O meu caso pessoal ou por que é ainda não "saltei a cerca"?

No meu ponto de vista (presumo que discordes) os jogos tradicionais também tendem a ser muito diferentes uns dos outros. Isto porque quando eu penso num jogo penso num setting (ou cor, como preferires, eu sei que prefiro setting ou mundo de jogo, ainda não percebi pq utilizam o termo “cor”) e não no sistema, mas isso não vem ao caso. Sendo assim, pela tua resposta, devo assumir - embora tenha sido uma resposta indirecta - que é possível, admissível que alguém (tipo eu) ainda não tenha encontrado um RPG não-tradicional que lhe apeteça jogar? E nota: eu realmente escolho os jogos pelo descrição do setting (ou cor…), portanto nem sequer preciso experimentá-los, conhecê-los na prática, para os achar interessantes ou desinteressantes. Basta-me saber do que tratam e ler uma descrição.

Oi,

Um a sério. 1 season de PTA mais 3 abortadas. Os outros foi uma ou duas sessões.

Não, quer dizer que gosto de jogar de várias formas e para um dos casos não havia um sistema que me agradasse por isso fiz mudanças in-house. Nos outros geralmente usei os sistemas como os encontrei. Não iria alterar PTA, ShadowRun 4 ou Capitán Alatriste. São sistemas que, para mim, funcionam bem quando são jogados como se propõem :slight_smile:

1 - Não melhorou nem piorou em termos de “fun” como o definiste. Foi muito útil para aproveitar melhor o tempo de preparação como GM: as técnicas de preparação do Ron Edwards, como os R-Maps e os Bangs, ou a folha de personagem do Sorcerer, são uma maneira excelente de organizar as ideias para reagir aos jogadores - e fazê-los reagir - em sessões improvisadas! Também foi útil para experimentar conceitos diferentes, em especial jogar NARR, mesmo que eventualmente não tenhamos gostado.

2 - Não. Sempre gostámos de experimentar, o que a Forge fez foi atirar-nos ideias para a frente e servir de pré-filtro para ajudar a distinguir as ideias boas das más antes das experimentar.

EDIT: mas se a Forge existisse em 1995, aí sim tinha tido um impacto significativo!

3 - Não, íam ser diferentes. A não ser que alguém publique suplementos como os do Sorcerer, daqueles que ajudam os jogadores a aproveitar ao máximo o tempo limitado que tem, aí sim.

JP

Eh, tenho o jogo perfeito para ti/nós! É uma nova encarnação do Burning Wheel, talvez o jogo indie/forgita mais bem sucedido de todos os tempos, e que tem montes de crunchy bits. Só que agora, em vez de ser Fantasia, e em vez de não trazer um setting, vem aí como o RPG oficial de uma série de BD de Space Opera de culto:

https://www.burningempires.com

Com 656 páginas (embora não tamanho A4) deve ter setting suficiente para ti!

Este hei-de eu jogar nem que tenha de raptar um GM e forcá-lo a mestrar sob a mira de uma arma. :)

[quote=jpn]Estou a assumir que “fun stuff” = não apanhar seca. Não quero jogos de Horror divertidos - não em demasia :slight_smile:

(Se bem que esta campanha em particular anda a resvalar constantemente para o humor, e eu ainda não acho isso mal :)[/quote]

Ah pois resvala, resvala… E, no futuro, provavelmente ainda vai ser pior. Tenho de parar de mandar bocas… Falta o Manel, o “polícia da seriedade”.

[quote=jpn]
… Conheço pouca gente hoje em dia com tempo para apanhar secas de 3 horas :slight_smile: Sempre achei que esse problema do “fun stuff” resolve-se sozinho quando as pessoas têm uma vida ocupada. Se acontece o factor seca, ou param de jogar RPG ou conversam com o grupo e vêm o que se pode mudar. Mas não continuam indefinidamente à espera de que se venham eventualmente a divertir. Talvez malta com muito tempo livre caia nessa armadilha, não sei. [/quote]

Esta é uma afirmação ABSOLUTAMENTE essencial que, parece, ainda não alcançou o outro lado da “cerca”: Nem todas as pessoas estão dispostas a apanhar horas e horas de seca, anos a fio, só porque sim. Suponho que a maioria das pessoas que começam a apanhar secas atrás de secas, se tiverem uma vida minimamente preenchida com outras coisas, atiram os RPGs para o lixo e vão ao cinema, a um concerto, ao teatro ou a bar de strip, consoante os gostos. E quem não o faz, deve ser porque acha que não está a apanhar seca (partindo do princípio que não há câmaras a vigiar todas as mesas de jogo, até pode ser que haja por aí muitos grupos de jogadores perfeitamente tradicionais que se divertem bastante, seja de 10 em 10 ou 5 em 5 minutos…). Portanto, a repetição de afirmações do género “vocês andam para aí a apanhar secas com sistemas disfuncionais porque ainda não descobriram que há jogos que permitem FUN STUFF EVERY 10 MINUTES”, para além de aborrerem o interlocutor fazem-no pensar que está a falar sozinho!

Embora nunca tenha ouvido falar de Burning Wheel… Espero que o site fale do setting e não da mecânica impecável que provoca orgasmos múltiplos aos jogadores (mesmo aos homens!) de 10 em 10 minutos :wink:

Pá, quando os americanos falam disso sempre me pareceu que estão a falar daqueles geeks que não têm vida social. Não sei se existem ou são mito urbano, mas se existirem como são descritos, então sim há malta a apanhar secas com sistemas disfuncionais porque sem isso não tinham amigos :slight_smile: E nesse caso faz sentido pregar.

Por outro lado, há malta que se fartou de RPGs tradicionais porque apanhava secas - desses conheço em Portugal. Aí também faz sentido pregar a dizer que há RPGs diferentes, para a malta regressar e experimentar e não apanhar seca.

Só não faz sentido acusar a malta que joga jogos tradicionais de gostar de apanhar secas :slight_smile: Conheço malta que se passou a divertir mais com jogos Forge, mas conheço mais malta a quem isso aconteceu quando largou um RPG tradicional por outro. Mas acho que esse género de comentários só aparece no fim de discussões quando a malta está irritada - não são assim tão representativos.

JP

E aquela malta que, como eu, se farta ao fim de 6 meses de jogo, independentemente do jogo?

Pelo menos é o que me faz parecer a tua ideia de criar um jogo! Ou então, uma explicação mais natural, a culpa é do Padeira… :wink:

Crias um proprio! :wink:

Também, mas a minha dica vinha mais na onda de: se uma coisa surge para explicar porque é que tanta gente se farta, e se com base nisso se criam jogos para tentar chegar à malta que se farta e não se diverte, alguém que se farta rapidamente, claramente ainda não encontrou o seu jogo? :wink:

… Ou se calhar para essas pessoas não há jogos que possam colmatar a necessidade de mudança. Também há quem troque constantemente de carro ou de emprego. A insatisfação faz parte da natureza do ser humano e não é necessariamente má. Desde que os teus jogadores acompanhem o ritmo de mudança de seis em seis meses e adiram à novidade tão depressa como tu, não vejo que isso traga grande mal ao mundo. Ou então a culpa é do desodorisante. Ou da qualidade do papel em que são impressos os RPGs. Ou do cheiro da tinta. Acho que vou tentar criar um teoria que combine estes três elementos e revolucionar o mundo dos role playing games. Com um pouco de sorte consigo transformar isto numa seita, fico milionário e com um harém (se bem que um harém de role players não me excita por aí além). Enfim, acho que já perdi a capacidade de discutir este tema com alguma seriedade. Estou a precisar urgentemente de férias!

Ou então tem só um short attention span :slight_smile: Agora a sério, pelo menos eu posso-me divertir brutalmente durante umas sessões e no fim querer mudar de jogo só porque sim. Principalmente em jogos que fazem bem uma coisa.

Li qq coisa vaga sobre RPGs que se vendiam para malta assim, com apenas um cenário e regras específicas para o jogar…

JP

O Mountain Witch da Timfire publishing. História-jogo de Samurais contida e pequena acerca de Confiança e da subida ao Monte Fuji para matar uma bruxa.

"Se alguma vez sou coerente, é apenas como incoerência saída da incoerência." Fernando Pessoa

The answer to the ultimate question of life, the universe, and everything is… 42.