Como é que vocês sabem que o vosso GM é uma gaja? Se o facto de a grande maioria dos NPCs serem do sexo feminino e não serem pedaços de carne ambulante não basta para criar em vós suspeitas fortes, há outros simples sinais que podem aprender a reconhecer. Por exemplo, o vosso GM é de certeza uma gaja se o vosso personagem, que está pelo menos no Top30 das pessoas mais poderosas do Universo, não anda por aí a dar em doido para tentar salvar a realidade como a conhecemos nem a tentar escapar das garras de vilões/monstros/adversários cósmicos ultra-poderosos e anda, isso sim, simplesmente a dar em doido a tentar arranjar uma forma de se escapar a casar com a sua companheira actual.
Nossa Senhora, Mãe do Céu! Que pesadelo!
Eu tentei usar todas as desculpas e mais algumas: o Universo que podia muito bem estar prestes a acabar (esta teve o efeito contrário ao que eu queria porque, obviamente, as gajas pensam ao contrário de nós), o meu título de nobreza/realeza que ainda não está confirmado, o passado bem negro e “shady” de metade da família do meu personagem, enfim as desculpas normais que os homens dão neste tipo de situações.
No entanto, nem sequer um adiamento consegui!Estava “cercado” pela futura noiva, a irmã da futura sogra (e embaixadora do reino) e por uma das minhas tias, e já tive sorte em safar-me com a minha pele! Pois claro que usei a velha táctica de pedir a um amigo (o personagem de outro jogador) para me mandar chamar a uma hora combinada e dizer que havia um assunto urgente que requeria a minha presença. Assim que saí dali, e não havendo uma legião estrangeira onde me pudesse alistar, obviamente que me meti na primeira missão suicida que surgiu. Na verdade, estou até a considerar pôr em marcha um plano maquiavélico para destruir o Universo antes que haja tempo para oficializar o compromisso e celebrar a boda!
Não é que tenha medo de assumir um compromisso… não. Não é por minha causa… não. Pois… Claro… É só que não quero partir o coração de, entre outras, a minha meia-irmã Arena(em que, por razões óbvias, prefiro pensar como “meia-prima”) que ainda está apaixonada por mim e que nos séculos (literais) em que estivémos separados passou de menina a uma mulher crescida. E que mulher!
Fogo, a vida de um príncipe do Universo é realmente complicada. Antes ser um mortal fracote com uma espada romba numa masmorra sem saída cheia de Orcs porcos e maus. Ainda por cima ando a ver em DVD os episódios da segunda temporada do Dawson’s Creek e acho que é seguro dizer que é realmente um pesadelo lidar com mulheres (e sendo o meu GM uma gaja, 70% dos NPCs são mulheres!). Eu realmente ja devia ter aprendido. A solução até é simples: basta um gajo dizer “não” a todas e alistar-se na legião estrangeira, onde mulheres só se tiverem bigode e músculos em sítios estranhos.
Mas pronto. Eu sou masoquista (gosto é de lhe chamar Story Now) e adoro isto. Adoro o jogo. Sobretudo adoro a Raquel (para o caso de não terem percebido isso por causa do meu sentido de humor particular; ei, já aconteceu antes, muitas vezes!). De modo que ontem mesmo escrevi mais um texto de ficção para o jogo onde o meu personagem, antes de partir (ainda por cima sozinho?) na tal missão suicida, acaba por concordar não sabe muito bem como com o casamento. Assim que a poeira assentar, prevejo uma viagem bem dura por águas muito traiçoeiras; se chegar inteiro ao final, bem que merecia que um Camões qualquer dedicasse um livro inteiro de rimas aos meus feitos heróicos. O Fernão Mendes Pinto de certeza que nunca fez nada de tão perigoso! Isto sim, é material para fantasia épica: lidar com mulheres e viver para contar a história!
Bom, e para mim foi assim o meu grande “bang” da sessão da nossa campanha de Amber Diceless deste Domingo, que como é tradição demorou um bocadinho a começar. Desta vez nem foi pelas razões habituais de pôr a conversa em dia e esperar que a GM ponha em ordem as suas anotações. Desta vez, enquanto esperávamos que toda a gente se reunisse, o JP deu o seu selo de recomendação à mini-série do remake da Battlestar Galactica (que entretando deu origem a uma série semanal que esperemos que chegue a DVD em breve) que eu lhe tinha emprestado e que trazia para devolver, de modo que começamos os dois a ver aquilo com a Raquel e a comentar os pontos altos. Entretanto chegou o Paulo, que também ficou preso ao ecrã. Depois, quando finalmente chegou o último jogador (o António), apesar de já não termos mais nenhuma boa desculpa para continuar a ver a série, foi difícil pararmos. Valeu que alguém, penso que o JP, teve a força de vontade suficiente para num movimento rápido agarrar no comando da XBOX e carregar no botão STOP, quebrando o encantamento.
Entretanto ficou a promessa do JP de jogarmos em breve um RPG Sci-Fi militarista e apocalíptico, como o saudoso 2300 AD… infelizmente a maioria das ideias do J nunca chegam a nenhum lado, porque são tantas que simplesmente não dá! (Sim, estou a picar-te! Queremos 2300 AD, já, eheh! Ainda ontem a Raquel, que entretanto acabou de ver a BG, falou nisso.)
E por falar em espaço e naves espaciais, tenho andado por aí a voar pelo espaço sideral no Eve Online. O jogo em si é muito, muito bom. Pensem no pré-histórico Elite, que muitas dezenas de horas de perfeito gozo me deu, mas com gráficos de hoje (e que gráficos!, parecem as vistas do telescópio espacial Hubble!) e ainda mais espaço, ainda mais liberdade, ainda mais personalização, ainda mais naves, ainda mais coisas para fazer e, claro, milhares e milhares de outros jogadores humanos por aí a irem às suas vidas. No entanto, é exactamente o campo das interacções humanas que praticamente ainda não explorei. Cada jogador tem a sua nave e apenas é possível comunicar por correio/mensagens e rádio/chat, sendo que é perfeitamente possível sentir-se solitário viajando de um lado para o outro num universo tão grande apesar de haver tantos milhares de outros jogadores online em nosso redor. Basicamente as poucas horas de jogo que já tenho, poderia bem tê-las jogado offline, se o jogo o permitisse, sem notar grande diferença.
Mas como disse, isso é só por minha causa, que já recebi umas ofertas de emprego interessantes mas que quero ainda perceber um pouco mais disto e acabar as missões para novatos antes de me aventurar em mais descobertas. Pelo menos o potencial para grandes coisas parece estar todo lá. A maioria dos jogadores estão organizados em autênticas corporações (100% geridas através da interface do jogo, que parece brilhar ainda mais aqui) de todos os tipos e tamanhos, e com todo o tipo de valências, missões e ideais (que normalmente incluem “ganhar dinheiro” no topo, claro, eheh). Aliás, há que dizer que o sistema económico de EVE é um autêntico monstro, impossível de nos aborrecer. Isto porque, tal como na vida real, ele é essencialmente guiado pelos negócios de corporações/jogadores, leis da oferta e procura em mudança constante, e não por quaisquer critérios fixos ou previsíveis. Basicamente a minha impressão até agora é que o jogo é excelente, só me falta então olhar mais longe e começar a interagir mais com outros humanos para ver se é tão divertido assim… porque senão, para que é que raio vou jogar online e pagar a mensalidade?
Se alguém andar por lá, dêm-me um apito. Podemos fundar a nossa própria corp, tornar-nos empresários em nome individual, começar a ganhar uns trocados para comprar naves maiores e andar por aí a viver à grande a à francesa roubando subsídios ao estado e fugindo aos impostos (ah, esperem, subsídios e fuga aos impostos são as únicas coisas que o EVE não modela)! Mas pronto, podemos ao menos tornar-nos uns industriais do Norte, ou fundar um sindicato de mineiros, ou uma associação de comerciantes e/ou de transportes&logística&mudanças, ou então andar simplesmente a caçar piratas… ou a piratear as gentes honestas em sistemas longínquosa não-vigiados onde um gajo pode enriquecer tão depressa como morrer. É assim a vida na “fronteira final”!