Ao dizer o meu D&D, a intenção não é obviamente a de dizer que adquiri os direitos do jogo, mas sim fazer uma alusão ao modo como eu jogo o D&D.
A primeira coisa que me podem perguntar será: “João, porquê D&D?”.
Bem, primeiro que tudo devo dizer que adoro o medieval fantástico, mesmo antes de saber o que era um RPG já as histórias do fantástico viajavam pela minha mente. Desde os livros de Lloyd Alexander ou Tolkien, às bandas desenhadas e aos filmes, ainda tenho a vaga noção de ver o filme The Hobbit, em animação, no cinema em Abrantes, não devia ter mais de seis ou sete anos na altura.
Quando encontrei o D&D foi amor à primeira vista, um jogo que me permite viver as histórias que tanto gosto? Genial!!!
Claro que desde então cresci e hoje em dia o horror literário e cinematográfico conquistou parte do meu coração, mas voltemos ao fantástico.
Outra pergunta que se poderia fazer seria: “João se gostas tanto do fantástico porquê D&D e não outros jogos de fantasia?”
A minha resposta é diferente hoje do que seria à 1 ano atrás: Se obtenho tudo o que gosto num RPG com D&D, para quê ver outros sistemas?
Hoje em dia respondo; Mostra lá como se usa esse sistema para ver se faz o click cá dentro.
Como jogo eu então D&D ao ponto de justificar uma opinião neste portal? Efectivamente o D&D dá-me tudo o que procuro num RPG e o grande culpado de isto tudo é o setting onde desde sempre joguei; Mystara. O que têm então Mystara de tão especial que justifique tal afirmação? O defeito que muito fãs de outros mundos de D&D lhe apontam é para mim a sua maior virtude; a sua diversidade. Num pequeno espaço de terreno, mais ou menos do tamanho da Europa, fica o Known World, a base dos produtos de Mystara. Esta área tem uma pletora de nações tão diversas, detalhadas com uma história em comum tão bem estruturada que não é necessário sair do mundo para procurar ambientes diferentes! Existem culturas semelhantes às culturas do mundo real; grega, romana, egípcia, árabe, viking, mongol, veneza mercantil, índios norte americanos, balcãs da idade média, indiana, etc. Jogando em Mystara eu consigo, no mesmo local jogar campanhas medievais fantásticas puras, campanhas de horror, piratas, mercadores, etc.
Toda esta conversa leva assim a um ponto importante neste dissertação, o que gosto eu num RPG?
Tendo em conta que ao longo destes 14 anos já tive mais de 40 jogadores de D&D em campanhas regulares, entre Abrantes e Faro, posso dizer que já joguei muitos “géneros diferentes” de RPG com D&D. Já tive jogadores de hack and slash puro, jogadores que gostavam de explorar o sistema ao máximo, jogadores que se emergiam completamente na sua personagem ou na história que se desenrolava, jogadores apenas jogavam para se divertir, jogadores que ainda hoje sabem um mínimo das regras, gostam é de fazer a sua personagem interagir com os npc’s, e alguns outros. Posso também dizer que já joguei campanhas épicas com uma grande carga de envolvimento emocional dos jogadores e das personagens na história, já joguei “ataque ao dungeon”, ”caça ao xp”, já joguei sessões de horror, de piratas, já joguei em asteróides no espaço, debaixo do mar, dentro de vulcões, sessões de mistério, investigação, assassinatos, etc.
You name it, probably i’ve been there…
O que gosto eu então num RPG? Bem como DM, que o sou para ai 90% das vezes, gosto de construir o início de uma história e vê-la a desenrolar perante as acções (ou falta delas) dos jogadores. Gosto do brilho de surpresa nos olhos dos jogadores com o que lhes apresento. Gosto de jogadores que procurem as suas aventuras, os seus objectivos de vida e não se limitem a correr dungeons que eu lhes atire. Gosto de pegar no background dos jogadores e envolvê-los na história corrente. Gosto de ser surpreendido por acções dos jogadores. Gosto de improvisar!! Gosto de ver as personagens crescer com o desenrolar da história. Gosto de apresentar dilemas éticos e ver como elas reagem.
A minha campanha de sonho? Já tive o prazer de jogar um cheirinho dela (para aí umas 4 sessões), com dois excelentes jogadores em Abrantes. Jogar numa grande cidade, repleta de tramas, mistérios, lutas entre guildas, comerciantes, assassinatos, intriga e onde as personagens são todas…rogues! Acho simplesmente brutal!!
Consigo tudo isto com D&D? Sim.
Consigo isto melhor com outro sistema? Talvez.
O remédio é continuar a ver outros sistemas e ir jogando o que me enche a alma…D&D!
Como aparte, estou acerca de ano e meio a construir um setting para D&D 3.5, aos poucos e com o auxílio e ideias de conhecidos, se quiserem aparecer e participar estejam à vontade: www.worldarcana.blogspot.com