer que o maior valor deste negócio é ser um serviço - algo que é para jogar com os amigos - e não um bem - para ficar na prateleira. Desta forma, o preço mínimo que se pagaria por um jogo incluiria o produto em si (para a editora) e o serviço (para o retalhista).
Saídas da sombra da concorrência desleal das lojas online, as FLGSs seriam mais, os seus negócios dariam lucro e poderiam competir entre si. As próprias lojas online teriam de melhorar os seus conteúdos e dar aos seus clientes algo mais do que um carrinho de compras. O apoio ao cliente tornar-se-ia essencial, pois só vender mercadoria já não seria suficiente.
Já agora, o nosso caso aqui no Porto é um belo exemplo. O que é que fariamos se, por sorte, não tivéssemos um espaço no Crystal Park, um site onde nos organizarmos e o Mallgur para puxar pelo pessoal? Quanto é que isso não vale? Quanto é que a Planeton deveria pagar ao Mallgur pela promoção de vendas?
Por mim, que poucos boardgames compro, digo já que não comprava nenhum se não tivesse com quem e onde jogar. Aliás, sempre que posso, vou jantar ao Crystal Park para ajudar a financiar o meu espaço :)