Novum cursum sub solo invenerunt: currere ad arenas temporis

Folium IV

Era um espaço imenso, onde uma grande quantidade de pessoas, vestidas com capas que um dia foram brancas, se amontoavam em tendas improvisadas. Quando entrámos, todos olharam para nós com caras assustadas ou inexpressivas. Muitos deles pareciam afectados por alguma doença, mas nunca soubemos exactamente o que esta era. Rapidamente, fomos conduzidos a uma tenda onde Sheilin nos aguardava: os nossos hóspedes eram elfos, e Neilathan também o era! Era a primeira vez que ouvia falar de elfos em Pashin.

Lady Sheilin Moonborn era a líder destes elfos, e convocou-nos porque sonhou connosco. Com todos nós! Sheilin falou-nos do seu sonho, e contou-nos que estávamos destinados por forças superiores a nós a cumprir uma grande missão em nome de Krynn. Mas as suas palavras foram crípticas, pois foram-nos ditas durante um momento de transe. Fiquei com pouca memória do que ela nos disse, uma vez que não consegui entender o significado das suas palavras. De qualquer modo, Eruanne registou os dizeres da Elfa. A única coisa que percebemos nessa altura é que Sheilin nos recomendava que fôssemos até às Areias do Tempo através das areias e dunas de Khur.

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Sheilin deu-nos um sítio para dormir na colónia, e pude perceber como era geral a espécie de mal-estar que parecia afectar os elfos. Recolhiam-se para si mesmos nas suas capas sujas enquanto evitavam os nossos olhares. Não me sentia bem ali, e não pretendia ficar muito tempo. Além do mais, acho que aqueles ares abafados me estavam a deixar mal-disposta, porque quando acordei não me sentia muito bem. Não sei bem o que era, mas afectou-me ainda durante alguns dias.

Nesse dia, partimos da colónia, e mais uma vez tive de suportar a língua viperina da Neilathan. Juro, e que Kiri-Jolith me perdoe, que só desejei que alguma coisa de má lhe acontecesse para vergar a sua arrogância. Mas bem, isso são só escapes momentâneos. De qualquer modo, nunca mais a vi desde então e até fico feliz por isso.

Sheilin tinha-me dado um mapa de Khur, e levados pela guia irritante seguimos por um túnel que desembocava da terra numa face rochosa bem para lá de Pashin. Tive a felicidade de ver o meu cavalo à minha espera, juntamente com o meu querido falcão, que os elfos tinham pelos vistos conseguido recuperar.

Partimos de novo em direcção ao acampamento de Pegrin, decididos a recuperar a caixa que tínhamos enterrado. Mas tivemos uma surpresa quando lá chegámos: três minotauros andavam a focinhar e a bisbilhotar. Não podíamos permitir que encontrassem a terra revolvida de fresco, e partimos para os enfrentar.

Lembro-me vagamente que houve algum planeamento táctico antes, mas não saímos de lá impunes. O Zidnerpa arriscou demasiado, convencendo-se que lhe bastava transformar-se em minotauro para estar em pé de igualdade. Apesar de eu o ter tentado salvar, ele foi ferido com demasiada gravidade e acabou por morrer.

Não sei bem como isso aconteceu, mas ele apareceu entre nós uns momentos depois, dizendo que agora já se chamava Aprendiz. Mistérios da sua raça, pois parece ser um Irda. O que não me deixa nada tranquila: a sua capacidade de transformar a sua forma na de outras criaturas pode ser um disfarce perigoso, seja para ele seja para os outros. De facto, acho que houve algumas alturas em que um de nós o podia ter morto por acidente. Nesse dia não se passou mais nada de nota, mas nos dias seguintes percebi que o Aprendiz se queixava que alguém lhe tinha roubado um importante anel que ele não tinha conseguido encontrar no seu próprio cadáver... Realmente, esta frase soa estranha, não soa, meu diário?